
Editorial: A esmola como gesto de desespero, não de cumplicidade
A esmola é, muitas vezes, um gesto de desespero, uma tentativa de evitar a agressão que parece sempre à espreita. O verdadeiro culpado é o Estado que, por omissão, entrega as ruas à marginalidade....

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Por Redação CGN
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Editorial CGN – Cascavel amanheceu mais fria no dia de hoje. Não pelo clima, mas pela brutalidade cometida em plena via pública no dia de ontem: um homem de bem, espancado covardemente até a morte por um marginal que nada tem a perder — e aparentemente, nada teme. O fato é revoltante, mas ainda mais revoltante é a apatia do poder público diante de um cenário que há muito deixou de ser pontual e se tornou rotina: a insegurança generalizada, alimentada pela negligência e pelo discurso frouxo de direitos que só protegem o criminoso.
A cidade cresceu, é verdade. E com o crescimento, vieram não apenas oportunidades, mas também desafios. Infelizmente, muitos desses desafios chegam na forma de andarilhos, viciados e criminosos que transformaram as calçadas em território livre para o crime. Essa realidade, vivida diariamente por comerciantes, trabalhadores e famílias inteiras, é ignorada por aqueles que deveriam estar na linha de frente da defesa do cidadão.
A criação da Guarda Municipal de Cascavel foi, sem dúvida, um avanço digno de reconhecimento. Os agentes da GM têm se mostrado verdadeiros heróis urbanos, agindo onde muitos se omitem. Mas é inaceitável que apenas eles carreguem nas costas o fardo da segurança pública. A Polícia Militar precisa retomar com força sua presença ostensiva, e o Estado — aquele que detém o monopólio da força — deve finalmente cumprir sua parte.
Não podemos deixar de citar que a Polícia remediou o fato, agindo com eficiência ao impedir que o criminoso fugisse impunemente. No entanto, é preciso ir além: prevenir para não precisar remediar. Abordagens deveriam ser realizadas com frequência e seriedade a esses andarilhos e pedintes que circulam pelas ruas da cidade incomodando e ameaçando pessoas de bem. Ao serem encontrados com drogas, armas ou qualquer indício de ameaça à ordem, devem ser punidos com rigor — ou, no mínimo, retirados imediatamente de circulação.
Não adianta tentarem desviar o foco culpando a população por “dar esmola”. Embora seja verdade que a esmola alimenta um ciclo vicioso, não é o cidadão de bem que deve ser responsabilizado pelo caos urbano. A esmola é, muitas vezes, um gesto de desespero, uma tentativa de evitar a agressão que parece sempre à espreita. O verdadeiro culpado é o Estado que, por omissão, entrega as ruas à marginalidade.
Cascavel não pode ser refém da covardia, nem da inversão de valores que protege quem infringe a lei e esquece quem a cumpre. A morte desse homem, cruel e sem sentido, precisa ser o ponto de virada. Que a dor dessa perda impulsione medidas firmes: retirada imediata dos criminosos, andarilhos e pedintes das ruas, internação compulsória para dependentes químicos reincidentes, repressão dura ao tráfico e a vadiagem, além de investimentos reais em segurança e inteligência policial.
A sociedade está de luto. Mas não deve se calar. Se hoje foi um pai de família, amanhã pode ser qualquer um de nós. Ou o Estado age, ou a sociedade deverá agir?
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