
Mochila com R$ 1,2 milhão apreendida em 2021 vira dor de cabeça judicial em 2025: celulares são liberados, dinheiro continua retido
O caso teve início em 10 de abril de 2021, quando a PRF abordou um veículo na rodovia entre Porto Belo (SC) e Foz do Iguaçu...

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Por Redação CGN

Quatro anos após uma blitz de rotina da Polícia Rodoviária Federal resultar na apreensão de uma mochila recheada com R$ 1.260.000,00 em dinheiro vivo, o caso volta aos holofotes. Em decisão proferida na última terça-feira, 18 de março de 2025, o juiz da 3ª Vara Criminal de Cascavel indeferiu o pedido de restituição da quantia milionária. A Justiça, no entanto, autorizou a devolução de dois celulares iPhone, também apreendidos no episódio.
O caso teve início em 10 de abril de 2021, quando a PRF abordou um veículo na rodovia entre Porto Belo (SC) e Foz do Iguaçu (PR). Durante a vistoria, os agentes encontraram a soma em cédulas de diferentes valores, acondicionada dentro de uma caixa de papelão colocada discretamente no assoalho do carro.
A versão apresentada pelos envolvidos — que pediram a devolução dos bens em fevereiro deste ano — é que o dinheiro seria parte do pagamento de um imóvel vendido em Cascavel. Segundo os documentos anexados ao pedido de restituição, a venda teria sido formalizada em 16 de abril de 2021, ou seja, seis dias depois da apreensão.
O detalhe já causaria estranheza, mas o Ministério Público identificou outros pontos problemáticos: a escritura foi lavrada em Quitandinha, município distante tanto do imóvel quanto do comprador e dos vendedores. Além disso, até hoje não foi identificado o pagamento do ITBI (Imposto de Transmissão de Bens Imóveis), obrigatório nesse tipo de transação.
Outro fator que mantém o caso sob suspeita é o contexto da apreensão: o transporte de grande quantia em espécie, fracionada, em região de fronteira, aliado ao histórico de investigações criminais envolvendo um dos autores do pedido, acendeu o alerta para a possibilidade de lavagem de dinheiro. Segundo o Ministério Público, ainda não há comprovação clara da origem lícita da quantia.
A decisão do juiz William da Costa, portanto, foi de manter o valor sob custódia judicial. Em seu despacho, ele destacou que “havendo dúvida razoável a respeito da efetiva propriedade de tais valores, a almejada restituição afigura-se inviabilizada, ao menos no atual estágio das atividades persecutórias penais”.
Já os dois aparelhos celulares — um iPhone 11 Pro Max e um iPhone 11 Pro — foram liberados. A perícia já havia sido concluída e não foram encontrados indícios de que os dispositivos tenham ligação com qualquer atividade criminosa. A devolução foi determinada com base na ausência de interesse processual na sua manutenção e no risco de perda de valor por obsolescência.
Os advogados responsáveis pelo caso ingressaram com recurso no dia 20 de março de 2025. O juiz recebeu a apelação, mas sem efeito suspensivo — ou seja, a decisão continua válida enquanto o recurso é analisado pelo Tribunal de Justiça do Paraná.
Com a sentença, encerra-se mais uma etapa do procedimento incidental de restituição, que segue agora para instância superior. A incógnita sobre a origem do dinheiro continua, e o inquérito segue ativo no âmbito do Ministério Público e da Polícia Civil.
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