No reino de Alexandre I – por Caio Gottlieb
Aos olhos estupefatos e indignados de uma vasta e crescente parcela da população que já consegue enxergar a extrema gravidade do que está acontecendo e se...
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Por Caio Gottlieb
Como já advertia Ruy Barbosa, um dos brasileiros mais ilustres e honrados de todos os tempos, admirado e respeitado por sua sabedoria jurídica no mundo inteiro, “a pior ditadura é a ditadura do judiciário, pois contra ela não há a quem recorrer.”
Aos olhos estupefatos e indignados de uma vasta e crescente parcela da população que já consegue enxergar a extrema gravidade do que está acontecendo e se vê de mãos atadas para conter a escalada da afronta, encontra-se em andamento um golpe de estado ardilosamente perpetrado justamente por quem deveria proteger o Brasil de qualquer ataque à sua democracia.
Desde que assumiu a presidência do Tribunal Superior Eleitoral, o ministro Alexandre de Moraes foi, pouco a pouco, mas de modo resoluto, impondo sua vontade pessoal acima das leis e tornou-se, com arroubos autoritários jamais vistos, o dono dos destinos do Brasil.
Sua posse no TSE em cerimônia com pompa inédita, digna da coroação de um imperador, já era um sinal do que estava por vir.
Engajada no esforço para eleger Lula, uma boa parte da grande mídia até aplaude as decisões de Moraes que impõem censura a veículos de comunicação e cerceiam a liberdade de expressão de políticos e empresários aliados do presidente Bolsonaro, ignorando que as medidas representam um perigo para toda a sociedade brasileira e que amanhã, como já ocorreu em outros momentos da história, podem se voltar contra aqueles que hoje são beneficiados.
Um perigo, aliás, já percebido pela elite da imprensa estrangeira.
Há algumas semanas, o tradicional New York Times, um dos jornais mais influentes dos Estados Unidos, abriu suas prestigiosas páginas para relatar a abusiva operação contra oito apoiadores do governo, citada como exemplo ilustrativo da atuação do STF “acima de teóricos princípios democráticos.”
Na reportagem em que expôs o poder desmedido do ministro Alexandre de Moraes, que, com propósito claramente intimidatório, mandou a PF investigar os empresários, o NYT questionou se a Suprema Corte do Brasil “não estaria indo longe demais.”
Agora foi a vez do maior diário norte-americano, o The Wall Street Journal, pautar o tema com a publicação de um artigo nesta segunda-feira (24) observando os movimentos da campanha de Lula e as decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em relação a notícias que fazem crítica ao candidato.
Com o título “Esquerda brasileira tenta amordaçar discurso político” (Brazil’s Left Tries to Gag Political Speech), muito apropriado por sinal, o texto foi escrito por Mary Anastasia O’Grady, membro do conselho do periódico.
“A Constituição do Brasil proíbe a censura, e a repressão descarada do tribunal à liberdade de expressão alarmou a nação. Mas o juiz (Alexandre) de Moraes, que também é presidente do STF, não dá sinais de recuar”, pontua a autora.
Frisando que a condenação do petista por corrupção em 2017 foi derrubada por um detalhe técnico em 2021 e ele foi libertado, a jornalista americana afirma que os brasileiros não esquecem dos motivos que levaram o ex-presidente para a prisão, “os enormes escândalos de corrupção que surgiram durante os 14 anos – 2003-2016 – em que seu Partido dos Trabalhadores ocupou a presidência.”
O’Grady alerta que o TSE “no entanto, não tem autoridade para aprovar ou desaprovar a opinião pública”. Depois de descrever os tipos de represália a veículos e pessoas que divulgaram matérias que fazem crítica ao ex-presidente e candidato, a colunista finaliza dizendo que “isso nos faz pensar como será o Brasil se Lula vencer.”
Se ela, lá longe, está preocupada, imagina nós.
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