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Imagem referente a Jaime Lerner: Governador por dois mandatos, colocou o Paraná como segundo maior pólo automobilístico do país

Jaime Lerner: Governador por dois mandatos, colocou o Paraná como segundo maior pólo automobilístico do país

Em 3 de outubro de 1994, elegeu-se governador do Paraná derrotando Álvaro Dias ainda no primeiro turno e pôs fim a 12 anos de hegemonia política do PMDB no estado....

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Por Deyvid Alan

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Imagem referente a Jaime Lerner: Governador por dois mandatos, colocou o Paraná como segundo maior pólo automobilístico do país

Morto nesta quinta-feira (27) aos 84 anos em decorrência de problemas renais, Jaime Lerner deixou um grande legado durante sua passagem como Governador do Estado do Paraná.

Em 3 de outubro de 1994, elegeu-se governador do Paraná derrotando Álvaro Dias ainda no primeiro turno e pôs fim a 12 anos de hegemonia política do PMDB no estado. Tomou posse em 1º de janeiro seguinte. Em sua gestão implantou, entre outros, os programas Vila Rural, destinado ao assentamento de trabalhadores rurais volantes, e o Anel Viário de Integração, uma parceria com a iniciativa privada visando à modernização das rodovias estaduais e interligando os principais polos produtivos do estado.

No plano da estratégia de desenvolvimento econômico, com a inserção do Paraná como porta de entrada obrigatória para o Mercosul, foi ainda responsável pela atração de numerosos investimentos externos ao estado, tais como a instalação das montadoras Renault, Audi-Volkswagen, Chrysler Corporation, e das fábricas de motores BMW e Detroit Diesel Corporation, num investimento total de aproximadamente três bilhões de dólares.

Segundo mandato no governo do Paraná

Tomou posse de seu segundo mandato em 1º de janeiro de 1999 e deu continuidade às diretrizes de gestão postas em prática em seu primeiro período de governo. Nesse sentido, prosseguiu com a política de desregulamentação e de diminuição da intervenção do Estado na economia paranaense, privatizando ou abrindo o capital de algumas importantes empresas estatais, tais como o Banco do Estado do Paraná (Banestado), a Telecomunicações do Paraná (Telepar), a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), a Ferroeste, empresa ferroviária, além da progressiva concessão à iniciativa privada de rodovias paranaenses a partir da formação do Anel de Integração em 1998.

Além disso, criou duas empresas para negociar as ações da Copel (Companhia Paranaense de Energia Elétrica) e estimular investimentos privados no Paraná, a Paraná Desenvolvimento S.A. e a Paraná Investimentos S.A. Ambas foram apresentadas como um instrumento complementar ao Fundo de Desenvolvimento Econômico (FDE) para captar recursos juntos ao mercado financeiro, por meio da emissão de títulos públicos e debêntures. Em janeiro de 2002, Lerner seria obrigado a cancelar oficialmente a venda da Copel, em virtude dos atentados de 11 de setembro de 2001 e a subsequente falta de compradores nos dois leilões internacionais realizados com empresários do setor privado.

Saída do Governo Estadual

No final de 2001 e início de 2002, Lerner também enfrentou um intenso movimento grevista dos professores das universidades estaduais paranaenses que durou cinco meses e culminou com intensas manifestações dos grevistas em frente ao Palácio do Iguaçu, sede do governo do estado. Em setembro de 2002, afastou-se por um curto período do governo para trabalhar na campanha de seu candidato ao governo estadual, Beto Richa (PSDB), que terminou em terceiro lugar atrás de Roberto Requião (PMDB) e Álvaro Dias (PDT). No segundo turno das eleições, vencido por Requião com 55,2% dos votos válidos, Lerner permaneceu neutro e não declarou apoio a nenhum dos dois candidatos, visto que ambos se posicionaram contra a política do governo do estado durante a campanha eleitoral.

Em novembro, Lerner inaugurou o Novo Museu de Arte e Arquitetura de Curitiba. Também conhecido como “Museu do Olho”, foi projetado por Oscar Niemeyer e recebeu posteriormente o nome do arquiteto. 

Ao longo de suas duas gestões, o Paraná passou por acentuada transformação socioeconômica. O estado deixou de ser predominantemente agrícola para contar com um avançado parque industrial e tornou-se o segundo maior pólo automobilístico do país. Além disso, cerca de US$ 20 bilhões em investimentos industriais privados foram aplicados no Paraná, sendo criados aproximadamente setecentos mil empregos diretos e indiretos.

Embora produzisse resultados econômicos substanciais, alterando o perfil econômico do estado, muitos aspectos da gestão de Lerner foram criticados por seus opositores, tais como as privatizações de empresas estatais, a terceirização de serviços públicos para empresas privadas, os altos gastos em publicidade e propaganda, assim como as altas tarifas de pedágio cobradas por empresas concessionárias de estradas estaduais.

Esse fato provocou a criação de cinco comissões parlamentares de inquérito (CPIs) na Assembleia Legislativa do Paraná, logo após a sua saída do governo, tais como as CPIs do Pedágio, do Banestado, da Copel, dos Jogos da Natureza e do Paraná Cidade. Entretanto, em nenhuma delas foram encontradas evidências de irregularidades cometidas por Jaime Lerner e seus assessores durante suas duas gestões no governo do estado. Deixou o governo em 1° de janeiro de 2003.

Reconhecimento internacional

Como governador foi convidado pelo secretário-geral das Nações Unidas, Boutros Ghali, para coordenar a Comissão Latino-Americana e do Caribe encarregada de elaborar relatório apresentado na II Conferência das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (Hábitat II), realizada em julho de 1996, em Istambul, na Turquia. O relatório teve vários de seus pontos incluídos na Carta de Istambul, documento que reuniu sugestões para o desenvolvimento urbano autossustentável no final do século XX.

Ainda durante sua gestão, recebeu o Prêmio René Dubois em Nova Iorque, entregue às administrações públicas que fornecem soluções criativas às necessidades da sociedade do mundo moderno sem apresentar prejuízos ao meio ambiente. Recebeu ainda o Prêmio Criança e Paz do Unicef em 1996 pelos seus programas Da rua para a escola, Protegendo a vida e Universidade do professor.

Ainda no exercício de seu mandato de governador, foi eleito, em julho de 2002, presidente da União Internacional dos Arquitetos (UIA) por um período de três anos. Sua principal plataforma foi o programa Celebração das Cidades, convocando todas as nações e culturas do planeta à proposição de soluções para as suas cidades. Lerner foi o primeiro latino-americano a presidir a entidade, sediada em Paris e representativa de cerca de 1,5 milhões de profissionais de 98 países associados.

Em abril foi fundador e presidente da empresa Jaime Lerner Arquitetos Associados, situada em Curitiba e com o objetivo de prestar consultoria para projetos nas áreas de arquitetura e planejamento urbano. No final de setembro, filiou-se ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) e transferiu seu domicílio eleitoral para o Rio de Janeiro. Chegou a ser cogitado como candidato à prefeitura da cidade pelo partido no pleito de outubro de 2004. Entretanto, as articulações políticas não prosperaram e Lerner continuou a desenvolver projetos para a prefeitura do Rio de Janeiro e outras cidades brasileiras.

Em abril de 2005, Jaime Lerner participou da iniciativa do Simpósio de Trânsito Rápido de Ônibus na China para promover seu projeto curitibano em demais cidades, que causou forte impacto nos prefeitos e planejadores urbanos chineses. Em outubro de 2008, lançou em Curitiba o Dock Dock, um carro elétrico destinado a circular em faixas compartilhadas com pedestres, bicicletas e locais onde o trânsito de automóveis é restrito.

Com informações do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil.

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