“Se você ficar com outro, eu te apago!”: Homem causa terror psicológico contra ex

A Justiça de Laranjeiras do Sul, no Paraná, condenou um homem por violência psicológica contra a ex-companheira. Durante o relacionamento e mesmo após a separação, ele teria ameaçado, humilhado e causado dano emocional à vítima. O réu foi sentenciado a nove meses e 12 dias de reclusão em regime aberto, além de multa e indenização.

O caso chamou atenção porque, apesar de não envolver agressão física, a violência psicológica ficou comprovada por meio dos relatos da vítima, reforçados por provas documentais e testemunhais.

“Se você ficar com outro, eu te apago!”

Em seu depoimento à Justiça, a vítima detalhou os abusos que sofreu ao longo dos anos. Ela afirmou que, após o término da relação, o ex passou a fazer ameaças de morte, dizendo que “apagaria ela e qualquer pessoa com quem se relacionasse”.

Além das ameaças, a mulher relatou episódios de humilhação e controle excessivo. Segundo ela, o ex a rebaixava constantemente. “Ele dizia que eu não prestava nem pra cama e que ia me pegar de volta e fazer o que quisesse.”

A vítima contou ainda que, enquanto estavam juntos, era impedida de sair sozinha e até mesmo de visitar a própria mãe. “Era muito pouco, via minha mãe muito pouco. Quando eu via, ele não deixava nem conversar direito.”

Ela também relatou um episódio em que foi agredida pelo ex dentro de casa, ao se recusar a acompanhá-lo à igreja. “Ele me empurrou contra a parede, pegou no meu pescoço e falou que eu tinha que ir, porque eu não sabia do que ele era capaz.”

Após o término, o réu passou a usar os filhos para atingi-la. “Ele ia na casa do meu pai e me humilhava, mesmo depois da separação. Ele pegava as crianças só para me atingir.”

A mulher afirmou que precisou de acompanhamento psicológico por um ano devido aos traumas vividos.

A defesa do réu: “Ela quer me afastar dos filhos”

O acusado negou todas as acusações e alegou que a denúncia foi motivada por uma disputa pela guarda das crianças. Segundo ele, a ex-companheira só registrou a queixa depois que perdeu um pedido de guarda exclusiva.

“Ela pediu a guarda em 2022, mas o juiz negou e fixou compartilhada. Pouco depois, em 2023, ela fez a denúncia.”

Ele insistiu que nunca ameaçou ou humilhou a ex-mulher. “Sempre respeitei ela, a família dela. Nunca ameacei, nunca humilhei. Quem sou eu para dizer que posso ter ela a hora que eu quiser?”

O réu também afirmou que se afastou da igreja e da comunidade após a medida protetiva. “Eu era ministro da Eucaristia, catequista, animava cânticos na igreja. Depois de tudo isso, tive que largar tudo e me afastar.”

Testemunhas reforçam os relatos

Para esclarecer a relação entre o casal, a Justiça ouviu testemunhas que conviviam com eles.

Uma amiga da vítima disse nunca ter presenciado agressões físicas, mas confirmou que a relação era conturbada. “Eu ia lá de vez em quando, mas nunca vi nada. Só sabia que eles tinham brigas.”

Outra testemunha afirmou que o réu tinha uma boa reputação na comunidade. “Ele participava da igreja, jogava futebol. Depois disso tudo, sumiu.”

No entanto, o juiz destacou que em casos de violência psicológica a palavra da vítima tem um peso fundamental, já que essas agressões geralmente acontecem sem testemunhas diretas.

A condenação e as restrições

Com base nos depoimentos e provas apresentadas, a Justiça condenou o réu a nove meses e 12 dias de reclusão, pena que será cumprida em regime aberto. Para isso, ele precisará seguir medidas como:

• Comparecimento bimestral à Justiça
• Recolhimento noturno entre 23h e 5h
• Proibição de sair da cidade sem autorização
• Obrigação de trabalhar ou estudar

Além disso, ele terá que pagar uma indenização à vítima e não poderá se aproximar dela.

O juiz destacou que a violência psicológica, apesar de não deixar marcas físicas, causa danos emocionais profundos.

A CGN continuará acompanhando o processo.