Ataques à Promotora Simone Lorens e outras mulheres persistem e comunidade aguarda resposta da Justiça

Em meio a discussões recorrentes sobre a morosidade da Justiça e a necessidade de respostas rápidas para salvaguardar vidas, casos envolvendo violência contra mulheres continuam a evidenciar a urgência de medidas protetivas eficazes. Um episódio recente em Cascavel demonstra a vulnerabilidade a que mulheres ainda estão expostas, mesmo aquelas que exercem funções públicas essenciais.

A Promotora de Justiça Simone Lúcia Lorens tem sido alvo de reiterados ataques nas redes sociais, marcados por desqualificações pessoais e tentativas de intimidação. As agressões, além de atingirem uma mulher no exercício de função pública, representam um ataque ao compromisso constitucional do Ministério Público com a promoção da igualdade, da dignidade e do respeito às mulheres em todos os âmbitos de atuação.

Além da promotora, as ameaças atingem a Juíza Fernanda Dorneles, a advogada Rafaela Polidoro e a ex-mulher do agressor, todas envolvidas em um processo judicial que tramita sob segredo de justiça. De acordo com informações apuradas, as manifestações do suspeito não se restringem a Simone Lorens, que, apesar de não atuar no referido processo há cerca de 15 dias, permanece sendo alvo constante de ameaças. A situação tem causado preocupação entre entidades e membros do Ministério Público.

Na semana passada, a Associação Paranaense do Ministério Público (APMP) emitiu nota oficial sobre o caso, confirmando as violações cometidas não apenas contra a promotora, mas também contra o Ministério Público e suas decisões. Em sua declaração, a entidade ressaltou que Simone Lorens, além de profissional exemplar, exerce papel fundamental como Diretora de Defesa de Prerrogativas da APMP, sendo responsável por garantir condições para que membros do Ministério Público atuem com autonomia, responsabilidade e serenidade, especialmente em situações que envolvem o enfrentamento ao crime e a proteção dos vulneráveis.

“A APMP esclarece que a Promotora de Justiça Simone Lúcia Lorens, além de profissional exemplar em sua atuação jurídica, desempenha, como Diretora de Defesa de Prerrogativas da entidade, papel essencial na proteção institucional e na garantia de condições para que os membros do Ministério Público possam exercer suas atribuições com autonomia, responsabilidade e serenidade – especialmente quando seu trabalho envolve o enfrentamento ao crime, a defesa dos vulneráveis, a proteção de crianças e adolescentes, e a tutela de direitos fundamentais. Sua trajetória na instituição sempre foi marcada pela ética, firmeza de propósito e dedicação à defesa da população, atributos que reforçam ainda mais a gravidade dos ataques que vem sofrendo”, destacou a associação.

Apesar das ações judiciais e denúncias apresentadas pelo Ministério Público, bem como das manifestações da APMP e de outros órgãos, até o momento o Poder Judiciário não decidiu sobre as medidas cautelares solicitadas contra o suspeito. Em casos semelhantes, decisões costumam ser tomadas em um único dia. Entretanto, neste caso específico, que envolve uma promotora, uma advogada e outras mulheres relacionadas ao processo, as medidas protetivas seguem pendentes.

O episódio reforça a necessidade de celeridade judicial, independentemente da função ou condição das mulheres envolvidas. A demora na concessão de medidas protetivas evidencia a vulnerabilidade a que as mulheres continuam submetidas, mesmo diante de reiterados pedidos de proteção e manifestações de entidades representativas.