Artista que vivia em situação de rua tem obras expostas pela 1ª vez em galeria: ‘Isso aqui é um sonho’
A história da transformação de Gerson começou em 2019, quando o professor e arquiteto Alexandre Mascarenhas conheceu o artista nas ruas. Após emocionar-se com as obras, o professor...
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Por Deyvid Alan
Quem costumava passar pela avenida do Contorno, próximo ao número 1480, no bairro Floresta, região Leste de BH, provavelmente já viu os quadros de Gerson Flores. O pintor de 49 anos ficou em situação de rua na capital mineira por 20 anos. No entanto, teve a vida transformada pela arte. Este ano, Gerson viu pela primeira vez os quadros dele em uma galeria de arte. As obras integram a exposição Principium e ocupam a Galeria Nello Nuno, da Fundação de Arte de Ouro Preto. A exposição fica em cartaz até o dia 3 de julho.
A história da transformação de Gerson começou em 2019, quando o professor e arquiteto Alexandre Mascarenhas conheceu o artista nas ruas. Após emocionar-se com as obras, o professor decidiu inscrevê-lo no edital de ocupação da galeria da Faop, localizada no centro histórico de Ouro Preto.
Entre os mais de 60 artistas inscritos no processo, Gerson foi um dos 14 selecionados. Ricardo Macêdo, professor de artes visuais da fundação e um dos membros da comissão do edital que escolheu Gerson, afirma que as obras se destacaram pela autenticidade e pela potência de sentidos alcançada nas pinturas. A exposição estava marcada para 2020, mas teve que ser adiada por conta da pandemia.
Exposição Principium
A data de estreia de “Principium” foi definida apenas neste ano. No dia 29 de maio ocorreu a abertura da mostra. Entretanto, o curador da galeria perdeu o contato de Gerson e foi encontrá-lo apenas no dia 11 de maio, morando em uma casa cedida pela Pastoral de Rua de Belo Horizonte, no bairro Santa Efigênia.
No dia 27 de maio, Gerson mudou-se para Ouro Preto, sonho que alimentava há muitos anos e viu, pela primeira vez, seus quadros expostos em uma galeria de arte. O artista não conseguiu conter as lágrimas e a emoção na voz ao contar sobre tantas situações enfrentadas na rua, como a fome, a solidão e o medo.
Para o artista, a exposição representa uma verdadeira virada na trajetória dele e é sinônimo de esperança em viver dias melhores daqui para frente. Ele já possui encomendas de quadros e espera que seu futuro na arte proporcione mais oportunidades daqui para frente. “Isso aqui é um sonho”, disse ele ao visitar a exposição.
Problemas nas ruas
No período em que esteve em situação de rua, o artista enfrentou diversos desafios. Em 2019, ele contou ao BHAZ que acabou sem teto após o falecimento da mãe. “Meus irmãos começaram a brigar pela casa, quebraram tudo, logo depois do enterro. Quando eu cheguei lá, só abaixei minha cabeça e vim para a rua. Nunca mais voltei”, contou à época.
Durante o mesmo ano, o artista trocava obras de arte por pratos de comida. “Pintar foi o que decidi fazer para sobreviver. Ou era isso, ou roubar, mas meu pai não me ensinou assim. Troco [os quadros] por comida”, explicou.
Informações: Agência Minas com BHAZ
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