CGN
Acesse aqui o Discover e busque as mais lidas por mês!
Imagem referente a Puberdade aos 4, menopausa aos 16: jovem brasileira desafia o próprio corpo e sonha em ser mãe

Puberdade aos 4, menopausa aos 16: jovem brasileira desafia o próprio corpo e sonha em ser mãe

Os primeiros sinais de desenvolvimento atípico surgiram ainda na infância. “Tinha um suor forte debaixo do braço, começou assim”, relembra Julia. Com o passar dos meses,...

Publicado em

Por Silmara Santos

Publicidade
Imagem referente a Puberdade aos 4, menopausa aos 16: jovem brasileira desafia o próprio corpo e sonha em ser mãe

A estudante Julia Micaelly Ribeiro Carvalho, de 20 anos, natural de Pedreiras, no Maranhão, vive uma trajetória marcada por desafios médicos raros e precoces. Portadora de uma condição incomum, a jovem enfrentou a puberdade aos 4 anos e, pouco mais de uma década depois, foi submetida à menopausa induzida aos 16 anos, após a remoção dos ovários devido a um cisto hemorrágico.

Os primeiros sinais de desenvolvimento atípico surgiram ainda na infância. “Tinha um suor forte debaixo do braço, começou assim”, relembra Julia. Com o passar dos meses, seu corpo passou a apresentar características típicas da puberdade, como o surgimento de pelos e o desenvolvimento dos seios. O constrangimento era constante. “Eu fazia natação na minha escola, então, eu via o quanto meu corpo era diferente do das outras meninas. Elas tinham um corpinho de criança, sem pelos. Eu sempre pensava: ‘Por que eu tenho e elas não?’”, relata.

Apenas aos 7 anos, por sugestão da mãe de uma colega, Julia foi levada a um endocrinopediatra. Os exames indicaram que ela estava prestes a menstruar, além de revelarem uma idade óssea avançada para a faixa etária: “A médica também falou que a minha idade óssea era de 12 anos, meu osso já tinha esticado bastante, o que não era bom”, explica.

Diagnosticada com puberdade precoce — condição definida pelo desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários antes dos 8 anos em meninas — Julia iniciou tratamento com hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH). O medicamento foi obtido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) com urgência, dada a gravidade do quadro. O tratamento, contudo, foi doloroso e traumático. “Eu tomava um dia e passava dois dias com o bumbum ainda dolorido. Era horrível. Toda vez, eu chorava e falava que não queria”, recorda.

Aos 11 anos, Julia teve sua primeira menstruação e seguiu em acompanhamento médico. Entretanto, aos 16 anos, foi surpreendida por um cisto hemorrágico no ovário esquerdo, que se rompeu silenciosamente, provocando uma hemorragia interna grave. “Minha barriga estava lotada de sangue. Eu tive uma hemorragia interna muito intensa”, conta. Durante a cirurgia de emergência, ambos os ovários precisaram ser removidos. “Quando ele encostou no ovário, ele rompeu. O esquerdo rompeu dentro de mim e o direito na mão do cirurgião”, relata. Os médicos não conseguiram identificar a causa exata do surgimento e crescimento agressivo do cisto.

Com a retirada dos ovários, Julia foi diagnosticada com menopausa cirúrgica aos 16 anos. “Na hora que a médica falou em menopausa, eu me espantei, não entendia o que uma coisa tinha a ver com a outra. O meu tipo é considerado menopausa cirúrgica ou menopausa induzida, quando algum procedimento cirúrgico resulta na perda dos ovários”, explica. O impacto emocional foi profundo. “Eu fiquei muito transtornada. Pensava que ia ter que lidar com essa menopausa pelo resto da minha vida. Uma coisa que era para eu lidar com uns 55 anos, eu estava lidando com 16”, desabafa.

Os sintomas da menopausa precoce foram severos e incluíram desequilíbrio emocional, ondas de calor intensas e ansiedade. “Era uma ansiedade que eu nunca tinha sentido antes na minha vida. Um medo até de dormir sozinha. Era um medo que eu tinha de morrer. Nem eu conseguia me entender”, conta. A adaptação ao tratamento hormonal foi difícil, marcada por candidíase de repetição, atrofia uterina e transtorno pós-traumático.

Mais recentemente, Julia enfrentou outro desafio de saúde: a descoberta de um tumor na hipófise, após perceber a saída de leite dos seios. Em outubro de 2025, ela fará nova ressonância para avaliar a evolução do quadro e, se necessário, passará por cirurgia.

Apesar das adversidades, Julia mantém o sonho de ser mãe. “Minha mãe, que tinha 38 anos na época, recorreu ao tratamento para congelar os óvulos para doá-los para mim futuramente. Foi um ato lindo. Então, tem oito óvulos congelados me esperando”, revela. A jovem planeja realizar fertilização in vitro (FIV), já que ainda possui o útero. “Eu vou fazer a FIV porque eu ainda tenho o útero, então, eu ainda consigo gestar”, conclui.

Com informações da Revista Crescer.

Veja Mais

Whatsapp CGN 3015-0366 - Canal direto com nossa redação

Envie sua solicitação que uma equipe nossa irá atender você.


Participe do nosso grupo no Whatsapp

ou

Participe do nosso canal no Telegram

AVISO
agora
Plantão CGN