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Imagem referente a Terreiro repudia despachos realizados de maneira desordenada mas critica intolerância seletiva

Terreiro repudia despachos realizados de maneira desordenada mas critica intolerância seletiva

O Terreiro de Umbanda relatou que não há denúncias do mesmo nível contra igrejas que produzem som alto ou reclamações por cultos e missas em espaços públicos ...

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Por Fábio Wronski

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Imagem referente a Terreiro repudia despachos realizados de maneira desordenada mas critica intolerância seletiva

Na manhã desta quarta-feira (26), a CGN publicou um fato registrado entre os Bairros Centro e Country Cascavel, quando moradores encontraram uma galinha morta na calçada. A oferenda, também composta por dinheiro, pinga e outros objetos, foi realizada no cruzamento das Ruas Londrina e Riachuelo.

A matéria teve grande repercussão, sendo que o Terreiro de Umbanda Tenda Ogum de Lei e Templo de Quimbanda Domínio do Exu Tranca Ruas e Maria Mulambo encaminhou uma nota sobre o caso.

No texto, o Terreiro relatou que o despacho não teria sido realizado por nenhum dos membros do templo, também repudiando os despachos realizados de maneira desordenada em vias públicas. Entretanto, através dos ataques sofridos nas redes sociais, o templo afirmou que em Cascavel existe uma intolerância religiosa seletiva de alguns contra as religiões afro-brasileiras.

Veja a nota completa:

O Terreiro de Umbanda Tenda Ogum de Lei e Templo de Quimbanda Domínio do Exu Tranca Ruas e Maria Mulambo vem a público manifestar-se diante da repercussão sobre uma oferenda deixada em via pública nesta quarta-feira (26). Nossa intenção é esclarecer os fatos e, principalmente, combater a onda de ataques e discursos de intolerância religiosa que se intensificaram nas últimas horas.

Não compactuamos com despachos realizados de maneira desordenada em vias públicas. Assim como qualquer outra prática religiosa, há formas adequadas de exercer nossos ritos, e situações isoladas não podem ser utilizadas para generalizar e atacar toda uma tradição espiritual.

Se há incômodo com essas práticas, a solução é o diálogo e a criação de espaços apropriados para que os rituais possam ser realizados de forma respeitosa e organizada, como já acontece em diversas cidades desenvolvidas do Brasil, onde há parcerias entre prefeituras e comunidades de terreiro para manter áreas limpas e preservadas após as oferendas. O despacho encontrado nas ruas de Cascavel não foi realizado por nenhum membro do nosso terreiro.

Nosso terreiro é composto por famílias, trabalhadores, estudantes e cidadãos que contribuem ativamente para o município de Cascavel. Pagamos impostos, movimentamos a economia local e realizamos ações sociais, pois a caridade é um dos pilares que move a Umbanda. Durante anos, mantivemos nossas portas abertas para visitações e diálogos com a sociedade, mas até hoje nenhum representante público se dispôs a nos conhecer e compreender nossa fé de perto.

Infelizmente, a intolerância contra as religiões afro-brasileiras se manifesta de forma seletiva. Quantas igrejas são notificadas por utilizarem som alto em cultos? Quantos eventos cristãos que utilizam espaços públicos são censurados? A polícia é chamada quando os tambores de um terreiro tocam, mas não quando caixas de som ecoam em celebrações de outras religiões. Esse tipo de desigualdade apenas reforça que o problema não é o incômodo, mas sim o preconceito. E ressaltamos: somos e seremos sempre favoráveis ao direito das igrejas de exercerem suas atividades. Buscamos, apenas, a mesma liberdade.

O Brasil é um Estado laico, o que significa que nenhuma religião deve ser favorecida ou discriminada. A liberdade de crença é um direito fundamental, assegurado pela Constituição Federal de 1988, no artigo 5º, inciso VI, que garante a todos os cidadãos a liberdade de consciência e de culto. Além disso, a Lei nº 9.459/1997 tipifica a intolerância religiosa como crime, reforçando que nenhuma prática de fé deve ser alvo de discriminação ou perseguição.

As religiões de matriz africana, como a Umbanda e a Quimbanda, enfrentam preconceitos desde sua origem no país. Durante séculos, nossos ancestrais foram impedidos de praticar sua fé e assassinados por pessoas que se diziam representar e fazer o bem. Esse ódio à cultura afrodescendente não pode continuar se propagando em um município dentro de um país que foi erguido pelo sangue dos povos africanos.

Estamos cansados de ser perseguidos e silenciados. Cascavel é reconhecida como uma das melhores cidades para se viver no Paraná, mas quando o assunto é diversidade religiosa e cultural, seguimos na contramão do progresso. Crianças e adolescentes do nosso terreiro foram hostilizados por adultos simplesmente por praticarem sua fé. Isso é inaceitável e não será mais tolerado.

Não pedimos privilégios, apenas respeito e condições dignas para exercer nossa fé. Queremos ser ouvidos, queremos que nossos direitos sejam garantidos e que a cidade avance na criação de políticas públicas que contemplem todas as crenças.

O preconceito e a intolerância não podem ter espaço em uma sociedade que se diz civilizada. Nossa fé não prega o mal ou a adoração a seres demoníacos. Pregamos a evolução, a auto responsabilidade, o amor ao próximo e natureza. Se um cidadão não gosta da nossa crença, ele pode ficar tranquilo. Diferente de como outras religiões já agiram, nós não obrigamos ninguém a nos seguir. Somos, acima de tudo, um culto livre.

Mas não iremos aceitar que pensamentos ignorantes que mataram os escravizados continuem nos silenciando.

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