Juíza condena oito do PCC a até 14 anos por plano para sequestrar e matar Moro
A juíza Sandra Regina Soares, da 9.ª Vara Federal em Curitiba, afirma na sentença que o caso não foi isolado, mas sim resultado de “uma atuação...
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Por Agência Estado
Oito pessoas ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC) foram condenadas pelo plano de atentado contra o senador e ex-juiz federal Sergio Moro (União Brasil-PR), revelado em 2023, na Operação Sequaz. As penas chegam a 14 anos e nove meses de prisão.
A juíza Sandra Regina Soares, da 9.ª Vara Federal em Curitiba, afirma na sentença que o caso não foi isolado, mas sim resultado de “uma atuação criminosa contínua e extremamente estratégica” do PCC. O plano teria sido arquitetado pela célula autodenominada “sintonia restrita”, que funciona como um centro de inteligência da facção.
“Ficou evidenciado nos autos que a facção criminosa não apenas planejou o sequestro mediante extorsão aqui tratado, mas também realizou levantamentos prévios de outras autoridades públicas, demonstrando um modus operandi recorrente e meticuloso”, diz a sentença.
O crime foi tipificado como extorsão mediante sequestro. A magistrada justificou que o plano para sequestrar e matar Sergio Moro só não consumado porque a Polícia Federal agiu antes.
“A desistência inicial não foi voluntária, mas sim fruto de intervenções externas, e os réus mantiveram a intenção de consumar o crime, retomando suas ações criminosas até serem definitivamente impedidos pela atuação das autoridades policiais”, argumentou a juíza.
Quando a PF deflagrou a Operação Sequaz, a escalada de violências do PCC estava na iminência de ser desencadeada. Soldados da facção monitoravam os passos dos alvos e já haviam alugado imóveis que, provavelmente, seriam usados na execução do plano.
Segundo a investigação, outros agentes públicos também seriam alvo da facção, como o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, que há quase vinte anos investiga o PCC, e agentes penitenciários. Os ataques envolveriam sequestros e até assassinatos. O PCC pretendia colocar em prática uma ação coordenada e simultânea em diferentes Estados, apontou o inquérito.
Janeferson Aparecido Mariano Gomes, o “Nefo”, o cabeça do grupo, foi executado em junho de 2024 na Penitenciária Maurício Henrique Guimarães Pereira, conhecida como P2, em Presidente Venceslau, no interior de São Paulo.
O plano da facção teria sido motivado por mudanças nas regras para visitas a detentos – Moro proibiu as visitas íntimas em presídios federais quando era ministro da Justiça e Segurança Pública no governo Bolsonaro. Como ministro ele também coordenou a transferência e o isolamento dos “cabeças” da organização criminosa nos presídios de segurança máxima.
Veja quem foi condenado:
* Claudinei Gomes Carias, conhecido como “Nei” ou “Carro”, denunciado como responsável por ações de vigilância de Sergio Moro e da família do senador em Curitiba;
– Franklin da Silva Correa, o Frank, acusado de ajudar na parte operacional do plano de atentado;
– Herick da Silva Soares, o “Sonata”, teria participado de “atividades de logística”, como o levantamento de dados pessoais, a compra de carros e o aluguel de imóveis;
– Aline Arndt Ferri, também teria sido incumbida de buscar dados pessoais de Sergio Moro e da família dele;
– Cintia Aparecida Pinheiro Melesqui denunciada por ter buscado imóveis que pudessem servir como cativeiro;
– Hemilly Adriane Mathias Abrantes, ajudou a registrar em nome de um laranja um carro blindado usado no planejamento do crime;
– Aline de Lima Paixão, companheira de Nefo;
– Oscalina Lima Graciote, ex-companheira de Nefo.
Três réus foram absolvidos.
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