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Crônicas de uma morte anunciada – Por Caio Gottlieb

Escreveu ela: “A guerra contra a Lava Jato não é só da Procuradoria Geral da República nem é só contra a força-tarefa de Curitiba. O procurador-geral...

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Por Caio Gottlieb

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Normalmente discordo de quase tudo o que a jornalista Eliane Cantanhêde publica em sua coluna no Estadão, mas endosso integralmente a afirmação que ela fez, e que reproduzo abaixo, nas primeiras linhas do seu recente comentário sobre as graves ameaças que pairam neste momento sobre os esforços do país no combate aos bandidos de colarinho branco.

Escreveu ela: “A guerra contra a Lava Jato não é só da Procuradoria Geral da República nem é só contra a força-tarefa de Curitiba. O procurador-geral Augusto Aras é o líder ostensivo e porta-voz, mas o ataque à maior operação de combate à corrupção do mundo vai muito além dele, incluindo Congresso e parte de Supremo, OAB, Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e da própria mídia. É um movimento combinado e visa Curitiba, São Paulo e Rio”.

E completou: “Ninguém questiona a fala de Aras sobre ‘correção de rumos’ e ‘garantias individuais’, mas é preciso ficar claro se, por trás, não está em curso o desmanche da Lava Jato, punir e demonizar seus expoentes, impactar processos em andamento e até anular condenações já em execução. Ou seja, se a intenção é acabar com ‘excessos’, ‘hipertrofia’, investigações indevidas, dribles em leis e regras – que podem efetivamente ter ocorrido –, ou desfazer tudo e demolir, por exemplo, o ex-juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol”.

De minha parte, ao contrário da ilustre colega, não alimento nenhuma dúvida sobre os reais, e inconfessáveis, objetivos do complô: a finalidade é, sim, implodir a operação e impedi-la de continuar investigando, descobrindo e punindo agentes públicos e empresários poderosos envolvidos na quadrilha que assaltou os cofres da Petrobras.

Nada disso causa surpresa. As tentativas de sabotar e dinamitar a Lava Jato vêm desde o seu nascimento. Mas, agora, o confronto subiu de tom e ficou muito mais escancarado.

Eu mesmo, neste blog, já tratei inúmeras vezes o assunto, expondo as escaramuças que se armam a todo momento contra a operação.

Apenas para ilustrar, relembro a nota que postei em setembro de 2018 com o título “Cá como lá”:

“Com a posse de Dias Toffoli na presidência do Supremo Tribunal Federal e o desenfreado ativismo jurídico-político de alguns de seus integrantes, proibindo prisões temporárias ou preventivas de pessoas notoriamente envolvidas em práticas criminosas, soltando presos já condenados e paralisando o andamento de inquéritos e processos, o livro lançado há pouco mais de um ano pelo procurador Rodrigo Chemin, do Ministério Público do Paraná, está mais atual do que nunca.

Doutor em Direito do Estado, ele abordou na obra, intitulada ‘Mãos Limpas e Lava Jato: a corrupção se olha no espelho’, as semelhanças entre a célebre investigação italiana e sua igualmente famosa congênere brasileira.

Munido de farta e detalhada documentação obtida em trabalhosa pesquisa, ele relatou a poderosa conspiração que uniu setores das altas esferas da magistratura, do governo e do grande empresariado para minar a operação da Itália e levantou o temor de que um conluio maquiavélico nos mesmos moldes poderia colocar em risco a punição dos corruptos aqui no Brasil.

Parece que os seus mais pessimistas vaticínios estão se confirmando”.

Pouco menos de dois anos depois, percebem-se sinais de que os inimigos da luta contra a impunidade, encorajados por aliados de ocasião, estão dispostos a passar de todos os limites, municiados pela CPI que está pronta para ser instalada na Câmara Federal, com as assinaturas de 176 deputados, e que foi fortemente turbinada na última semana pelas declarações de Augusto Aras na escandalosa live que fez com advogados petistas.

Sabe-se que alguns integrantes do grupo, repleto de parlamentares investigados na operação, estão tramando até pedir a prisão de Sergio Moro e dos procuradores da Lava Jato.

Tem gente querendo levar o Brasil para dançar à beira do precipício.

(Leia e compartilhe outras postagens acessando o site: caiogottlieb.jor.br)

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