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“Com formação está assim. Imagina sem”, teme chefe da Ciretran de Cascavel sobre eliminar autoescola para ter CNH

No dia 1º de dezembro, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) sacudiu o país ao anunciar que as tradicionais 20 horas-aula nas autoescolas deixariam de ser...

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Por Luiz Haab

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Poucas decisões poderiam mexer tanto com a rotina dos brasileiros quanto as regras para tirar a carteira de motorista. O país já tem 85,3 milhões de motoristas habilitados.

No dia 1º de dezembro, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) sacudiu o país ao anunciar que as tradicionais 20 horas-aula nas autoescolas deixariam de ser obrigatórias. A novidade, porém, veio antes das instruções — e isso acendeu um sinal de alerta mesmo para quem precisa orientar a população.

No estúdio da CGN, o chefe da Ciretran de Cascavel, José Ivanir, não escondeu a preocupação com o fato da circuncisão regional de trânsito não ter sido esclarecida pelo órgão de nível: “Não temos nenhuma orientação. Não sabemos como atender o cidadão hoje.” A frase sintetiza o clima dentro dos órgãos de trânsito. Falta regra, falta manual, falta clareza.

A mudança nas regras entrará em vigor assim que publicada em diário oficial, o que está previsto para os próximos dias.

A mudança que chegou antes das respostas

Durante décadas, o caminho para conquistar a CNH foi rígido: inscrição em autoescola, aulas teóricas e práticas, exames e taxas. Agora, segundo a mudança anunciada, apenas duas horas obrigatórias de instrução seriam exigidas – além dos exames psicotécnico e prático, que foram mantidos. Simples? Nem tanto.

Surge uma figura completamente nova no processo: o instrutor autônomo de trânsito. Um profissional que, por enquanto, existe apenas na intenção — sem critérios, sem regras, sem certificação.
José Ivanir é direto: “Não sabemos quem vai credenciar, o que esse instrutor precisa saber, quem fiscaliza… nada.”

Autoescolas reagem: prejuízo à vista e incerteza no ar

Com a possível queda de até 80% no custo da habilitação, os centros de formação de condutores se sentem ameaçados. Reclamam, pressionam e temem o óbvio: redução na procura e perda de receita.
Mas, para além da economia no bolso do futuro motorista, há um debate mais incômodo: menos formação significa mais risco nas ruas?

O risco que ninguém quer assumir

O trânsito brasileiro já é conhecido pela violência. A meta nacional, reforçada por iniciativas como a da Transitar, em Cascavel, é reduzir em 50% o número de mortes. Para o chefe da Ciretran, a medida federal inviabiliza o fechamento dessa conta. Ele dispara: “Com boa formação já estamos nessa situação. Imagine sem. Com medidas populistas, não vamos diminuir em 50% as mortes; vamos aumentar em 50%.”

O governo vê oportunidade; especialistas, nem tanto

O Governo Federal argumenta que flexibilizar as regras abre portas para que mais pessoas possam trabalhar com veículos, seja no campo, no transporte ou em aplicativos. Mas José Ivanir rebate com um exemplo simples: “formar um motorista não é muito diferente de educar uma criança; exige método, acompanhamento e responsabilidade.” Retirar essa estrutura sem oferecer uma alternativa sólida, segundo ele, é receita para o caos.

E quem fiscaliza o novo ‘instrutor autônomo’?

Essa é a pergunta que ninguém consegue responder. No cenário de indefinição, o próprio entrevistado vislumbra outro desfecho possível: autoescolas virando centros de formação de instrutores, em vez de condutores. Uma reinvenção forçada, mas talvez inevitável.

“Trânsito não é brincadeira”

Ao encerrar a entrevista, José Ivanir reforçou o que considera o ponto central em meio à avalanche de dúvidas: “Precisamos levar esse esclarecimento para a sociedade, porque o trânsito não é brincadeira. Estamos numa situação difícil e precisamos melhorar — não piorar.”

A mudança pode representar democratização do acesso à CNH. Mas também pode abrir uma temporada de improvisos com consequências imprevisíveis nas ruas. Por enquanto, o Brasil aguarda o Diário Oficial — e torce para que as respostas venham junto com ele.

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