O golpe do presidente – por Caio Gottlieb
Queriam mais do que isso. Queriam uma capitulação completa e degradante. Queriam sua humilhação pública....
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Por Caio Gottlieb
Era evidente que os adversários, incluindo não só Lula e seus aliados, mas, também, a grande mídia engajada na oposição ensandecida a seu governo, não desejavam apenas que ele reconhecesse humildemente a derrota.
Queriam mais do que isso. Queriam uma capitulação completa e degradante. Queriam sua humilhação pública.
Macaco velho, Bolsonaro percebeu desde logo a armadilha e não caiu na conversa, até porque, além de inexistir na lei qualquer exigência que o obrigue a cumprir tal ritual, o Tribunal Superior Eleitoral já havia anunciado o vencedor.
Dentro de um roteiro bem calculado, ele sumiu de cena e pautou a imprensa durante dois dias ao gerar enorme suspense em torno da expectativa por seu discurso oficial sobre o resultado da eleição.
Não se falou de outra coisa nas últimas 48 horas. Só deu ele nos noticiários, deixando a vitória de Lula relegada a um segundo plano.
Enquanto isso, elaborou uma declaração suscinta, clara e objetiva, estrategicamente pensada para passar diversos recados em poucas palavras, onde as entrelinhas dizem sutilmente muito mais do que aquilo que está escrito.
Eis o pronunciamento feito na tarde desta terça-feira (1) pelo presidente da República:
“Quero começar agradecendo os 58 milhões de brasileiros que votaram em mim no último dia 30 de outubro.
Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral.
As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedades, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir.
A direita surgiu, de verdade, em nosso país.
Nossa robusta representação no Congresso mostra a força dos nossos valores: Deus, pátria, família e liberdade.
Formamos diversas lideranças pelo Brasil.
Nossos sonhos seguem mais vivos do que nunca. Somos pela ordem e pelo progresso.
Mesmo enfrentando todo o sistema, superamos uma pandemia e as consequências de uma guerra.
Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição.
Nunca falei em controlar ou censurar a mídia e as redes sociais.
Enquanto presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição.
É uma honra ser o líder de milhões de brasileiros que, como eu, defendem a liberdade econômica, a liberdade religiosa, a liberdade de opinião, a honestidade e as cores verde e amarela da nossa bandeira.
Muito obrigado!”
Trocando em miúdos, Bolsonaro destacou o tamanho do seu gigantesco espólio eleitoral, um poderoso exército com 58 milhões de votos; aceitou o veredicto das urnas ao frisar que sempre respeitará a Constituição, mas não assinou a rendição; endossou os protestos da população inconformada e revoltada com a entrega do país a um grupo político criminoso, mas desaconselhou o bloqueio das estradas; denunciou mais uma vez, e com razão, o tratamento desigual que sua campanha recebeu do TSE; reafirmou os valores cristãos que norteiam sua vida; reforçou seu compromisso com as liberdades e seu amor à pátria; e sinalizou onde estará a partir de janeiro de 2023.
Tudo o que era importante e necessário dizer, foi dito.
Resumo da ópera: que o PT se prepare para enfrentar nos próximos quatro anos uma oposição como jamais teve em seus governos anteriores, capitaneada por um líder determinado, incansável e implacável.
Afinal, um dia da caça outro do caçador.
Esperavam que Bolsonaro fosse dar um golpe de estado. Pois ele deu foi um golpe de mestre.
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