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Imagem referente a “Ser transexual no Brasil é estar praticamente condenada à morte”: 29 de janeiro, Dia Nacional da Visibilidade Trans

“Ser transexual no Brasil é estar praticamente condenada à morte”: 29 de janeiro, Dia Nacional da Visibilidade Trans

Infelizmente, dentre os vários rankings negativos que o Brasil lidera, o feminicídio é um deles, tanto de mulheres trans quanto de mulheres cis. Pelo menos 175 mulheres transexuais...

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Por Deyvid Alan

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Imagem referente a “Ser transexual no Brasil é estar praticamente condenada à morte”: 29 de janeiro, Dia Nacional da Visibilidade Trans

Hoje dia 29 de janeiro é marcado como o Dia Nacional da Visibilidade Trans. Nesta data marcada por tanta luta, tanta batalha para conseguir o mínimo que se espera de um ser humano, o respeito por outro ser humano, se faz necessária a reflexão da importância histórica desta data, bem como, relembrar alguns pontos muito importantes.

Infelizmente, dentre os vários rankings negativos que o Brasil lidera, o feminicídio é um deles, tanto de mulheres trans quanto de mulheres cis. Pelo menos 175 mulheres transexuais e travestis foram assassinadas em 2020, de acordo com dossiê anual da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). Um aumento de 41% na comparação com o ano anterior, quando 124 mortes foram registradas.

Divulgado nesta sexta-feira (29), o relatório endossa a posição do Brasil como o país que mais mata pessoas transexuais e travestis em todo o mundo, liderança que ocupa há 12 anos, conforme dados internacionais da ONG Transgender Europe (TGEU), sem contar ainda os casos subnotificados.

Para falar um pouquinho sobre essa data tão importante, a equipe da CGN conversou com a presidente da ONG Acolher, Márcia Ferreira Leite Vilela, que atua fortemente na luta para a garantia e manutenção dos direitos da população LGBTQI+ com foco no público transexual.

Márcia contou que hoje não é um dia de comemoração, é uma data de reflexão e reinvindicação, afinal, não há o que comemorar quando o país lidera o ranking de assassinatos de pessoas travestis e transexuais.

“É um momento de reflexão e reivindicação, pois os índices são alarmantes. Segundo os dados apresentados pela Antra, a estimativa de vida de uma pessoa trans é de 29 anos. Ser uma travesti ou transexual no Brasil, é estar praticamente condenada à morte. Nós nascemos sem o direito de viver, somos pessoas que nascemos mortas, vivemos mortas e nunca tivemos a oportunidade de viver com respeito e segurança”, conta.

Em meio a uma sociedade ainda tão preconceituosa, ela também relatou como é difícil ser um homem trans e ainda pior, uma mulher transexual ou travesti. Apesar de estarmos em pleno século 21 e caminharmos rumo a um mundo mais justo, nota-se a grande dificuldade que muitas pessoas têm em simplesmente respeitar a identidade de gênero em que outra pessoa se reconhece.

 “Ser mulher transexual ou travesti é uma condição de resistência ininterrupta. É uma luta diária para ter a identidade de gênero reconhecida e respeitada. É precisar lutar todos os dias para ser tratada enquanto uma mulher, para ser respeitada enquanto cidadã e para ter os direitos garantidos”.

O mesmo se dá quanto à utilização do nome social, um dos questionamentos que intriga este que vos escreve. Não consigo entender qual a dificuldade em chamar a pessoa pelo nome que ela escolheu. Larissa é chamada de Anita, Nivaldo Batista é chamado de Gustavo Lima, se chamar a Sônia Maria tenho certeza que Suzana Vieira não se reconhecerá. Enfim, por que a distinção feita para a utilização do nome social entre uns e outros?

Márcia explica que o reconhecimento da identidade de gênero é o primeiro passo para que outras pessoas iniciem o processo de desconstrução social e cultural impostas desde a infância, a fim de se tornar um ser humano melhor e contribuir na luta por esta causa.

“Não precisa ser trans para lutar pela causa trans, não precisa ser negro para lutar contra o racismo, não precisa ser deficiente para lutar pelo direito dos deficientes, é dessa forma que precisa ser tratado. A mídia e a população como um todo pode e deve contribuir respeitando a identidade de gênero. Usar o termo transexual não é ofensa, não é desaforo, é sim um motivo de muito orgulho. O importante é tratar como ela, no feminino, uma mulher transexual ou travesti e no masculino, como ele, um homem trans. É questão de respeito, de direito”.

A transfobia está enraizada em uma sociedade conservadora e ela pode acontecer de diversas formas, desde casos mais evidentes, como o assassinato ou o suicídio, que também acomete este grupo, até casos mais sutis e naturalizados. Os dados refletem que 85,7% dos homens trans no Brasil já pensaram ou tentaram suicídio e que 90% das mulheres trans trabalham com prostituição.

“Precisamos estar visíveis, mostrar que existimos, resistimos e não voltaremos mais às margens da sociedade. Nós apenas voltaremos para buscar as mulheres que ainda ficaram. Nós já lutamos muito, já sofremos, muito sangue foi derramado até conseguirmos o mínimo de direitos que jamais poderão serem retirados de nós. Ainda falta muito por parte dos governos Federal, Estadual e Municipal, mas estamos sempre lutando para fazer com que todos possam repensar e discutir as questões de gênero e entender o que é a travestilidade e a transexualidade”.

A ONG Acolher que é presidida pela Márcia, atua em Cascavel desde 2012 e tem o objetivo de garantir a igualdade de direitos, acesso à informação e a promoção da qualidade de vida para a população LGBTT+QIAP e seus familiares e também de pessoas que vivem com HIV/ AIDs.

Na ONG são desenvolvidas diversas atividades como rodas de Conversa; Palestras, Conferências; Atendimento Psicológico; Orientação Jurídica; Oficinas, cursos e capacitações para o mundo do trabalho; Encaminhamentos para rede de Assistência Social e demais eventos que levam informação as pessoas sobre saúde, superação do preconceito, conquista e garantia de direitos.

Outro trabalho muito importante da realizado pela Márcia juntamente com a equipe de profissionais é o atendimento às pessoas em situação de vulnerabilidade social que necessitam de alimentos, remédios e outros. Para isso, como demais Organizações não Governamentais, a entidade precisa de doações e você pode contribuir também sendo um voluntário.

Faça parte desta causa, conheça um pouco mais sobre as atividades realizadas na ONG Acolher e contribua. Faça a diferença e lute com todas as minorias por um mundo melhor, justo e igualitário.

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