
Exposição em São Paulo destaca falas e sotaques do Brasil
Como você pronuncia o plural da palavra você? Como vocêssss? Como vocêis? Como vocêish? Os sotaques são apenas um exemplo da imensa diversidade e pluralidade que......

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Por CGN
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Como você pronuncia o plural da palavra você? Como vocêssss? Como vocêis? Como vocêish? Os sotaques são apenas um exemplo da imensa diversidade e pluralidade que estão presentes na língua portuguesa no Brasil.
Cada palavra que falamos, cada sotaque e o jeito como falamos nos traz a memória de uma longa história da língua no país. Uma história que tem início com o cruzamento do português com tantas outros idiomas e falares, como a dos povos originários e dos povos negros africanos, mas que continua sendo transformada no dia a dia.
As formas de se falar a língua portuguesa são o tema da nova exposição temporária e interativa em cartaz no Museu da Língua Portuguesa. Chamada de Fala Falar Falares, a mostra será aberta ao público nesta sexta-feira (28).
A mostra é uma grande celebração das diferentes formas de falar em todos os cantos do país, apresentando os mais diversos sotaques. Ela também aborda a capacidade de manipular o som a partir do corpo e como isso se transforma no nosso modo de falar, de criar música e de expressar de maneiras tão diferentes dentro da mesma língua. A curadoria é da cenógrafa e cineasta Daniela Thomas e do escritor e linguista Caetano W. Galindo.
“A exposição partiu da ideia de explorar a diversidade de falares do português do Brasil, mas acabou virando uma coisa um pouco maior em que a gente parte do mais básico de tudo, que é o ar que respiramos e que usamos para produzir os sons da fala e as palavras que dão nome à nossa realidade. A mostra também fala de onde vem essas palavras, como se forma essa língua e como varia dentro do país. Essa é uma viagem longa e densa”, contou o curador, em entrevista à imprensa.
A exposição tem o objetivo de fazer o público pensar no quanto é especial a capacidade de falar. “Teve uma hora em que chamamos a exposição de ‘você’. Porque a ideia era de que você se desse conta do que é a língua em você, que a língua é quase indissociada da própria ideia de si próprio. Como é que você se pensa? Você se pensa por meio da língua. E aqui é um lugar para você se dar conta do quanto a língua faz, do quanto existe e de que ela é uma dádiva da relação humana e do ser humano. Carregamos esse poder de representar, de comunicar e de pensar”, disse Daniela Thomas.
Dentro da sala expositiva, o público irá se deparar inicialmente com duas instalações dedicadas a mostrar como o fenômeno da fala ocorre dentro do nosso corpo. Na primeira delas, os visitantes serão convidados a usar um microfone que foi calibrado para captar sons de pessoas respirando e que está ligado a uma projeção de luz que pulsa conforme esse som é emitido. Na outra sala são apresentadas imagens captadas por uma máquina de ressonância magnética, que mostra como o interior do corpo se movimenta quando são faladas frases de canções brasileiras.
O percurso prossegue com uma sala de detecção de movimento: nesse espaço, uma imagem do visitante em movimento será reproduzida em uma tela e formada por palavras que descrevem cada parte do corpo humano.
“A sala seguinte é sobre a formação do vocabulário do português. A gente tem um grande mapa- múndi, com o Brasil colocado bem no centro, e uma mesa interativa em que as pessoas podem selecionar uma palavra. E aí, a animação da parede vai mostrar os caminhos que essa palavra percorreu vinda da China, da África ou da América do Norte, até chegar ao Brasil”, explicou o curador.
As duas últimas salas da exposição apresentam um quiz (jogo de perguntas e respostas) com vídeos gravados e que vai testar se o visitante conhece os diferentes sotaques falados no Brasil e uma instalação circular, com 12 telas de TV que retratam, cada uma, um interlocutor falando sobre orgulho, pertencimento e até preconceito com sua forma de falar. “Estamos vivendo tempos de cisões, exclusões, polarizações, tensionamentos e esgarçamentos da sociedade. Mas pense no quanto é linda essa ideia de que a gente está ali em torno de 12 pessoas, com cada uma delas falando conscientemente da sua diferença absoluta das outras. E no entanto, isso não estava gerando exclusão, diferença ou recusa, mas um fascínio permanente. Estava todo mundo unido pelo fato de cada um ser completamente diferente do outro. E isso é a chave para todos os problemas da sociedade. Eu, de fato, acho que linguagem é uma arena fenomenal para termos discussões e fazermos experimentos sociológicos”, disse Galindo.
Lançamento de livro
Além da exposição, a programação do museu prevê o lançamento do livro Na Ponta da Língua, de Galindo, no próximo sábado (29), às 17h. No livro, o curador da mostra fala sobre a origem das palavras. O evento, que acontece no museu, incluirá um bate-papo com o autor e uma sessão de autógrafos.
A entrada no Museu da Língua Portuguesa é gratuita aos sábados e domingos. Mais informações sobre a exposição, que ficará em cartaz até setembro, podem ser obtidas no site do museu.
Fonte: Agência Brasil
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