Doutores na corrupção

Tem muita gente apostando que, a qualquer momento, um anjo bondoso do Supremo Tribunal Federal vai cair do céu para suspender as investigações da nova fase da Lava Jato desencadeada dias atrás no Rio de Janeiro, denominada Operação E$quema S, que revelou desvios de mais de 355 milhões de reais do Sesc, Senac e da Fecomércio no estado.

A expectativa de uma pronta e salvadora intervenção do STF decorre do fato de que estão implicados nas falcatruas alguns dos mais renomados escritórios de advocacia do Rio, São Paulo e de mais quatro capitais, denunciados pela Justiça pelo recebimento de 151 milhões de reais daquelas entidades para movimentar uma sofisticada rede de tráfico de influência remunerada para obter decisões judiciais favoráveis em Cortes superiores.

Liderada por Cristiano Zanin e Roberto Teixeira, famosos por advogarem para Lula, a organização criminosa formada para a captação e distribuição das propinas envolve, entre outras personalidades, o ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça, César Asfor Rocha, e seu filho Caio; Eduardo Martins, filho de Humberto Martins, atual presidente do STJ; e Tiago Cedraz, filho do ministro do Tribunal de Contas da União, Aroldo Cedraz.

Convidada a comentar o caso, a juíza federal aposentada Eliana Calmon, ex-ministra do STJ, lembrou que, quando comandou a Corregedoria Nacional de Justiça, entre 2010 e 2012, tentou sem sucesso desmontar as perigosas relações existentes entre magistrados e familiares próximos que trabalhavam como comissionados em gabinetes ou vinculados a bancas advocatícias que atuam nos tribunais.

“É um problema antigo”, ressaltou ela, “mas que nos últimos tempos se agravou muito. E não são só filhos, há também mulheres de ministros fazendo a mesma coisa”.

Para encerrar, em uma curta frase Eliana disse tudo: “São uns meninos e estão todos milionários”.

Data vênia, um escândalo.

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