Propina de empresários de Cascavel foi paga em banheiro, diz delação
Valores pagos pelas duas empresas alvo de operação hoje chegariam a R$ 285 mil......
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Por Mariana Lioto
A CGN teve acesso aos trechos da delação feita pelo ex-diretor da Secretaria Estadual de Educação do Paraná, Mauricio Jandoi Fanini Antonio, que levaram ao cumprimento de mandados de busca e apreensão em duas empresas de Cascavel. Segundo a delação, a Largo Engenharia e Construção Civil Ltda e a Xerri e Noal Ltda pagaram propina para ter aditivo em obras de escolas. Em ambos os casos, o dinheiro ilícito teria sido pago em banheiro.
Pela Largo Engenharia e Construção Civil Ltda foram alvos as residências de João Roberto Largo, no Country e Luis Fernando Menegatti, no Centro, proprietários da empresa.
O delator disse que conheceu Roberto quando ele recorreu em uma licitação, parando o certame. Ele então teria chamado Roberto para conversar e falou “estamos começando o Governo, vai ter mais coisas, vai ter mais obras, tira esse recurso aí, não tem sentido você ficar com isso aí, embaçando tudo, precisamos reformar essas escolas”. Roberto desistiu do recurso e houve aditivo em obras de uma ou duas escolas. O valor da propina teria sido de R$ 250 mil.
“As propinas foram pagas através do João Roberto e do sócio dele, Luís Fernando; que as entregas dos valores eram efetuadas por ambos os sócios da LARGO”; […]; que os valores foram recebidos em diversas vezes, no interior do banheiro de seu gabinete”, diz a delação.
A empresa foi contratada para reformar o Colégio Estadual Senador Attilio Fontana, em Toledo, no valor de R$ 408 mil que recebeu um aditivo elevando o valor da obra para R$ 591 mil. Outra obra para construir uma escola em Cantagalo, tinha valor de R$ 3,755 milhões e recebeu aditivo de R$ 801 mil. Nesta última obra, há indícios de R$ 683 mil em itens que não teriam sido executados.
O delator disse que o primeiro contato com Roberto ocorrera no final do ano de 2011, quando ele pediu para que Roberto tirasse o recurso interposto. Depois, quando a Largo ganhou a licitação, ele os chamou para conversar e disse que “agora queria conversar diferente” e que ele ofereceu a vantagem indevida. A proposta foi prontamente aceita pelos empresários, segundo Fanini. Parte do aditivo tinha serviços a serem efetuados e parte do valor era destinado ao pagamento de propina. Segundo o delator, o contrato de Cantagalo foi o que teve o aditivo maior e era fraudulento. Já no Colégio Attílio Fontana teve um aditivo com o pagamento de propina, que envolvia o adiantamento de faturas para a empresa “Largo”. As obras foram concluídas sem fiscalização.
Xerri e Noal
A busca referente a empresa Xerri e Noal Ltda foi feita no apartamento de Anna Fernandes Xerri, no Centro de Cascavel.
O delator disse que pediu propina para aprovação de aditivo necessário para a realização de obras faltantes. O aditivo teria sido acordado em R$ 35 mil.
“Constou no aditivo parte de serviços que não foram executados, como forma de se obter uma “gordura” no contrato; que o valor foi pago por Anna, em uma única parcela, no banheiro do gabinete do colaborador;[…] que o pagamento foi realizado quando da aprovação do aditivo; […] que a empresa é da região de Cascavel;[…].”, diz trecho da delação.
Ademais, consta na agenda do delator que ele se encontrara com o “ANA XERRY”, “XERRY”, “ANA XERRY NOAL” e “ANAXERRY – NOAL”, por diversas vezes.
A empresa foi responsável pela obra de reforma do Colégio Estadual Olinda Truffa de Carvalho, em 2012, no valor de R$ 1,276 milhão.
Mandados
O objetivo dos mandados era encontrar documentos, computadores e celulares que possam conter provas do envolvimento dos acusados nos ilícitos citados na delação. Todo o material foi encaminhado para Curitiba para análise.
Outras delações
Ontem outros três empresários foram alvo da ação em Cascavel. O apartamento de Vanderli Antonio da Silva, proprietário da empresa VVS Construções Ltda, no Centro; a casa de Plinio Guimarães Bandeira, proprietário da empresa Projeto Novo Ltda, no Country e a residência de Marco Antonio Guilherme, dono da construtora Guilherme, no Centro.
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