Gravações exibem agressões e ameaças em unidade prisional

Ameaças e agressões a detentos no Complexo Penitenciário Nelson Hungria, em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte (MG), vieram à tona através de gravações realizadas por um agente penitenciário do serviço de inteligência do sistema prisional da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). As gravações, realizadas em dezembro de 2020 e divulgadas recentemente nas redes sociais, resultaram na demissão de dois servidores e no afastamento temporário de outros seis.

As imagens mostram policiais penais do Grupamento de Intervenção Rápida (GIR) ameaçando e agredindo os detentos. Um dos policiais, conhecido como “01 do GIR”, “Cara limpa” ou “GIR do mal”, aparece sem o uso de balaclava, peça que cobre a cabeça e o rosto, e é apontado como o líder da equipe. “Fala pra mim de quem é a droga. Abaixa a cabeça. Nós vamos torturar vocês”, diz nas imagens que circulam nas redes sociais.

Relatos de detentos comprovam a violência. Um deles afirma que teve lesão nos lábios após ser agredido pelos policiais. Outro, que estava na unidade prisional há nove meses, também relatou ameaças e agressões. Segundo os detentos, as agressões ocorreram na presença do então diretor de segurança e do coordenador da unidade à época que se omitiram em parar as ações violentas do grupo GIR.

O vice-presidente do Sindicato dos Policiais Penais do Estado de Minas Gerais (Sindppen), Wladmir Dantas, classifica o ocorrido como um “desvio de conduta” que não condiz com a realidade. Ele afirma que a entidade não compactua com comportamentos agressivos e que trabalha para orientar os policiais penais sobre os meios corretos de atuação.

Dados da Plataforma Desencarcera, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mostram que no primeiro semestre de 2024, 278 denúncias de violação de direitos foram publicadas, referentes a 22 unidades prisionais distribuídas em 18 municípios de Minas Gerais.

O Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG) informou que tomou conhecimento do relatório e que providências foram tomadas no âmbito administrativo correcional.

Com informações de O Tempo.