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Luzes acesas e alerta também: ‘Neste Natal ainda vamos fechar no azul’, diz presidente da Acic

O fato é que o cenário é mais complexo do que as vitrines iluminadas sugerem. Depois de um avanço nacional de 4,5% nas vendas do varejo...

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Por Luiz Haab

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Dependendo de qual lado do balcão você esteja, talvez tenha a impressão de que as vendas de dezembro estão tímidas para o Natal de Cascavel. Ou então pense que está tudo seguindo a estimativa nacional, que preveem vendas significativas, ainda que menores do que as do mesmo período do ano passado.

O fato é que o cenário é mais complexo do que as vitrines iluminadas sugerem. Depois de um avanço nacional de 4,5% nas vendas do varejo entre 2023 e 2024, o país entra no novo ano com fôlego reduzido: a Fecomércio projeta apenas 2,5% de crescimento para 2025. Em Cascavel, essa desaceleração se sente nas conversas nas lojas. Ainda assim, o comércio local segue firme, tentando transformar cada passo de consumidor em oportunidade.

A CGN recebeu para uma conversa no estúdio o presidente da Associação Comercial e Industrial de Cascavel, Marcio Blazius. O líder da Acic explica os motivos desse ritmo mais lento. Segundo ele, o endividamento das famílias criou um teto invisível para o consumo, e a cidade, apesar de seu dinamismo, não vive fora dessa realidade, que inclui juros elevados no país.

“Nós temos uma Selic a 15%, o que praticamente inviabiliza você ficar devendo alguma coisa nas compras a prazo. Nós temos uma inadimplência muito alta, com cerca de 80% das famílias endividadas [no Brasil]. O Paraná ainda está um pouco melhor na parte de inadimplência, em torno de 40% a 44%, contra mais de 50% das demais regiões.”

Concorrência virtual

Blazius observa que os lojistas enfrentam uma disputa silenciosa – e muitas vezes desigual – com os gigantes do comércio eletrônico. Para ele, ignorar o digital seria algo como entregar parte do faturamento sem pedir recibo.

“A gente percebe uma certa retração nas vendas de lojas de calçada, mas também tem um aumento expressivo nas lojas online. […] Todo ano é um desafio novo. Então, o que é que lojista tem que fazer? Ele tem que tornar essa experiência de compra agradável para aquele cliente voltar para a loja. Esse é o desafio: enfrentar essa pegada da internet e dos grandes players online, que tiram a força do comércio de rua .”  

Mesmo assim, Blazius garante que 2024 terminará no azul para o comércio cascavelense. A preocupação, porém, está adiante: se inflação e juros não forem contidos e se os lojistas não se adaptarem a novos hábitos de compra, o alerta se acende para 2026, que pode fechar no vermelho.

“Na nossa perspectiva, neste ano a gente ainda vai fechar no azul. Ainda vamos conseguir de 2% a 3% a mais [de vendas] do que em relação ao ano passado, especialmente agora, entrando nesta época natalina. […] Hoje nós temos muitos comerciantes que trabalham em um canal só, que é a venda de balcão. O que nós estamos falando é de uma evolução em que o consumidor possa comprar por um canal, pagar por outro, buscar por outro canal e fazer a troca em um outro. Essa integração [dos meios físicos e digitais] é o que fideliza o cliente.”

O recado é direto – acomodação não tem espaço num mercado em que concorrência se reinventa todos os dias. Cascavel, polo regional, tem força para crescer, mas precisa decidir que tipo de comércio quer ser.

Nesse esforço de virada, a Acic intensificou campanhas para atrair consumidores de outras cidades, apostando na vocação regional de Cascavel como centro de compras. A lógica é simples: se as lojas precisam de mais gente circulando, então é preciso trazer essa gente para cá.

“O que nós estamos fazendo enquanto associação comercial? Não adiante eu incentivar um lado da cidade a atrair o consumidor e deixar o outro desguarnecido. Então, nós estamos fazendo uma campanha bastante forte para atrair consumidores de outras regiões para Cascavel”.

Além das campanhas, a associação reforça treinamentos para comerciantes de diferentes áreas da cidade. Não importa se a loja fica no coração do Centro ou em um bairro afastado – todos precisam dominar novas ferramentas para sobreviver num mercado onde o cliente transita do balcão ao celular em segundos.

Com temperaturas que oscilam entre o calor das ruas e a frieza dos gráficos econômicos, o Natal em Cascavel promete revelar mais do que números de vendas. Será um termômetro do quanto o comércio local está disposto a mudar para continuar relevante. As calçadas lotadas podem até sugerir prosperidade automática, mas os bastidores mostram que o futuro dependerá menos do fluxo de fim de ano e mais da coragem dos lojistas em disputar um cliente cada vez mais informado, impaciente e conectado. Cascavel sabe vender. Agora precisa provar que sabe evoluir.

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