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Historiador explica fatores que levaram à Proclamação da República

O processo que tornou a Proclamação da República possível e os efeitos da República na formação social brasileira são temas centrais do DR com Demori, que......

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Por CGN

O processo que tornou a Proclamação da República possível e os efeitos da República na formação social brasileira são temas centrais do DR com Demori, que recebeu o historiador e autor do livro Entre oligarquias – as origens da República brasileira (1870–1920), Rodrigo Goyena Soares.

Segundo ele, é o contexto que produz os homens, sendo homens e mulheres apenas produtos de um determinado tempo.

“É o contrário do que se aprende como sendo a história. A história no ensino médio é ensinada numa sequência de acontecimentos em que determinadas personalidades são espécies de faróis, guias absolutos do destino nacional ou dos destinos internacionais, como se eles fossem a mola propulsora das transformações históricas”.

Afirma ainda que a liberdade humana é absolutamente restrita e está condiciona às possibilidades de uma estrutura, que é o próprio contexto. 

Ao fazer um paralelo do Brasil hoje e o Brasil do passado, Goyena relembra o período após a Guerra do Paraguai (1864 – 1870), considerado um dos maiores conflitos do mundo no século XIX, e que marcou um desgaste profundo no Brasil, com grande dívida interna e, posteriormente, externa.

O historiador explica ainda que o fim da Guerra do Paraguai faz surgir uma politização das Forças Armadas no país. Segundo Goyena, a tropa retorna insatisfeita e frustrada com o poder civil que não teria amparado suficientemente a corporação militar, que reivindicava reformas coorporativas e direitos. “Muito rapidamente essas reivindicações se politizaram. São reivindicações que, no fundo, assinalavam quase que a saída dos quartéis para as ruas, que diziam respeito também a um projeto de economia política para o Estado”. 

Insatisfação dos militares e Brasil industrial

A insatisfação dos militares com a monarquia e a favor de um Brasil industrializado teria sido o gancho para a Proclamação da República, assim como as medidas que foram adotadas pelo Império e que “aceleraram a ruptura final”. De acordo com Goyena, a lei que decretou do fim da escravidão, em 1888, não previa indenização aos donos de escravos, o que gerou uma crise no sistema orçamentário do Estado.

“Fez com que todo mundo corresse aos guichês para descontar imediatamente as letras e ter papel moeda ou algo equivalente que fosse mais confiável do que uma letra escorada numa escravidão que não seria mais”, detalha.

Para injetar liquidez ao país, o governo chegou a contrair um empréstimo de 20 milhões de libras na época. 

Em termos comparativos, a Guerra do Paraguai gerou para o Brasil uma dívida de 5 milhões naquele período. “Quando o Partido Republicano Paulista vê isso, fica incrédulo, e fica incrédulo a ponto de dizer, acabou, agora tem que vir a República”, relembrou. 

Após várias reuniões secretas com Deodoro da Fonseca, o golpe foi articulado e executado em 15 de novembro de 1889.

“Estavam dispostos a dar um golpe, porque aquilo é um golpe militar, de fato, como a gente teve em 1964”, finaliza.

Após liderar o movimento que resultou na Proclamação da República, Deodoro da Fonseca exerceu o cargo de presidente provisório e posteriormente foi eleito pelo Congresso Constituinte como o primeiro presidente constitucional da República, permanecendo no cargo até 23 de novembro de 1891. 

Serviço

O programa DR com Demori vai ao ar nesta terça-feira (14), às 23h, na TV Brasil, Youtube, app TV Brasil Play e nas rádios Nacional e MEC. Todos os programas estão disponíveis no Youtube da TV Brasil.

Fonte: Agência Brasil

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