
Bebê morre no HUOP e mãe busca justiça: “Ele não merecia estar dentro daquele caixão”
O bebê de apenas três meses morreu após passar pela UPA e ter sido internado no HU...
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Por Silmara Santos

A CGN tem acompanhado uma série de casos trágicos envolvendo o falecimento de crianças no HUOP (Hospital Universitário do Oeste do Paraná), em Cascavel, uma situação que tem causado grande preocupação e tristeza para muitas famílias. Na última segunda-feira (19), mais uma história triste foi adicionada a essa lista. Andressa Antunes Queiroz, de 22 anos, perdeu seu filho, Anthony Nadson Antunes de Lima, de apenas três meses de idade.
A equipe de reportagem da CGN foi até a residência da família, onde as coisas do bebê ainda estão no berço e a cama arrumada aguardando a chegada de Anthony. A CGN registrou o relato da mãe que está inconsolável após a perda de seu bebê.
A mãe, Andressa Antunes Queiroz, de 22 anos, compartilhou com nossa equipe detalhes dolorosos sobre a luta do seu filho contra uma doença que, segundo ela, foi agravada por negligências no atendimento.
Andressa relatou que levou Anthony ao UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Veneza duas vezes, inicialmente com sintomas de coriza e tosse, sendo orientada de que se tratava de um resfriado. Em uma segunda visita, o quadro do bebê piorou, com chiado no peito e secreções, mas mesmo assim, foi tratado como resfriado e crise de bronquiolite, sem uma investigação mais aprofundada. Ela também buscou atendimento na UPA Tancredo, onde mostrou um áudio ao médico, alertando que o filho não estava bem, mas foi informado que se tratava apenas de uma síndrome.
“A primeira vez que o Anthony foi para o UPA do Veneza foi dia 30 do mês 3. Ele estava com um pouquinho de coriza no nariz e um pouco de tosse. Eu fui no UPA, eles falaram que era um resfriado e mandaram ele embora. Dia 30 de abril, eu levei o Anthony de novo. A minha amiga Débora foi comigo, meu compadre também me levou. E o Anthony estava com bastante chiado no peito. A gente chegou lá por volta das 4 e 4 da tarde. Fomos atendidas só 11 horas da noite. Eu invadi um consultório lá no UPA do Veneza. Falei que meu neném estava ruim, que ele estava com muito chiado no peito, muita tosse, muita secreção no nariz. Eles demoraram para me atender demais. Era 4 e 4 da tarde, eles me atenderam 11 horas da noite. Eu invadi um consultório, eles chamaram o guarda do UPA para mim. O guarda não conseguiu me tirar de lá, porque eu ia invadir outro consultório. Daí, o guarda foi e chamou a assistente social. A assistente social veio, conversou comigo até que eu desci para baixo. Eu desci para baixo, era 8 e pouco da noite. Eles foram me atender 11 e pouco da noite. Me passaram inalação para o neném e me mandaram embora falando que ele só tinha um resfriado, que não era nada, que era um resfriado”.
Andressa Antunes Queiroz
A situação se agravou no dia 6 de maio, quando Anthony apresentou febre e foi internado após insistência da mãe, que exigiu exames mais detalhados, incluindo raio-X, devido à sua preocupação com a saúde do filho.
“No dia 6 o meu neném piorou, eu voltei no UPA do Veneza, o UPA do Veneza estava super lotada, não tinha nem onde sentar lá dentro. Eu peguei e voltei para o UPA da Tancredo, demorou um pouquinho, eles me atenderam, que o meu neném já estava fazendo febre. Eu exigi, falei que se eles não fizessem um raio-x no pulmão do meu neném, eu ia chamar a CGN e a polícia. Daí eles resolveram internar o meu neném e fazer o raio-x. Lá por volta de umas 9 horas da noite o médico apareceu, eu perguntei o que o meu neném tinha. Para mim ele falou que o meu neném estava com pneumonia e que se o caso dele no caso não melhorasse, a gente ia ser transferido para outra unidade de saúde. Ele foi internado. E daí nisso a gente posou lá no UPA da Tancredo, quando foi no outro dia, não me recordo o horário, mas era de manhã, a gente foi para o HU, foi transferido para o HU”.
Andressa Antunes Queiroz
Após a internação, o bebê foi transferido para o HUOP, onde permaneceu em condições precárias, sem suporte adequado, até sua triste morte.
“Chegamos lá no HU, estava com super lotação, a gente ficou lá de manhã até as 4 horas da tarde na mesma sala que a gente foi atendido, sem suporte médico, só com oxigênio. Eles falaram que não tinha onde colocar o neném e entrava e saía gente sendo atendida e eu estava com meu filho sentado numa cadeira no consultório que a gente foi atendido. Quando foi umas 4 horas da tarde eles me colocaram numa salinha do lado, daí colocaram um soro no meu neném para hidratação e continuou com aquele oxigênio de apenas 1 litro. Quando foi 5 horas da tarde eles me mandaram para aquela sala de emergência. Naquela sala de emergência eles viram que meu neném estava piorando e colocaram aquele outro oxigênio menos invasivo, só que o meu neném era bem agitado e ele não deixava. Então eles optaram por entubar meu filho lá naquela sala de emergência”.
Andressa Antunes Queiroz
Segundo relatos de Andressa, o bebê morreu de hipotermia, uma causa que ela afirma ter sido confirmada por um médico durante uma conversa na UTI. Ela descreve que, na madrugada, Anthony foi encontrado totalmente gelado, com temperatura corporal de apenas 32,2°C, e que as enfermeiras presentes estavam distraídas, mexendo no celular e rindo, enquanto o bebê apresentava sinais de agravamento.
“Por volta das 10 e pouco da noite, o meu neném estava bem gelado. Eu cobri ele. Veio uma enfermeira, eu voltei ontem na UPA, pois eu trabalho lá, veio uma enfermeira, descobriu o meu neném. Eu cobri ele de novo, a enfermeira retornou, descobriu o meu neném de novo. Eu retornei e cobri ele. Ela voltou de novo e falou, mãezinha, não é para cobrir o seu neném, pois ele vai fazer febre. Eu falei, não, meu neném não vai fazer febre, ele está com frio, ele está gelado. Nesse momento ele estava com 35.6, ele já estava hipotérmico. Isso era por volta das meia-noite. E eu já estava exausta, fazia dias que eu já estava internada com ele, eu não conseguia dormir. E eu cobri novamente ele. E nisso a enfermeira saiu brava e sentou lá, pois eu era o leito 1 da UTI, fica de frente com eles ali. Por volta das 4 e 8 da manhã, eu acordei com aquela máquina pitando, pitando, pitando, pitando. Quando eu olhei para o meu neném, ele estava totalmente descoberto, totalmente. Eu não tinha nem um pingo de coberta nele. E lá na UTI o ar-condicionado é gelado. Eles não põem roupa nos bebês, não pode, é só fraldinha e a cobertinha por cima. O meu neném estava totalmente descoberto, totalmente gelado. A temperatura do corpo dele estava em 32.2, ele já estava hipotérmico. Os batimentos do coração dele estavam em 33”.
Andressa Antunes Queiroz
Ela também denuncia que as equipes não perceberam a queda dos batimentos cardíacos do filho, que chegaram a 33 bpm, enquanto ele estava na sua frente.
“E o que me dá mais angústia é como que elas, na frente do meu filho, não viram os batimentos dele. Porque a hora que eu dormi, meu neném estava com os batimentos em 178. Como que elas não viram o coração de 178 cair para 33? Com aquela máquina pitando a todo momento, elas na frente do meu neném. Quando eu olhei para as enfermeiras, elas estavam as duas mexendo no celular e dando risada. O médico plantonista não estava onde ele devia estar e nem as outras enfermeiras. Só estavam aquelas duas. Eu gritei à enfermeira, o meu neném está morrendo, ele está congelando”.
Andressa Antunes Queiroz
A mãe expressa sua dor e indignação, acusando negligência e falta de cuidado por parte dos profissionais de saúde, além de solicitar justiça pelo que considera uma tragédia evitável.
“Quando foi 6h20 da manhã, ele falou, mãezinha, nós não conseguimos. E eu falei para ele, eu quero saber a causa da morte do meu filho. Eu quero saber a causa da morte do meu filho. Ele dizia assim para mim, que ele não sabia a causa da morte do meu filho. Eu falei, como assim você não sabe a causa da morte do meu filho? Nisso eu sentei na cama. Lá tem uma caminha do lado da cama dos neném, né? Ele põe uma cadeira do meu lado e sentou. E ele falava que não sabia. Eu levantei e fui na porta e eu estava bem disturbada. Eu queria saber a causa da morte do meu filho. E nisso tinha uma mãezinha do meu lado. Tatiele, o nome dela. Eu olhei para o doutor e falei, você quer que eu te explique a causa da morte do meu filho? Ele falou, fala, mãezinha. Eu falei, a causa da morte do meu filho foi hipotermia. Meu filho morreu de frio. Porque aquela enfermeira descobriu ele depois que eu dormi”.
Andressa Antunes Queiroz
Ela também revelou que já procurou a polícia para registrar um Boletim de Ocorrência e que participará de uma manifestação no próximo sábado(24), às 17h, em frente ao HUOP, buscando responsabilização.
“Dia 27 eu vou lá depor de novo. Porque eles alegaram lá no laudo do meu filho, que meu filho morreu por bronquiolite. Pneumonia. E um problema no coração. Eu tenho a carteirinha do meu nenê. Tenho teste do coraçãozinho, tenho teste da orelhinha. Meu nenê não tinha nada no coração. Lá eles inventaram que meu nenê estava com um buraco no coração. Mas falaram para mim que aquele buraco não justificava em nada. Foi uma negligência. Foi uma negligência. E agora eles querem falar que meu filho morreu por isso, por aquilo, por aquilo. E ele não morreu por isso. O médico falou para mim que meu nenê morreu por a hipotermia”.
Andressa Antunes Queiroz
A CGN deixa o espaço aberto para que o HUOP se manifeste sobre o caso.
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