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Manifestantes comemoram democracia na Praça dos Três Poderes

Marcar posição a favor da democracia e contra qualquer movimentação que tente jogar o país em uma ditadura foi o propósito que levou milhares de pessoas......

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Por CGN

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Marcar posição a favor da democracia e contra qualquer movimentação que tente jogar o país em uma ditadura foi o propósito que levou milhares de pessoas a acordar cedo e enfrentar até chuva para mostrar, na Praça dos Três Poderes, em Brasília, que o Brasil é, e se tudo der certo, continuará sendo um país livre.

Rodrigues disse que foi xingado ao dar bom dia a um policial, quando estava sendo revistado, no momento da chegada à praça. “Ele provavelmente fez isso por causa da minha camisa”, explicou, mostrando a roupa, estampada com a bandeira da Palestina e uma logo da Ursal, a chamada União das Repúblicas Socialistas da América Latina, que, nas últimas eleições presidenciais, foi apontada como entidade subversiva da esquerda. O xingamento foi negado pela Polícia Militar.

O desejo de unir as pessoas é algo presente na vida de Cunha, líder comunitário no Recanto das Emas, cidade localizada nos arredores de Brasília. “Sempre desenvolvemos atividades de integração como práticas esportivas e debates sobre temas relevantes para os jovens e as crianças de nossa comunidade”, disse.

Indígena da etnia Tapuiá, localizada na divisa entre Minas Gerais e Goiás, a professora Alba Valéria, que atualmente vive em Valparaíso, cidade goiana no entorno do Distrito Federal, diz que o 8 de janeiro é o marco histórico “de uma boiada estourada que invadiu as sedes dos Três Poderes”.

“Foram pessoas deploráveis que vieram aqui, lideradas pelo berrante soprado por alguém que havia fugido para Orlando, nos Estados Unidos”, acrescentou ao citar o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ovelha vermelha

Na avaliação da professora, o país passou por um período em que muita manipulação foi praticada, a partir do estímulo ao ódio contra pessoas que pensam de modo diferente. “Vi os efeitos disso até mesmo na minha família. Eu mesma já fui de direita. Até que, um dia, ao escutar o discurso do presidente Lula, eu, indígena, me vi ali representada, com ele falando sobre algo que eu sentia na minha pele”, disse.

Molhado pela chuva que caiu, por volta das 10h, na Praça dos Três Poderes, o cadeirante Carlos Augusto Lopes, de 54 anos, servidor público da Secretaria de Educação do Distrito Federal, disse que todo esforço para estar ali, em um ato de defesa da democracia, valeu a pena.

“Democracia é liberdade. E sem liberdade não podemos reclamar, nem reivindicar. Só a democracia permite isso. Reclamar é praticar uma crítica construtiva. E quando reivindicamos, nos tornamos de certa forma parte integrante do Estado”, argumentou Lopes, ao ressaltar a importância de o 8 de janeiro ser eternizado como “símbolo da luta contra uma tentativa de golpe que jamais deverá se repetir”.

Luciene disse isso apontando para José Beckman, um aposentado de 71 anos que fazia, em alto e bom tom, críticas ao atual presidente do país, durante a manifestação. “Sou Bolsonaro de carteirinha. Lula não me representa porque nunca melhorou o país. Nem a economia ele faz crescer”, disse Beckman.

Perguntado sobre o percentual mais recente de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) nacional, Beckman arriscou: “acho que foi 6,7%”. Na verdade, o crescimento anual da economia está na faixa de 4% – o maior dos últimos seis trimestres.

Sobre a questão das joias que teriam sido vendidas por Bolsonaro, ele disse que o mesmo deveria ter sido cobrado de outros presidentes, que também receberam presentes desse tipo quando ocupavam o cargo. Ele, no entanto, não soube dizer se algum deles teria recebido joias.

Sobre os imóveis adquiridos pelo ex-presidente, Beckman disse que tudo foi comprado com o dinheiro acumulado durante a carreira militar. “Militares ganham muito bem. Acho perfeitamente possível que ele tenha juntado, até pela idade avançada que tem”, argumentou referindo-se à compra de cerca de 100 imóveis atribuída à família de Bolsonaro.

O ato final da manifestação organizada na praça dos Três Poderes foi o simbólico “Abraço pela democracia”, que contou com a presença de diversas autoridades.

*Texto ampliado às 18h18

 

 

Fonte: Agência Brasil

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