Famílias do voo 2283 falam sobre suspensão das operações da Voepass: “É um misto de alívio e revolta”

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) anunciou a suspensão das operações aéreas da Voepass, empresa formada pela Passaredo Transportes Aéreos e pela Map Linhas Aéreas, a partir desta terça-feira (11). A decisão, tomada em caráter cautelar, permanecerá em vigor até que a empresa consiga corrigir as não conformidades relacionadas aos seus sistemas de gestão, conforme previsto nos regulamentos.

A suspensão veio após a Voepass não conseguir corrigir irregularidades identificadas pela Anac e violar as condições estabelecidas para a continuidade de suas operações dentro dos padrões de segurança exigidos. A Voepass, que atualmente opera com seis aeronaves e atende 15 localidades com voos comerciais e duas com contratos de fretamento, tem sido alvo de supervisão da Anac desde o acidente fatal ocorrido em 9 de agosto de 2024, quando um avião da empresa caiu na cidade de Vinhedo (SP), matando 62 pessoas.

Desde o acidente, a Anac implementou uma operação assistida de fiscalização nas instalações da Voepass. No entanto, a agência constatou a reincidência de irregularidades já apontadas e consideradas sanadas em ações de vigilância e fiscalização anteriores, além da falta de efetividade do plano de ações corretivas.

O Ministério de Portos e Aeroportos apoiou a decisão da Anac, afirmando que vinha acompanhando o processo há alguns meses.

Maria do Rosário de Fátima Albuquerque, mãe de uma das vítimas do acidente e representante da Associação dos familiares das vítimas do voo 2283, expressou em um vídeo um misto de alívio e revolta com a suspensão das operações da Voepass. Ela espera que a suspensão continue até que a empresa corrija suas falhas e que os responsáveis sejam apontados na esfera criminal.

“Em relação à suspensão da NAC, o que nós estamos sentindo, nós familiares e um tanto mãe, é um misto de alívio e revolta. Revolta porque nós percebemos pela própria nota que essas irregularidades já aconteciam, que era o que nós já tínhamos denunciado. E ao mesmo tempo alívio, esperamos realmente que essa suspensão perpetue até seja corrigido. É um alívio para que outras famílias não passe o que nós estamos passando hoje. Mas é devastador, é revoltante você perceber que uma aviação que carrega milhares de pessoas não tem o mínimo de segurança” disse a representante da Associação.

As famílias das vítimas do voo 2283 ainda aguardam a conclusão dos relatórios sobre as causas oficiais do acidente.

“Nossos filhos, nossos anjos queridos já foram e deixaram aqui só amor e muito sofrimento, muita saudade. Mas é isso que nós esperamos dos órgãos competentes do nosso país”.