“Imagem que vem é do nosso filho, no porta-malas do carro, sendo queimado”, às vésperas de julgamento pai fala sobre morte de advogado

Na manhã desta quarta-feira (15), a reportagem da CGN conversou com o advogado Luciano Katarinhuk e com o senhor Alceu Preisner sobre o trágico assassinato do advogado Alceu Carlos Preisner Junior, ocorrido no dia 27 de janeiro de 2022.

O crime, que chocou a comunidade local, ocorreu em uma residência na Rua Marechal Deodoro, no Bairro Cancelli. Após ser brutalmente esfaqueado, Junior teve seu corpo carbonizado dentro do próprio carro, encontrado em uma área de plantação às margens da PR-486.

A Polícia Civil agiu rapidamente nas investigações, conseguindo deter uma mulher que confessou o crime durante a detenção. Segundo seu relato, ela desferiu uma facada em Alceu após uma discussão no imóvel. Apesar da confissão, a mulher foi liberada com o uso de tornozeleira eletrônica e segue à disposição da Justiça. Ela alegou que agiu em legítima defesa, afirmando que o advogado teria tentado abusar sexualmente da filha dela.

Luciano Katarinhuk, assistente de acusação e representante da família Preisner, classificou o crime como o mais bárbaro que já viu em sua carreira de advogado criminalista.

“Este é um dos crimes mais graves, mais cruéis e covardes que já presenciei. A destruição do corpo, a crueldade moral ao tentar justificar o crime com uma história falsa… tudo isso precisa ser reconhecido pelo conselho de sentença”, afirmou Katarinhuk.

Ele destacou que o julgamento, marcado para esta quinta-feira às 13 horas, demorou quase dois anos para chegar ao tribunal do júri devido a recursos interpostos pela defesa da ré, inclusive ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O advogado também levantou a hipótese de que a mulher não teria agido sozinha, mencionando a complexidade de manipular o corpo de uma vítima de 1,90 m e 120 kg.

“Existem pontos que não foram esclarecidos, o que indica planejamento e premeditação. A história contada não bate com os fatos”, disse Katarinhuk.

Em um depoimento emocionado, o senhor Alceu Preisner, pai da vítima, relatou o sofrimento diário que a família enfrenta.

“Convivemos todos os dias com a imagem do nosso filho sendo queimado no porta-malas do carro. A confissão da mulher, descrevendo como ele não morria apesar das facadas, é uma monstruosidade que nos assombra”, lamentou Preisner. Ele expressou preocupação com a possibilidade de a ré ser absolvida.

O julgamento será realizado no Fórum da Justiça de Cascavel, onde testemunhas e provas serão apresentadas ao conselho de sentença que decidirá pela condenação ou absolvição da acusada. A CGN continuará acompanhando o caso e também buscará ouvir o advogado de defesa da ré.