Recordar é viver – por Caio Gottlieb

Fundadores do PSDB, sigla que sai do pleito deste ano em estado terminal, o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso e os ex-governadores paulistas e ex-candidatos ao Palácio do Planalto José Serra e Geraldo Alckmin foram por décadas inimigos viscerais de Lula e do PT, valendo-se desse antagonismo para ganhar inúmeras eleições.

Jamais esqueceremos, por exemplo, de uma das muitas acusações que FHC já fez aos antigos desafetos: “Nunca como antes se roubou tanto nesse país. O país quebrou. O Brasil foi quebrado pelo PT. O Brasil foi quebrado pelo lulopetismo.”

Sempre lembraremos o que Serra já disse sobre os adversários históricos: “O PT não é bom nem pra fazer coisa ruim, nem pra fazer coisa boa. Esse é o drama. É ruim por tudo. O Mensalão é um lanchinho de jardim infantil perto do banquete de corrupção do Petrolão.”

Do mesmo modo, ficará para sempre em nossas memórias a afirmação de Geraldo Alckmin a respeito do petista, a quem hoje presta humilhante vassalagem como candidato a vice: “Depois de ter quebrado o Brasil, Lula disse que quer voltar ao poder. Ou seja, meus amigos, ele quer voltar à cena do crime.”

Agora, quando declaram apoio à candidatura do PT na disputa presidencial, os três revelam que são tão honestos, éticos e íntegros quanto os oponentes políticos aos quais manifestavam no passado toda a sua então legítima indignação.

Por não gostarem dos palavrões de Bolsonaro, eles se aliaram à quadrilha que perpetrou a maior roubalheira de dinheiro público da história mundial, desviando bilionários recursos que poderiam ter evitado milhares de mortes nos hospitais, elevado a qualidade do ensino nas escolas, melhorado os salários dos professores e garantido mais segurança para a população, só para citar as três áreas essenciais que carecem de maior atenção dos governos.

Não gostam de Bolsonaro e, pela decisão que tomaram, revelam também não ter o menor apreço pelo Brasil.