Dia de São Dámaso: papa que fortaleceu a Igreja e introduziu o “Glória” na liturgia é lembrado nesta quinta-feira

A Igreja Católica celebra nesta quinta-feira (11) o Dia de São Dámaso I, pope que governou a Igreja entre os anos de 366 e 384. Reconhecido como uma das figuras mais influentes do cristianismo no século IV, ele se destacou pelo zelo na defesa da fé, pelo fortalecimento da autoridade papal e pela introdução da oração conhecida como “Glória ao Pai” na liturgia.

São Dámaso nasceu por volta do ano 304 na região da antiga Gallaecia, território correspondente ao atual Idanha-a-Velha, em Portugal. Ainda jovem, mudou-se com a família para Roma, onde iniciou sua trajetória na vida religiosa. Atuou como diácono e, mais tarde, como presbítero da igreja de São Lourenço Mártir. Serviu também como secretário dos papas Libério e Félix, experiência que o aproximou da estrutura administrativa da Igreja.

Eleição marcada por conflitos

Sua eleição ao pontificado, em 366, ocorreu em meio a forte tensão interna. Um grupo contrário ao seu nome, influenciado por ideias arianas, tentou eleger paralelamente o diácono Ursino como papa. O impasse só foi resolvido no ano seguinte, quando o imperador Valentiniano reconheceu Dámaso como legítimo sucessor de São Pedro e enviou Ursino ao exílio. Mesmo assim, disputas e acusações contra o pontífice persistiram durante seu governo.

Defesa da fé e enfrentamento de heresias

Dámaso teve papel central nos debates doutrinários de sua época. Sob sua liderança, sínodos realizados em Roma condenaram heresias que questionavam a natureza de Cristo e a divindade do Espírito Santo. Ele também ofereceu apoio às comunidades cristãs do Oriente, que enfrentavam divisões internas e pressões do arianismo.

No campo civil, apoiou a retirada do altar dedicado à deusa Vitória do Senado Romano, reforçando a consolidação do cristianismo no Império. Viveu ainda a promulgação do decreto “De fide Católica”, em 380, pelo imperador Teodósio I, que estabeleceu oficialmente o catolicismo como religião do Estado.

Contribuição para a liturgia e memória dos mártires

Entre os seus legados mais conhecidos está a introdução da doxologia trinitária — a oração do “Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo” — como parte da liturgia. São Dámaso também incentivou o culto aos mártires, localizando e preservando túmulos de cristãos perseguidos nos séculos anteriores.

Durante seu pontificado, ordenou a construção de templos e restaurou locais de memória cristã, como a Basílica de São Sebastião, na Via Ápia. Seu secretário, São Jerônimo, recebeu dele a missão de traduzir a Bíblia para o latim, trabalho que deu origem à Vulgata — versão que se tornaria referência canônica por muitos séculos.

Morte e legado

São Dámaso morreu em 11 de dezembro de 384, aos 80 anos. Por escolha própria, foi sepultado em uma das catacumbas de Roma, em túmulo simples, distante dos monumentos imperiais. Sobre o local, foi construída posteriormente a basílica que hoje leva seu nome.

Sua atuação diplomática, doutrinária e litúrgica consolidou bases importantes da Igreja Católica, e seu legado continua presente na liturgia e na própria estrutura da Igreja moderna.