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Imagem referente a Exposição traz fotos de Evandro Teixeira sobre golpe militar no Chile
© Tânia Rêgo/Agência Brasil

Exposição traz fotos de Evandro Teixeira sobre golpe militar no Chile

Copa do Mundo de 1962, protestos de 1968. golpe militar no Brasil e no Chile e massacre de Jonestown em 1978. Pelas lentes do fotógrafo Evandro Teixeira, foram......

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Por CGN

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Imagem referente a Exposição traz fotos de Evandro Teixeira sobre golpe militar no Chile
© Tânia Rêgo/Agência Brasil

Copa do Mundo de 1962, protestos de 1968. golpe militar no Brasil e no Chile e massacre de Jonestown em 1978. Pelas lentes do fotógrafo Evandro Teixeira, foram registrados acontecimentos históricos do século XX. As imagens em preto e branco viraram documentos, que ajudam a acessar fragmentos do passado. Parte desse trabalho está em exibição no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Rio de Janeiro, a partir de desta quarta-feira (30).

A mostra também propõe um diálogo entre as ditaduras chilena e brasileira. O público poderá observar imagens dos comícios liderados pelo presidente João Goulart, das movimentações de tropas durante o golpe militar de 1964, além das ações de repressão feitas por agentes do Estado contra opositores do regime. Estão disponíveis trechos de filmes como Brasil, Relato de uma Tortura, de Haskell Wexler e Saul Landau, e Setembro Chileno, de Bruno Moet. Livros, crachás de imprensa, máquinas fotográficas e outros objetos ajudam a contar um pouco da trajetória profissional de Evandro nas últimas décadas.

“Eu fiquei emocionado ao rever essas imagens que não são muito conhecidas no Brasil ainda. Está sendo uma felicidade e um reconhecimento ter essa exposição aqui no CCBB, com toda essa receptividade, e espero que as pessoas aproveitem. Andando aqui pela exposição com amigos, eu só não chorei, porque já tinha chorado antes. Foi lindo, lindo”, disse o fotógrafo Evandro Teixeira. 

“O Evandro construiu uma carreira de quase seis décadas, a maior parte dentro de um veículo importante como o Jornal do Brasil, e é um fotógrafo excepcional, sempre muito versátil. Ele tem como marca essa capacidade de mostrar interesse e empatia pelas pessoas, e de compreender as contradições da sociedade como impasses que precisam ser superados. Tem uma compreensão de que as próprias imagens são também ferramentas de comunicação e de transformação”, analisa Sergio Burgi, curador da exposição e coordenador de fotografia do Instituto Moreira Salles. 

Exposição Evandro Teixeira. Chile, 1973, no CCBB. Além dos registros feitos no Chile, a exposição traz imagens produzidas por Evandro durante a ditadura civil-militar brasileira – Tânia Rêgo/Agência Brasil

“Era tudo muito tenso, você tinha que ter cuidado lá para não ser morto. Tudo era censurado. Eu consegui mandar só uma foto nesse período, quando eles deram uma bobeada, e depois mais nada. Uma que mostrava os prisioneiros no porão do Estádio Nacional”, relembra Evandro.

Na época, a imprensa foi levada pelos próprios militares ao Estádio Nacional do Chile, que pretendiam negar as acusações de que o regime estava torturando e matando opositores. Evandro conhecia bem o estádio, já que cobrira lá a Copa do Mundo de 1962. Ele driblou a vigilância dos soldados e registrou o porão onde estudantes eram encarcerados com violência. A imagem foi revelada rapidamente em um laboratório improvisado no banheiro do hotel e transmitida para o Brasil por um aparelho de telefoto.

Outro registro marcante foi o da morte de Pablo Neruda. O fotógrafo entrou no hospital onde estava o corpo do poeta por uma porta lateral, sem ser notado pelos seguranças. Encontrou Neruda sendo velado em uma maca no corredor pela viúva Matilde Urrutia. Depois, com a permissão da família, acompanhou todos os passos do velório na residência do casal e o enterro no Cemitério Geral de Santiago. O itinerário aparece em diferentes imagens da exposição.

Fotógrafo entrou no hospital onde estava Pablo Neruda por uma porta lateral – Tânia Rêgo/Agência Brasil

“Foi uma questão de sorte, porque ela tem que estar ao seu lado. Não basta apenas ser um bom fotógrafo. Consegui entrar lá, com muito medo e frio na barriga. Se eu fosse pego, eu estava morto. Mas nada aconteceu e consegui falar com a viúva do Neruda e fazer a foto dele”, disse Evandro.

Outras fotografias marcantes do período são as que mostram o prédio da Universidad Técnica del Estado bombardeado, local onde trabalhou o músico e professor Víctor Jara, uma das vítimas mais conhecidas da ditadura militar. E a imagem das covas abertas para o enterro de trabalhadores assassinados pelo regime em Santiago. 

Conexões com o Brasil 

Dificilmente alguém nunca se deparou com uma foto de Evandro Teixeira ao ler sobre a ditadura militar brasileira. É dele a imagem da tomada do Forte de Copacabana, no dia 1 de abril de 1964, que mostra as silhuetas de soldados em meio a uma chuva torrencial. Símbolo dos anos difíceis que o país atravessaria sob governos autoritários. E a fotografia, ainda mais conhecida, de um estudante caindo no chão, enquanto dois policiais se preparam para atacá-lo, em meio às manifestações contra a ditadura no dia 21 de junho de 1968.

Serviço 

Exposição: Evandro Teixeira, Chile, 1973 

Data: de 30 de agosto até 13 de novembro de 2023 

Funcionamento: de quarta a domingo, das 9h às 20h. Fechado às terças-feiras 

Local: Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro 

Endereço: Rua Primeiro de Março, 66 – Centro 

Informações: (21) 3808.2020 – [email protected] 

Classificação indicativa: 14 anos 

Entrada: gratuita, com ingressos disponíveis na bilheteria física ou pelo site do CCBB 

Fonte: Agência Brasil

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