Quem são os alvos da Operação Quadro Negro em Cascavel e o que diz a delação?
Ex-diretor da secretaria de Educação detalhou acordos para pagamento de propina envolvendo empresários da cidade... ...
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Por Mariana Lioto
A nova fase da Operação Quadro Negro teve mandados de busca e apreensão cumpridos ontem (7) contra a residência de três alvos em Cascavel. O cumprimento foi feito pelo Gaeco com objetivo de localizar provas das irregularidades em obras da educação que são investigadas.
Os alvos em Cascavel foram o apartamento de Vanderli Antonio da Silva, proprietário da empresa VVS Construções Ltda, no Centro; a casa de Plinio Guimarães Bandeira, proprietário da empresa Projeto Novo Ltda, no Country e a residência de Marco Antonio Guilherme, dono da construtora Guilherme, no Centro.
As equipes do Gaeco buscavam nos imóveis eventuais documentos, anotações, cartas, agendas, contratos, comprovantes de pagamentos, depósitos e saques, extratos bancários e de aplicações financeiras e prestações de contas. Equipamentos digitais como smartphones, tablets, pendrives, computadores capazes de demonstrar o vínculo dos empresários com o grupo criminoso investigado, também seriam apreendidos. O Gaeco ainda não divulgou o resultado das buscas nos imóveis de Cascavel.
O juiz do caso autorizou ainda que se os investigados não estivessem em casa no momento do cumprimento seja feita a busca pessoal em outros locais para apreensão dos aparelhos de telefone.
Delação
Os cerca de 30 mandados de busca cumpridos são resultado das informações prestadas na delação de Mauricio Jandoi Fanini Antonio, que foi diretor da Secretaria Estadual de Educação do Paraná, entre os anos de 2012 e 2014.
O delator disse que recebeu propina dos empresários, especialmente para a aprovação de aditivos nos contratos. Nos trechos abaixo o delator é chamado de “colaborador”
Vanderli Antonio da Silva – VVS Construções Ltda
Sobre o empresário Vanderli Antonio da Silva, que mora em Cascavel, o delator disse que recebeu dinheiro de propina decorrente de aditivos aprovados.
O delator disse que:
“Conheceu o empresário Vanderli, porquanto ele já tinha obras outras com o Estado; que conversou com o empresário acerca do pagamento de aditivos e adiantamento de valores para o grupo, o que foi aceito por Vanderli; que seus encontros foram registrados em sua agenda; que recebeu aproximadamente R$150.000,00 em função dos aditivos, em meados de 2012; […]; que firmaram contratos novos com Vanderli; […] que a fraude consistia na aprovação de aditivos;[…] que os valores pagos referentes às propinas foram oriundos dos aditivos firmados na obra de Douradina e na obra de Geraldina da Mota; que as obras foram concluídas; que parte dos valores pagos nos aditivos eram repassados para o colaborador; que o empresário deixava o dinheiro no banheiro de seu gabinete; que eles aproveitaram os problemas de drenagem existentes nas obras e adicionaram os aditivos; […].”
Ainda, conforme pontuado pelo Ministério Público, consta na agenda do delator que ele se encontrara com o “VANDERLI – V.V.S.”, “VVS VANDERLI”, “VANDERLI VVS”, “VANDERLY – VVS”, “VANDERLI” e “VVS”, diversas vezes.3
Um dos aditivos, da obra de Campo Largo tinha valor de R$ 2.903 milhões teve aditivo de R$ 401 mil, passando a 3,304 milhões.
Plinio Guimarães Bandeira – proprietário da empresa Projeto Novo Ltda
No caso do empresário Plínio, a delação apontou ligação dele com a empresa Êxito e um acerto de R$ 120 mil em propina
O delator disse que:
“Que recebeu a visita de Christian Moretti junto com Plínio Bandeira e que Christian é proprietário da “ÊXITO” e que Plínio é proprietário da “PROJETO NOVO”; que eles tinham conseguido dois projetos com o Estado, CEEP de Terra Roxa (“PROJETO NOVO”) e CEEP de Assaí (“ÊXITO”); […]; que a “ÊXITO” começou a obra e o colaborador chamou Christian Moretti para uma conversa e disse “olha, dá pra gente fazer alguma coisa, tratar no aditivo” e que acertaram um valor de R$120.000,00 em propina, que foram pagos parceladamente; que o aditivo foi aprovado; […]; que foi repassado o dinheiro em relação ao CEEP Assaí por meio de aditivo que, em parte, era fraudulento; que os pagamentos foram realizados no banheiro de seu gabinete e eram entregues por Christian, que às vezes ia com o Plínio; que Plínio e Christian andavam sempre juntos; que cada um deles efetuava o pagamento de suas partes da propina; que a fraude era feita por meio do aditivo; que os encontros realizados foram registrados em sua agenda […]”.
A Êxito fez uma obra em Assaí que recebeu um aditivo de R$ 1,370 milhões.
Marco Antonio Guilherme – Construtora Guilherme
Marco Antonio Guilherme é acusado de um acordo para pagar R$ 400 mil em propina
“[…]Que Marco Guilherme tinha ganhado uma obra no CEEP cascavel […] e que Marco acordou que pagaria R$400.000,00 em cima de um aditivo; […]; que para que os aditivos fossem aprovados, Marco entregou ao colaborador a quantia de R$50.000,00; que ficou acordado de que Sergio Takaki seria o responsável por promover o restante do pagamento; que Sergio Takaki era o fiscal dessa obra; que Sergio Takaki entregou a ele a quantia de R$50.000,00; […] que, no total, foram pagos R$100.000,00 ao colaborador e que os aditivos foram pagos à empresa; […] que o dinheiro era entregue em dinheiro, no banheiro de seu gabinete; que as datas das entregas dos valores estão anotadas em sua agenda.”
A apuração mostrou que a empresa foi responsável por uma obra do Ceep em Francisco Beltrão no valor de R$ 9,473 milhões.
Ainda, conforme pontuado pelo Ministério Público, consta na agenda do colaborador que ele se encontrara com o “CONSTRUTORA GUILHERME – MARCOS” e “MARCO GUILHERME” por diversas vezes.
Hoje outros mandados estão sendo cumpridos, também com alvos em Cascavel, mas cujos nomes ainda não foram revelados.
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