Quem eram Jhullie e Marcelo? Os sonhos interrompidos do casal que morreu na BR-277

Quem vê as fotos de Marcelo Emanuel Elger, com o cabelo comprido, alargador na orelha e o frequente colete de motociclista poderia até se enganar que ele fazia o tipo ‘malvadão’. Não era assim. O jovem de 23 anos era super família, adorava cachorros (tinham três!) e era tio exemplar. Sabe o primeiro a chegar na maternidade para conhecer o sobrinho e aquele que topa todas as brincadeiras? Ele era assim.

Já Jhullie Alison Casagrande parece uma adolescente nas fotos. A família no entanto sabe que a jovem de 20 anos foi uma garota que amadureceu muito rápido, sempre foi o braço direito da mãe e era muito responsável. Adorava cozinhar e era caprichosa com a casa. A carteira de motorista que tanto sonhava tinha sido uma conquista recente, algo que ela sempre sonhou em ter.

Marcelo e Jhullie morreram no último sábado (11) em um grave acidente na BR-277. A moto onde eles estavam bateu de frente que com um carro que ultrapassava um caminhão em local proibido. Eles não tiveram chance de socorro. Passados alguns dias da tragédia a CGN conversou com as famílias. O objetivo é homenagear e conhecer um pouco mais sobre estas vidas que foram interrompidas. Eram vidas, eram histórias.

O casal estava junto há cerca de quatro anos. Todos eram unânimes que nos últimos tempos a vida deles tudo estava dando certo. Tinha engrenado. Marcelo trabalhava na Mascarello e adorava o emprego. Ele estava apredendo muito de elétrica e montagem de ar-condicionado, se capacitando e sonhava em no futuro ter o próprio negócio. Jhullie também trabalhava, na Comil, e pouco a pouco eles estavam conseguindo mobiliar a casa para ter mais conforto. Eles ainda pagavam aluguel e moravam no Universitário.

O casal se conheceu quando os dois estudavam no Ceep, fazendo cursos técnicos. A impressão é que foi paixão à primeira vista. Em pouco tempo o namoro ficou sério e os dois faziam tudo juntos. Deus fez um para o outro.

A paixão do casal por crianças é um capítulo a parte. Jhullie tem um irmão de 6 anos, e sempre o acompanhava para fazer as tarefas. Eles também eram muito presentes na vida dos dois sobrinhos. As fotos mostram o casal sempre com os pequenos da família. Eles estavam estruturando a vida e todos davam como certo que no futuro a família estaria completa que os filhos deles. Era questão de tempo.

A moto era uma paixão de ambos. Marcelo participava de um motoclube e tinha uma Intruder 125cc azulzinha que ele cuidava com muito carinho. Vivia montando e desmontando a moto, adaptando peças. Ele era muito criativo. Mesmo sabendo dos riscos de andar de moto, a família nunca imaginou que algo tão grave pudesse acontecer pois sabiam que os dois eram bastante responsáveis e concientes no trânsito. No sábado eles tinham jantado na casa dos pais de Marcelo. Foi mais um dos encontros par acomer uma carninha, como eles adoravam fazer. Nste encontros, Marcelo era o cara que adorava relembrar todas as histórias de família. Era um cara disposto, otimista que jamais estava triste.

Do jantar no Santos Dumont e seguiam para casa pela rodovia quando os sonhos foram interrompidos. A colisão foi de frente com um carro que fazia ultrapassagem em local proibido. O motorista chegou a ser preso, mas foi liberado depois de três dias.

“Queremos reunir o maior número de pessoas possível para lembrar que não foi um acidente qualquer. O motorista confessou que bebeu. Ele não vai sentir a mesma dor que estavamos sentindo mas queremos que ele fique preso para pensar no que fez”, comenta o único irmão de Marcelo, Luiz, também em nome dos pais Edemar e Sandra Mara.

“Ele matou dois. Ele assumiu o risco de matar pela forma que dirigiu”, confirma a mãe de Jhullie, Juliana Ribeiro Casagrande.

No próximo domingo, a memória do casal que partiu tão jovem será lembrada pela família e amigos que não puderam se despedir. Uma carreata pedindo por justiça será realizada. Grupos de motociclistas também devem participar e todas as pessoas que se sentiram comovido pela história são convidados. A concentração será 9h30, em frente a prefeitura.