Deputado mais ‘gastão’ do Paraná: quase meio milhão em privilégios e luxos
O valor impressiona e gera uma reflexão inevitável: será que vale a pena pagar essa conta? Mais ainda, os quase meio milhão de reais investidos em despesas particulares e luxos retornam ao contribuinte de alguma forma?...
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Por Redação CGN
CGN Curitiba – Em 2024, o deputado estadual Matheus Vermelho, do Paraná, gastou R$ 486.839,41 em verbas de ressarcimento, tornando-se o parlamentar que mais utilizou esse recurso na Assembleia Legislativa. O valor impressiona e gera uma reflexão inevitável: será que vale a pena pagar essa conta? Mais ainda, os quase meio milhão de reais investidos em despesas particulares e luxos retornam ao contribuinte de alguma forma?
A resposta parece clara: Quando analisamos o custo-benefício, fica difícil justificar gastos tão altos para manter um único deputado. Vamos aos números e às perguntas que eles levantam.
Onde o dinheiro vai?
- R$ 126 mil para alugar veículos
Para quê tanto dinheiro em carros? Com esse valor, seria possível alugar mais de cinco veículos populares por mês durante o ano inteiro. A justificativa pode ser a necessidade de deslocamentos pelo estado, mas é um custo alto demais. Será que não existem opções mais econômicas ou eficientes? - R$ 102,9 mil para morar em Curitiba
Manter uma base na capital é essencial para um deputado, mas gastar R$ 8,5 mil por mês em aluguel? Para comparação, uma família de classe média paga menos da metade disso para morar em bairros confortáveis de Curitiba. Se o cidadão comum consegue se virar com menos, por que não o deputado? - R$ 35,1 mil em combustíveis
O equivalente a R$ 2,9 mil por mês em gasolina ou diesel parece desproporcional. Uma pessoa comum que utiliza o carro todos os dias gasta menos da metade disso. Será que esse gasto é mesmo indispensável? - R$ 58,9 mil em passagens e taxas de embarque
Gastos com viagens alcançaram quase R$ 5 mil por mês, mas o que esses deslocamentos trouxeram de concreto para os paranaenses? O custo só se justifica se houver resultados claros.
O custo-benefício de manter um deputado “gastão”
O custo total de quase meio milhão de reais para manter Matheus Vermelho em 2024 equivale a mais de 340 salários mínimos. Esse dinheiro poderia ser investido em melhorias diretas para a população, como infraestrutura, saúde e educação. Em vez disso, foi direcionado para despesas que muitas vezes se assemelham a luxos.
- Aluguel de apartamento no Edificio Castel Bourbon – Média mensal R$ 8.500,00 sem contar o condomínio no valor de médio de R$ 2.267,00. A soma destas duas despesas para o parlamentar morar em Curitiba equivale a R$ 10,7 mil por mês.
O que o contribuinte ganha com isso?
- Saiba mais – Gastos de dinheiro público para moradia de Matheus Vermelho destoam dos demais deputados
Reflexão para o contribuinte
É preciso questionar: até que ponto vale a pena manter deputados que gastam tanto em despesas pessoais? A política deveria ser uma ferramenta para beneficiar a população, e não um espaço para luxos e excessos. Quando o custo de manter um parlamentar ultrapassa os benefícios que ele entrega, está na hora de rever o sistema.
Como eleitor, o paranaense tem o direito de exigir mais responsabilidade e eficiência no uso dos recursos públicos. Afinal, quem paga essa conta é você.
Apenas 14 projetos de lei
Mas o que Matheus Vermelho entregou em troca? Apenas 14 projetos de lei em 12 meses. Sim, isso mesmo: 14 projetos. É um projeto a cada 26 dias, custando, em média, mais de R$ 34 mil por proposta. Agora, quais dessas iniciativas realmente mudaram a vida dos paranaenses?
Vamos analisar. Prepare-se, pois o impacto (ou a falta dele) pode surpreender.
Projetos que poderiam fazer a diferença… ou não
- Combate à dengue com drones (PL 144/2024)
Uma ideia interessante: usar drones para localizar focos do mosquito transmissor da dengue. É inovador, mas está longe de ser uma solução abrangente para o problema, que exige uma política pública robusta e bem estruturada. Um projeto promissor, mas ainda no campo das intenções. - Placas trilingues para pontos turísticos (PL 240/2024)
É válido investir no turismo, especialmente em um estado como o Paraná. Mas placas trilingues são, no máximo, um “detalhe”. A verdadeira pergunta é: o turismo precisa disso para crescer ou existem prioridades mais urgentes, como infraestrutura, segurança e serviços básicos para turistas? - Isenção de pedágios para transporte de donativos em calamidades (PL 313/2024)
Uma proposta louvável, mas pontual. Seu impacto seria restrito a momentos de calamidade e depende de uma burocracia eficiente para ser implementada. Uma boa ideia, mas que dificilmente justifica o alto custo de manter um mandato.
E os projetos que parecem encher tabela?
Entre os 14 projetos, encontramos iniciativas que dificilmente mudam a vida do cidadão comum. Veja alguns exemplos:
- Concessão de título de utilidade pública a clubes e associações (PLs 720, 295, 488, 538/2024): É importante reconhecer o trabalho de organizações locais, mas transformar isso em prioridade legislativa? Será que não há problemas mais urgentes no estado?
- Denominações de rodovias e colégios (PLs 675 e 680/2024): São ações simbólicas que pouco ou nada influenciam a vida cotidiana dos paranaenses.
O custo-benefício: o que o Paraná realmente ganha?
Enquanto Matheus Vermelho gastou quase meio milhão de reais, ele apresentou projetos que, na maior parte, não têm impacto direto na vida da maioria dos paranaenses. Propostas que realmente poderiam fazer a diferença, como o uso de drones contra a dengue ou a isenção de pedágios para donativos, são a exceção, não a regra.
Agora, pense: com R$ 486 mil, o estado poderia:
- Melhorar o atendimento em unidades de saúde;
- Construir pequenas obras de infraestrutura em comunidades carentes;
- Investir em programas de educação ou segurança.
Ao invés disso, os recursos foram usados para manter um mandato cujo retorno prático para o cidadão é, no mínimo, questionável.
14 projetos em um ano: é isso que se espera de um deputado?
Quando um deputado custa tão caro, espera-se que ele entregue resultados proporcionais. Porém, 14 projetos de lei em 12 meses — muitos deles com relevância local ou puramente simbólica. O eleitor paranaense, que paga essa conta, tem o direito de questionar: é esse o retorno esperado de um mandato parlamentar?
O que vemos é um custo-benefício que deixa muito a desejar. Se o volume de gastos públicos é elevado, o impacto deveria ser significativo.
R$ 486 mil em verbas públicas, isso é o suficiente?
Requerimentos: justificativas de ausência e formalidades
O volume de requerimentos apresentados por Matheus Vermelho supera sua produção legislativa. Entre os 18 requerimentos registrados em 2024, a maior parte foi para justificar ausências em sessões plenárias — nada menos que 10 pedidos de justificativa de falta. Além disso, constam:
- Pedidos de informação: Apenas 1 requerimento relevante, sobre o andamento das obras de duplicação da BR-469 (Rodovia das Cataratas).
- Votos de pesar e solicitações protocolares: Uma grande quantidade de votos de pesar e apoios a requerimentos de outros parlamentares, que, embora protocolares, não geram impacto direto na vida dos cidadãos.
Esse perfil de atuação reforça uma percepção de baixa produtividade, especialmente considerando o custo elevado do mandato.
E os outros deputados?
Matheus Vermelho foi o que mais gastou, mas ele está longe de ser o único. Cada deputado estadual usufrui dessa verba, e o contribuinte paga a conta.
Se o foco da reportagem está em Matheus Vermelho, é porque ele lidera o ranking de despesas. No entanto, a questão vai além: será que o custo de manter os deputados estaduais vale o benefício que eles entregam?
*Dados atualizados em 27 de dezembro de 2024 pelo portal da transparência da Assembleia Legislativa do Paraná.
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