
“Z de zangão”: projeto aproveita vivências para alfabetizar no mangue
Na Vila dos Pescadores de Ajuruteua, no município de Bragança, no nordeste do Pará, o abecedário ensinado a crianças e adolescentes é diferente. Sentados em círculo......

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Por CGN
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Na Vila dos Pescadores de Ajuruteua, no município de Bragança, no nordeste do Pará, o abecedário ensinado a crianças e adolescentes é diferente. Sentados em círculo em um galpão com estrutura de palafita, erguido por troncos de madeira que impedem que as marés inundem a escola, os estudantes associam o ambiente que os cerca a cada uma das letras. O “R” é de rancho, o “O” é de ostra, o “Z” ali não é de zebra, mas de zangão e o “M”, de mangue – ecossistema no qual estão imersos e do qual a maior parte das famílias ali retira o sustento.
“O que a gente faz aqui é com que eles identifiquem o espaço deles a partir da leitura. Explicamos, não pela escrita em si, mas pela fala, pelos desenhos, por jogos. Assim, eles conseguem identificar as letrinhas com aquilo que eles vivenciam diariamente”, explica a professora alfabetizadora Pâmela Gonsalves. As aulas fazem parte de uma das iniciativas do projeto Mangues da Amazônia, o AlfaMangue.
Fernando Frazão/Agência Brasil
Além de promover o reflorestamento, o mapeamento do manguezal e das espécies que ali habitam, o projeto também é voltado para a educação ambiental e para as necessidades das comunidades que vivem nas áreas de mangue. O AlfaMangue surgiu a partir da identificação de uma dessas necessidades: muitas crianças e adolescentes estavam com a aprendizagem defasada ou não sabiam ler ou escrever. As aulas funcionam como um reforço ao ensino regular, em contraturnos e nos finais de semana.
os estudantes precisam ir à comunidade vizinha,
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“A maré enche e, então, essas crianças faltam muita aula, porque não conseguem atravessar a ponte. Elas têm dificuldade na escrita porque elas não vão muito para escola por causa da maré”.
Vila dos Pescadores de Ajuruteua, na área da Reserva Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu.
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Ele é o nosso objeto de estudo e
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Crianças da Vila dos Pescadores de Ajuruteua participam da Alfamangue, atividade de alfabetização baseada na temática do manguezal do Projeto Mangues da Amazônia, na área da Reserva Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu. Notícias relacionadas:
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No livro de estudos, ela desenhou o animal preferido que vive no mangue: um peixe. “Eu gosto muito de peixe, eu tenho um peixe, o nome dele é Rafael”, diz. “Eu aprendi que cuidar do mangue é bom porque do mangue vem no nosso alimento”.
A estudante Hévelly Fernandes, da Vila dos Pescadores de Ajuruteua, participa da Alfamangue, atividade de alfabetização baseada na temática do manguezal do Projeto Mangues da Amazônia. Fernando Frazão/Agência Brasil
Ao lado de Hévelly, a mãe, Rutelene Sousa, de 48 anos, acompanha orgulhosa os progressos da futura pilota. Rutelene vende os peixes que o marido pesca na região e é daí que vem o sustento da família.
vou para Bragança vender, com ela. Aí, quando nós chegamos, ela vai para a aula. Ela estuda às 13h e sai às 17h. Quando ela vai pra lá, eu vou deitar um pouquinho, descansar. À noite, sou eu que estudo. Aí, de manhã, no outro dia, vou de novo para o meu trabalho”, conta Rutelene.
mostrar e explicar, porque o nosso dia a dia é muito corrido”, diz. “Hoje em dia, a minha filha pega uma cartilha e ela sabe ler”.
o ensino médio, à noite. Ela diz que sempre foi um sonho, que acabou sendo adiado com o casamento, os filhos e a correria do dia a dia.
“A educação ensina muita coisa para a gente, abre muito as portas. Quando a gente é analfabeto, a gente é um cego de olho aberto. A gente não enxerga as coisas. Quando a gente sabe ler, sabe escrever, a gente vê as coisas com outro olhar, tem outro conhecimento”.
que, aos 61 anos, está prestes a realizar o sonho de ter uma formação. Em dois meses, ela vai se formar em educação do campo no Instituto Federal do Pará (IFPA).
atuam na conscientização dos moradores e levam debates para as escolas.
“Minha mãe pescava, ela tirava caranguejo, minha avó também”, diz. “Às vezes, as pessoas não têm consciência do que estão fazendo dentro do manguezal. Não têm consciência do quanto nós, da comunidade de Tamatateua, precisamos desse ecossistema, de onde nós tiramos a nossa sobrevivência. Nossos pais, nossas mães, eles vivem do mangue. Eles pescam, eles tiram o caranguejo todos os dias”.
ela nunca desistiu deles.
trabalhar, de
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Manguezal da Vila dos Pescadores de Ajuruteua, na área da Reserva Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu. Fernando Frazão/Agência Brasil
*A equipe da Agência Brasil viajou à Bragança entre os dias 11 e 14 de junho para conhecer o projeto Mangues da Amazônia, a convite da Petrobras, patrocinadora do projeto.
Fonte: Agência Brasil
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