
Instituto cria técnicas inovadoras de prevenção e combate ao fogo
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), cinco soluções inteligentes e acessíveis para o combate ao fogo. As tecnologias de baixo custo surgem como resposta......

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Por CGN
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Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), cinco soluções inteligentes e acessíveis para o combate ao fogo. As tecnologias de baixo custo surgem como resposta ao desafio das queimadas, que bateram recordes no ano passado.
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Oda Scatolini/Divulgação
O diretor executivo do Instituto Invento, Oda Scatolini, explica que o diferencial da metodologia é que os usuários ou beneficiários das tecnologias são protagonistas no projeto.
Scatolini.
O Instituto Invento faz parte de uma rede internacional chamada IDIN (International Development Innovation Network), vinculada ao MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), que apoia uma rede global de inovadores para projetar, desenvolver e disseminar tecnologias de baixo custo para reduzir a pobreza.
Oda Scatolini/Divulgação
Fogo de turfa
Um dos beneficiários da iniciativa no Distrito Federal foi o agricultor Robemario Ribeiro de Souza, morador de Planaltina, que teve sua propriedade totalmente queimada em 2024. Ele faz parte de uma comunidade que sustenta a agricultura (CSA), modelo de agricultura comunitária que visa apoiar a produção local e sustentável. “Assim que aconteceu o fogo, deu aquele desânimo, vontade de largar tudo, ir embora. Perdemos depósito, material, ferramentas, tubulação, plantios… Nós ficamos em estado de calamidade, a coisa foi feia mesmo”, conta.
Durante o encontro, Robemario ajudou a desenvolver uma máquina que, acoplada a uma roçadeira comercial, cava valas de maneira muito mais fácil e eficiente. O acessório auxilia no combate ao chamado fogo de turfa, um incêndio subterrâneo difícil de controlar.
“O incêndio subterrâneo acontece principalmente em áreas de vereda ou campos úmidos, que têm um solo com muita matéria orgânica, que se chama turfa. Às vezes apagamos o incêndio em um ponto e ele ressurge em outro ponto distante, porque ele vai queimando pelo subterrâneo essa matéria orgânica. E a única forma de combate desse incêndio subterrâneo é cavando valas”, explica Scatolini.
Oda Scatolini/Divulgação
Bombas costais elétricas
Caroline Dantas é coordenadora de Manejo Integrado do Fogo do Instituto Cafuringa e também participou do evento. Ela é moradora do Lago Oeste, região conhecida como a última fronteira verde do DF, com chapadas, matas e campos, nascentes, rios e ribeirões, corredeiras e cachoeiras. Ela, que é brigadista voluntária, tem uma longa história de combate ao fogo.
“Em 2019, a gente se mobilizou para combater um incêndio e sofremos um acidente. O meu companheiro, que teve 40% do corpo queimado, ficou internado e foi uma situação gravíssima de saúde. A partir daí surgiu a ideia de montar a Brigada Guardiões da Cafuringa”, conta.
O Instituto Cafuringa é uma organização da sociedade civil (OSC) que apoia a criação e manutenção de brigadas voluntárias focadas no manejo integrado do fogo (MIF). “Hoje nós somos cinco brigadas, todas elas compostas de voluntários, pessoas que às vezes estão no terceiro ou quarto turno, trabalhando em prol do meio ambiente, nesse trabalho infinito”, relata.
Caroline explica que as bombas costais tradicionais, espécie de mochila com capacidade para cerca de 20 litros de água, são bombas mecânicas, acionadas manualmente, para o combate ao fogo.
“É uma bomba mecânica que dispersa a água num volume difícil de controlar, então desperdiça bastante água. E a água dentro do combate é um recurso extremamente caro, porque ela custa muita energia do brigadista que vai se deslocar às vezes dois, três, quatro quilômetros para voltar e recarregar essa bomba.”
Como alternativa a esse desafio, Caroline participou do grupo que desenvolveu uma bomba elétrica com bateria recarregável que permite controlar melhor o fluxo de água, a distância e a dispersão da água.
“Diminui o cansaço do brigadista e o preço para quase um décimo do valor que custa a bomba costal hoje. E toda a equipe abriu mão da patente, daquele trabalho que foi feito coletivamente”, afirma.
Segundo Scatolini, os participantes utilizaram dois modelos de bomba e fizeram alguns experimentos. “Usaram uma bomba de tirar água de porão de barco, que é uma bomba de menos de R$ 200, de alta vazão e baixa pressão. Então ela serve para encher recipientes de forma rápida. E uma outra bomba de alta pressão e baixa vazão, também de 12 volts, que eles conseguiram acoplar numa bomba costal, que também foi desenvolvida no encontro e também custa menos de R$ 200”.
das tecnologias de baixo custo para o combate ao fogo
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“A gente vem desde então proporcionando essas oficinas, pensando junto com as comunidades, para trabalhar essas soluções em termos de inovação. Um dos territórios que a gente trabalha pegou fogo, só não pegou na casa do agricultor”, conta, referindo-se à propriedade de Robemario. “E ali a gente identificou um dos desafios grandes, que eles lidam praticamente todos os anos, de tentar conter os grandes incêndios que tomam conta da produção.”
A partir desses desafios, surgiu mais uma das tecnologias de baixo custo: o travesseiro de água. Scatolini explica que são reservatórios para armazenamento e transporte de água, inspirados em tanques chamados pillow tanks, que existem no exterior, mas são muito caros.
“Foram feitos alguns experimentos aqui para produzir esses bolsões. Utilizaram diferentes tipos de lona, de cola, para tentar fazer com baixo custo. E desse grupo saíram três modelos: um modelo menor, que dá para ser transportado num carrinho de mão; outro que pode ser adaptado como uma bomba costal de baixo curso, porque tem bombas costais de lona no mercado, mas o bombeamento dela é manual e elas custam R$ 1,6 mil, R$ 1,8 mil cada uma; e também um pilotante do tamanho de uma caçamba de uma caminhonete, que serve para o transporte de água para lugares remotos”, detalha.
Experimento de sensoriamento em solo em tempo real – Foto: Oda Scatolini/Divulgação
Sensoriamento de solo
A quarta tecnologia cocriada pelos participantes foi um sistema de sensoriamento em solo em tempo real, que permite monitorar a temperatura e a umidade do ar, fumaça, velocidade e direção do vento, por exemplo.
desde uma sirene como um alarme indicando que tem fumaça ou que a temperatura subiu, até enviar uma mensagem em SMS para um telefone cadastrado, fazer uma ligação ou até mesmo enviar dados via internet, por exemplo. Os dispositivos podem ainda disparar, por exemplo, aspersores e bombas d’água, automaticamente, quando é detectada alguma alteração em parâmetros que têm relevância em relação ao fogo”, explica Scatolini.
Sandro Raphael Borges
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Apesar do incêndio devastador do ano passado, Robemario conta que conseguiu se erguer. “Estamos com novos plantios, de mirtilo e de açaí, além dos tubérculos, frutas e legumes. Então está andando, graças a Deus”, comemora.
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“Estamos buscando recursos para seguir realizando esses encontros de cocriação e poder aprimorar esses protótipos para que eles cheguem no estágio de produtos replicáveis. Que eles possam ser feitos dentro de uma fábrica comunitária, por exemplo, para que jovens possam produzir esses equipamentos e disseminar o conhecimento”, afirma.
Fonte: Agência Brasil
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