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Nem tudo que reluz é ouro por Caio Gottlieb

O problema que gera apreensão e empana o brilho desse formidável desempenho não é novo e vem piorando ano a ano: a insuficiência da capacidade de...

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Por Caio Gottlieb

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Pode parecer um paradoxo que a notícia de que o Brasil vai colher nesta temporada a cifra recorde de mais de 260 milhões de toneladas de grãos provoque ao mesmo tempo euforia e preocupação.

O problema que gera apreensão e empana o brilho desse formidável desempenho não é novo e vem piorando ano a ano: a insuficiência da capacidade de armazenamento para a produção que sai do campo.

Esse é um dos maiores gargalos do agronegócio brasileiro.

Virou rotina, nos períodos de colheita, especialmente no Mato Grosso, o estado que mais produz grãos no país, assistirmos nos telejornais cenas constrangedoras mostrando parte das safras de milho e soja sendo amontoada a céu aberto por falta de espaço em silos e armazéns.

Quem não tem muita familiaridade com o assunto provavelmente desconhece que o país só consegue abrigar pouco mais da metade da quantidade de grãos que produz a cada safra.

O descompasso não se restringe ao Centro-Oeste. Vez por outra ocorre até na região Sul, que tem boa disponibilidade de armazenagem, e já afeta constantemente as novas fronteiras agrícolas, na área do Matopiba e no Pará.

Permanecendo em locais inadequados ou ao relento, os grãos perdem qualidade e desvalorizam. Pressionados pela emergência, os agricultores se obrigam a escoar rapidamente sua produção, ficando sem poder de barganha na comercialização.

Fora isso, tornam-se reféns do serviço de transporte e dos altos fretes cobrados nesse período, além do que, devido à grande oferta no mercado, o preço pago pelo produto cai, gerando prejuízo e também diversas perdas ao longo do escoamento.

Essa situação faz com que os produtores negociem sua safra a preços que não cobrem nem os custos de plantio, principalmente em pequenas propriedades, e não tenham produto estocado para venda na entressafra, onde normalmente o preço sofre um aumento significativo.

Especialistas ouvidos pelo blog observam que esse desequilíbrio deve ser tratado de forma estratégica não só pelos prejuízos que gera ao produtor, como também pela questão da segurança alimentar, seja pelo desperdício, seja pela perda de qualidade do produto.

Por fim, eles ressaltam que a solução não se limita à ampliação do crédito e de linhas de financiamentos para edificar silos e armazéns, mas, também, exige a criação de pontos de conectividade entre modais de transporte para dar mais eficácia ao escoamento, prover investimentos em tecnologia para aprimorar a estocagem e monitorar a produção para melhorar as previsões e não pressionar os ciclos entre as safras.

É necessário seguir avançando na construção de modernas ferrovias e rodovias para escoar de maneira célere e eficiente a produção agrícola brasileira que logo deve atingir 300 milhões de toneladas, consolidando cada vez mais a atividade rural como o principal pilar da economia nacional.

Mas urge que se invista, paralelamente, na estruturação de um sistema de armazenagem amplo e bem distribuído pelo país para evitar que uma parcela significativa dos lucros desse grandioso esforço continue se perdendo pelo caminho.

As duas coisas precisam andar juntas.

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