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Entenda a relação dos impactos climáticos com a vida cotidiana

Luiz Antônio......

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Por CGN

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Em um único dia, Luiz Antônio Ceccon viu toda sua história de vida e o seu trabalho, na Ilha da Pintada, em Porto Alegre (RS), serem levados pelas águas do Rio Jacuí.

Luiz Antônio Ceccon e sua esposa abrigados no Ginásio Elyseu Quinhones, em Eldorado do Sul (RS) em junho de 2024 – Bruno Peres/Agência Brasil

“Eu tinha criação de animais, eu era pescador, perdi barco, perdi rede. Eu tinha criação de bicho, ovelha, cabrito, porco, perdi tudo. Porque minha casa era meio longe aqui da ilha, para chegar lá só de barco. Eu perdi os pés da minha casa na Mexiana, dentro da Ilha da Pintada, e tudo que tinha dentro. Aqui na Picada, eu perdi também tudo que tinha dentro, que é uma casa de aluguel onde minha mulher ia abrir uma floricultura. Perdemos tudo.”

Líder comunitário de Tumbira, Roberto Macedo – Agência Brasil

Já no Norte do país, poucos meses antes, em fevereiro do mesmo ano, a Comunidade de Tumbira, no município de Iranduba (AM), começava a se recuperar de um longo período de estiagem, mais forte e longo que nos anos anteriores.

“Fumaça, calor acima da média, o rio seco, as ilhas de capim e o Cauxim – que é um fenômeno que deixa um [material] orgânico no rio quando ele seca além do normal, pega o sol, e vira tipo assim um pozinho que dá alergia nas pessoas”, conta o líder comunitário Roberto Macedo sobre o que chama de sequelas da seca.
 

“Tem um dado ali que chama muita atenção, quando a gente olha que 92% dos municípios brasileiros já registraram desastres, já foram afetados de alguma forma e que está aumentando de frequência”

Termômetros marcaram 46°C em um dia de calor intenso no Rio de Janeiro – Tomaz Silva/Agência Brasil

O estudo cruzou dados do Climate Change Institute, da Universidade do Maine, que evidenciam o aumento gradual da temperatura planetária tanto no ar, quanto no oceano; com os números do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID) do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, dos últimos 32 anos (1991 a 2023).

A partir desses dados, os pesquisadores concluíram que para cada aumento em 0,1 grau Celsius (°C) na temperatura média global do ar, houve um aumento de 360 registros de desastres.

Quando o mesmo aumento ocorreu nos oceanos, houve um crescimento foi de 584 registros. Isso representou um crescimento médio de 100 ocorrências ao ano no Brasil, no período compreendido entre 1991 a 2023.

climatológicos, para os relacionados a seca (estiagens, incêndios florestais e baixa umidade do ar);
hidrológicos, pra os relacionados a cheias (enxurradas, inundações e alagamentos);
meteorológicos, relacionados a mudanças de temperatura (ondas de frio, calor, ciclones, ventos costeiros);
geológicos, para os relacionados a deslocamento de massa (deslizamentos, terremotos e erosão); e
biológicos, para os relacionados ao desequilíbrio de espécies (epidemias e infestações).

“Quando você passa a ter alterações ambientais mais amplas, como desmatamento, poluição e enriquecimento de águas por nutrientes, você passa a beneficiar a proliferação de vários agentes infecciosos. De vírus, de bactérias e assim segue. Então, a partir daí, esse é um desastre biológico, porque ele não aconteceria naturalmente”, explica o pesquisador.

Prejuízos

Os pesquisadores também concluíram que a cada aumento 0,1°C na temperatura média global do ar, houve um prejuízo econômico estimado de R$5,6 bilhões no país.

“Todos esses dados de prejuízo econômico, a gente pode afirmar, com certeza, que são subestimados. A gente sabe que é mais do que isso, porque o dado que a gente usou para avaliar o impacto econômico é apenas aquele que as prefeituras lançam na plataforma de desastre da Defesa Civil”, explica o Christofoletti.

“Esse é um dinheiro de gasto público para reconstruir para reformar, recuperar as cidades, que é dinheiro que poderia estar indo para educação, saúde, em benefícios da sociedade, mas está sendo usado para reconstruir cidade.”

Hangar da Base Aérea de São Paulo com doações para o Rio Grande do Sul – Rovena Rosa/Agência Brasil

De acordo com o pesquisador, esses números se traduzem em impactos sociais que vão além do número de vítimas contabilizadas entre mortos, feridos e afetados. Christofoletti cita ainda as perdas emocionais não contabilizadas dessas vítimas.

“Aquela casa, principalmente para populações mais vulneráveis, ela vinha da mãe, do avô, do bisavô. Aquilo tinha história das pessoas lá dentro. São perdas que não são mensuráveis e tem um impacto de saúde mental muito grande.”

Segundo o pesquisador, outro estudo desenvolvido pela equipe do instituto da Unifesp apontou que 62% das pessoas entrevistadas sentem medo em dias com previsão de chuva intensa na sua região.

“Quando você tem 62% da população falando ‘Eu sinto medo quando vai chover!’, a gente já está falando de um impacto de saúde mental. As pessoas passam a ter medo e isso é um impacto muito forte, seja pela perda daqueles bens, que não é pelo dinheiro em si mas pelas memórias e pelo valor afetivo que eles têm, seja como isso está afetando a saúde mental propriamente”.

De acordo com a equipe, esses temas serão detalhados nas próximas publicações da série que, inicialmente, detalhará cada tipo de desastre e analisará seus impactos de forma mais específica.

“Nesse primeiro relatório a gente teve que analisar esses desastres todos juntos. Então assim, o pacote total de desastres, porque eles têm essa classificação ampla. Agora o passo que a gente vai dar, que a gente já está finalizando a primeira parte, é explorar desastre por desastre.”

Fonte: Agência Brasil

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