Breves considerações sobre a batalha de domingo – por Caio Gottlieb
2: Para o presidente, foi um segundo lugar com sabor de triunfo consagrador ao enfrentar um grande consórcio de inimigos composto por setores da grande mídia e...
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Por Caio Gottlieb
1: O povo nas ruas, aclamando fervorosamente Bolsonaro em passeatas, carreatas e motociatas, já vinha contradizendo de forma gritante as pesquisas que durante toda a campanha o colocavam em ampla desvantagem em relação a Lula, que, por sua vez, não consegue botar os pés fora de casa sem ser xingado de ladrão. Agora as urnas acabaram por desmoralizá-las completamente. Perderam os últimos resquícios de credibilidade que talvez ainda detivessem. Das duas, uma: ou seus métodos estatísticos estão furados ou os números foram criminosamente manipulados para induzir o eleitorado a votar no suposto líder das sondagens. A segunda opção parece mais provável.
2: Para o presidente, foi um segundo lugar com sabor de triunfo consagrador ao enfrentar um grande consórcio de inimigos composto por setores da grande mídia e do judiciário que cooptaram a maioria dos principais institutos de pesquisas para tentar impedir sua reeleição. Para o petista, ao ver desvanecer-se o sonho alimentado por sondagens possivelmente fraudulentas de que iria liquidar a fatura já no domingo, foi um primeiro lugar com o gosto amargo da derrota, o que certamente joga um banho de água fria nos ânimos da turma para o segundo turno.
3: Fora o feito de desmentir fragorosamente as pesquisas ao ficar atrás do oponente por margem muito menor do que elas previam, Bolsonaro ainda saiu amplamente vencedor nas disputas estaduais, com a eleição de oito governadores aliados já no primeiro turno, além de levar para o Congresso Nacional uma formidável bancada de oito senadores e 101 deputados federais do Partido Liberal. Vai fortíssimo para o confronto final.
4: Pendam para o lado que quiserem no segundo turno, será pouco relevante os apoios de Simone Tebet e Ciro Gomes em termos de transferência de votos. Foi-se o tempo na política brasileira em que os caciques tinham essa influência. Os eleitores de ambos decidirão sozinhos o rumo que irão tomar. Cabe a Bolsonaro e Lula saber atraí-los.
5: Vai ser definitivamente difícil, daqui pra frente, acreditar em pesquisas diante dos erros clamorosos do primeiro turno. As empresas que as realizam devem muitas explicações sobre seus desastrosos e suspeitos prognósticos. Mas não será surpresa se aquelas que forem capazes de captar o verdadeiro sentimento do eleitorado apontarem nesta relargada da campanha a liderança de Bolsonaro. Essa expectativa já reina até na cúpula da campanha lulista.
6: A eleição do ex-juiz Sergio Moro para o Senado, assim como a do ex-procurador Deltan Dallagnoll para a Câmara dos Deputados, é uma vitória eleitoral da Lava Jato e reflete o imenso prestígio da operação no Paraná, onde aconteceram as investigações e os processos judiciais do Petrolão. É uma má notícia para os seus inimigos instalados no STF, que passam pano para a impunidade e a corrupção. Aliás, Moro também está celebrando a façanha de sua esposa Rosângela, igualmente estreante em eleições, que conquistou uma cadeira na Câmara Federal por São Paulo. O senador Alvaro Dias tinha consciência das dificuldades que enfrentaria para manter a vaga diante do desgaste natural resultante de sua longeva trajetória na vida pública. Chega uma hora em que os eleitores querem simplesmente mudar, sem fazer maiores julgamentos de valor. Fez bonito o deputado federal Paulo Martins, segundo colocado na disputa. Pesou contra ele o fato de ser bem menos conhecido que seus dois adversários.
7: Certas coisas não têm preço: uma delas, nestas eleições, foi ver a cara de velório dos comentaristas da rede Globo, que desde a posse de Bolsonaro deixou de lado o jornalismo para fazer oposição feroz ao governo, ao terem que admitir que o presidente emergia das urnas como o grande vitorioso do primeiro turno pelo conjunto dos resultados. Um deles, o esquerdista Otávio Guedes, ao constatar o sucesso de numerosos candidatos bolsonaristas expressou toda a sua decepção ao declarar em tom de profundo lamento que “a extrema direita fincou raízes no eleitorado brasileiro.” O choro é livre, Guedinho.
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