Sem coroa, mas entre acenos e figuração, Renato Silva exerceu papel de “Rainha da Inglaterra”

O prefeito Leonaldo Paranhos esteve em viagem representando os municípios do Paraná na Expo Dubai 2020, considerado o maior evento mundial desde o início da pandemia. Paranhos integrou a comitiva do Estado e foi com o objetivo de apresentar as potencialidades de Cascavel buscando parcerias e investimentos para o município.

No dia 5 de outubro uma solenidade foi realizada na prefeitura de Cascavel e marcou a transmissão do cargo de Paranhos para o vice Renato, que se tornou prefeito interino até o dia 23 de outubro.

Durante os dias da viagem de Paranhos, Renato passou a responder pelos assuntos importantes da cidade devendo tomar decisões relevantes para o bom andamento da máquina pública.

Sempre atrás do prefeito, Renato Silva pouco apareceu nas campanhas, na mídia e quase nunca se pronunciou publicamente, fazendo com que a população quase esquecesse que junto ao Paranhos também estava elegendo um vice.

Voltando um pouco na história do município, vale lembrar que não é a primeira vez que Renato Silva assume a liderança de Cascavel. Entre os anos de 1983 a 1988, Renato foi vereador no município sendo que em 1987 assumiu a presidência da Câmara e em 1988, por sete dias, o empresário assumiu a cadeira do então prefeito, Fidelcino Tolentino.

Em 2004 Renato Silva bem que tentou e saiu como candidato a prefeito de Cascavel, tendo como vice o advogado Ernani Pudell. A candidatura não foi bem recebida pelos cascavelenses e o empresário perdeu a disputa para o Dr. Lísias Tomé, com 16,19% das intenções de votos no primeiro turno.

Fato é que como atual vice-prefeito da cidade, Renato Silva tem mostrado o real objetivo da função, no entanto, nesse período como prefeito interino, pôde-se observar o bom desempenho se comparado a algumas atribuições da Rainha da Inglaterra, Elisabeth II, que pouco interfere na política britânica.

Entre acenos e figurações a rainha sempre passa pelo acontecimento com a discrição que lhe é peculiar, marca presença, dá tchauzinho e sorri. Claro que no caso da rainha, a soberana ocupa funções constitucionais significativas e cumpre centenas de atividades oficiais durante o ano, sendo a monarca britânica mais longeva da história a exercer um papel importante, embora apenas simbólico.

Teoricamente, ela tem poder para dissolver o Parlamento e designar um novo primeiro-ministro, mas esta e outras atribuições são apenas teóricas. Até mesmo na inauguração da sessão parlamentar todos os anos, em uma cerimônia majestosa, com sua coroa e vestida de branco, Elisabeth II se limita a ler um discurso preparado pelo premier, mas sempre agradando os súditos e recebendo grande aprovação dos britânicos.

Já no caso de Renato Silva, os dias como prefeito interino não foram tão gloriosos e majestosos como os da “Bebeth”. Em meio a chuvas de reclamações diárias de UPAs lotadas, horas de espera para atendimento, pontos de alagamentos na cidade, falta de água em escolas municipais e superlotação no transporte coletivo, o prefeito interino cumpriu de fato com o que havia prometido ao ser empossado: “que havia muitos projetos e que todos continuariam andando na ausência de Paranhos”.

Se limitando a sua fala, Renato Silva esteve presente em uma ou outra inauguração, assinou homologação para licitação de obras, participou da distribuição de doces para crianças e até da entrega de kits de robótica para o Núcleo Regional de Educação, em uma cerimônia realizada dentro de sua própria instituição de ensino.

Com o retorno de Paranhos, Renato Silva volta ao seu posto de vice-prefeito e retoma o desenvolvimento de suas atividades junto ao município, mais figurativas e que como a Rainha, pouco interferem na política cascavelense.

Claro que o papel de figurante também não é fácil, ainda mais sem a coroa, elegância e sagacidade da rainha, arrancar aplausos dos súditos fica ainda mais complicado.