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Juros: sem avanço na pauta fiscal, taxas sobem em dia negativo também para o real

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou em 3,42% (regular) e 3,40% (estenida), de 3,365% no ajuste de sexta-feira, e...

Publicado em

Por Agência Estado

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Os juros cumpriram trajetória altista nesta segunda-feira, 23, influenciados principalmente pela piora nas perspectivas de avanço nas medidas de ajuste fiscal ainda este ano, na contramão do discurso do ministro da Economia, Paulo Guedes, que pela manhã mostrou otimismo com a aprovação das matérias que estão no Congresso ainda em 2020. Outro fator foi o desempenho ruim das moedas de economias emergentes, sendo o real um dos destaques justamente em função da piora do risco fiscal doméstico, com o dólar voltando a se aproximar de R$ 5,45. Nesse contexto, a melhora nas expectativas em torno do lançamento das vacinas contra covid que embalou as bolsas não chegou na renda fixa.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou em 3,42% (regular) e 3,40% (estenida), de 3,365% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 5,126% no ajuste anterior para encerrar a 5,24% (regular) e 5,20% (estendida). O DI para janeiro de 2025 fechou com taxa de 7,06% (regular) e 7,04% (estendida), de 6,955% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2027 terminou em 7,83% (regular) e 7,80% (estendida), de 7,744%.

Do ponto de vista externo, embora as bolsas estejam embaladas pelos avanços das fabricantes que trabalham na vacina contra o coronavírus, sendo o destaque hoje a AstraZeneca que lidera um projeto com a Universidade de Oxford, há grande preocupação com a evolução da segunda onda da pandemia. “O mercado lá fora está bem confuso”, disse o economista-chefe da Guide Investimentos, João Mauricio Rosal.

Internamente, o mercado parece impaciente com a paralisia das reformas e ausência de progresso das matérias no Congresso, tendo recebido muito mal o discurso de Guedes num evento pela manhã, no qual disse acreditar que até o fim do ano estarão aprovadas pautas como lei de falências, de gás natural, cabotagem e autonomia do Banco Central.

“Paulo Guedes perdeu a noção do seu lugar político, não percebeu que não tem mais influência alguma sobre a agenda, falando coisas disparatadas”, disse um profissional, que se diz cético sobre qualquer avanço legislativo este ano. Segundo ele, o apagão no Amapá complica ainda mais a situação, ao mobilizar a atenção do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), cujo irmão, Joel Alcolumbre, é candidato a prefeito em Macapá. As eleições municipais no Estado tiveram de ser adiadas em função do apagão.

À tarde, o ministro tentou fazer uma correção da rota, ao falar num evento da Empiricus, no qual admitiu estar “bastante frustrado” com o andamento de reformas em algumas dimensões e reconheceu que erros de sua própria pasta que podem ter contribuído para a demora na evolução das privatizações.

Carlos Lopes, economista do Banco BV, vê três principais eixos para explicar a inclinação da curva. Na cena fiscal, “nada vai ser solucionado tão cedo”. Há ainda a imprevisibilidade da segunda onda de covid e, por fim, a preocupação com a inflação. Por mais que o Banco Central veja os choques de preços como temporários, fato é que as estimativas vêm piorando sucessivamente em função do aumento em preços de alimentos, pressionados pela valorização das commodities e depreciação do câmbio, e administrados. Ainda não chegam a romper, no ano calendário, o centro da meta de 4% para 2020 e 3,75% para 2021. “Mas os sinais são de alerta”, diz Lopes, que espera IPCA de 3,5% em 2021.

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