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Após perder braço em ataque de tigre, Vrajamany Rocha brilha na natação

"A real limitação, ela é mental, ela não é física": com mais de 40 medalhas em campeonatos brasileiros, atleta está em busca de patrocinadores para alavancar sua carreira ...

Publicado em

Por Silmara Santos

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A história de Vrajamany Rocha, 22 anos, é marcada por superação. Conhecido como o “menino do tigre”, Vrajamany tornou-se um dos mais renomados paratletas de natação do Brasil, após um trágico acidente em 2014, quando teve o braço arrancado pela mordida de um Tigre no Zoológico de Cascavel.

Vrajamany, que morava em São Paulo na época, estava visitando o pai em Cascavel (PR) durante as férias escolares quando o acidente ocorreu. Vrajamany recorda cada detalhe daquele dia, desde o acidente até o tratamento médico no Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP).

“Eu lembro de tudo, desde o acidente, eu lembro do meu pai me socorrendo, eu lembro de conversar com ele lá na grama, que eu me preocupei com o tigre, tudo. Eu lembro do pessoal me colocando na ambulância, lembro de eu chegando na sala de cirurgia do hospital, lá do HU de Cascavel, lembro de acordar da cirurgia, lembro da minha semana lá no hospital, que eu já tentei fazer tudo sozinho, já desde o momento que eu acordei da cirurgia. Depois do meu período de observação lá, que foi sete dias no hospital, vim pra São Paulo. Alguns meses depois eu comecei a fazer reabilitação na rede Lucy Montoro”.

Após a reabilitação, a mãe de Vrajamany foi aconselhada a incentivá-lo a praticar esportes. Em 2016, cerca de dois anos após o acidente, Vrajamany deu início à sua carreira esportiva.

“Eu fiz o meu período de reabilitação lá, quando eu tive alta da reabilitação, o setor do condicionamento físico falou pra minha mãe me colocar no esporte, aí eu entrei em um clube de iniciação esportiva, isso já foi em 2016. É a introdução de pessoas com deficiência no esporte. Aí, da ADD, o meu professor conseguiu uma vaga pra mim na equipe de base do Comitê Paralímpico em São Paulo, eu conheci atletas da seleção brasileira, que já viajaram um pouco, defendendo pela seleção, defendendo o Brasil. Aí foi nesse momento que eu me interessei pelo esporte”.

O jovem, que treinou sozinho durante a pandemia de Covid-19 em 2020, conquistou sua primeira medalha de ouro em um campeonato brasileiro no final de 2021.

“Em 2020 teve a pandemia, aí eu saí dessa equipe de base do comitê e tive que ir pra casa, porque o CT fechou, por conta da pandemia, e até 2020 eu ainda era um dos últimos do ranking brasileiro, né? Nesse período que eu passei treinando sozinho, que eu treinei um ano na minha casa, foi onde eu tirei a minha primeira barra, onde eu tirei a minha primeira flexão, onde eu comecei a ganhar massa muscular, flexibilidade e me especializar no esporte. Um ano eu treinei na minha casa, um ano eu treinei na SEMI, que era um clube que tinha perto da minha casa”.

Hoje, Vrajamany mora e treina em Uberlândia (MG), onde conheceu sua esposa. Com mais de 40 medalhas em campeonatos brasileiros, o foco principal do paratleta é a Paralimpíada.

“No final de 2021 foi quando eu ganhei a minha primeira medalha de ouro em brasileiro. E fiz um tempo muito bom, 100 metros borboleta. Fiz um tempo próximo, assim, do índice da Paralimpíada, que o índice na época era 1.5, e 50 milésimos eu fiz 1.8.0, fiquei 250 diferentes. Aí o coach aqui de Uberlândia viu o meu resultado e em 2022 ele fez o convite para eu vir para Uberlândia treinar aqui pela equipe do Praia, né, que é a maior equipe de natação paralímpica do país. Aí em 2022 eu vim para cá, fui campeão brasileiro em 2022, 2023, 2024. Em 2023 eu conheci minha atual esposa, que mora comigo. Hoje eu já somo 10 medalhas de ouro em brasileiro. Mais de 40 medalhas em brasileiro, subindo o pódio várias vezes do brasileiro, e estou focado em conseguir uma medalha mundial na Paralimpíada agora. Minha vida é totalmente voltada a isso”.

Apesar do sucesso, Vrajamany ainda não tem patrocinadores e vive com o salário do Bolsa Atleta.

“Não tenho patrocinadores, o incentivo financeiro que eu tenho é o salário do clube, o Bolsa Atleta. Com certeza. Todo atleta é assim, ele vai lá, sofre primeiro sozinho até o dia que vem alguma empresa investe e alavanca”, relatou.

Vrajamany, que serve de inspiração para muitos, recebe frequentemente pedidos de conselhos de pessoas que passaram por amputações. Para eles, o paratleta deixa uma mensagem de força e resiliência:

“A real limitação, ela é mental, ela não é física. Então, se você tiver calma, espera passar, espera tudo acalmar, prestar atenção no que você quer, no que você precisa. Todo mundo consegue superar uma situação dessa” finaliza o atleta.

Relembre o caso

Em julho de 2014, um acidente chocante ocorreu no zoológico de Cascavel, envolvendo um menino de 11 anos e um tigre. Vrajamany Rocha, que estava de férias na casa de seu pai em Cascavel, teve o braço arrancado pela mordida do animal.

O caso ganhou repercussão nacional e ainda hoje é lembrado com tristeza. Segundo relatos do próprio Vrajamani, ele entrou na “jaula” do tigre para que seu pai pudesse tirar uma foto. Apesar de ter mexido com o tigre, que inicialmente mordeu seu dedo e depois arrancou seu braço, o menino afirmou que a culpa foi sua.

Durante o depoimento judicial, Vrajamany relatou que o acesso ao tigre foi fácil, devido à baixa altura da grade de proteção. Ele afirmou que se aproximou do tigre por vontade própria, acompanhado de seu pai e seu irmão mais novo.

Quando o tigre atacou, Vrajamany estava distraído olhando para uma árvore. Seu pai, em uma tentativa desesperada de salvar o filho, pulou a cerca de proteção e tentou afastar o tigre, sem sucesso. Após o incidente, Vrajamani foi levado às pressas para o Hospital Universitário, mas seu braço teve que ser amputado. A situação abalou profundamente a família.

A justiça considerou que o pai de Vrajamani teve culpa no acidente, por não ter impedido que o filho se aproximasse do tigre.

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