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Ibovespa ensaia melhora com Haddad, mas encerra no zero a zero, a 127,7 mil

A melhora pontual decorreu de comentários de Haddad que deram a entender que o pacote de cortes de gastos esteja próximo a ser anunciado, tão logo...

Publicado em

Por Agência Estado

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Com dólar a R$ 5,81 na máxima desta quarta-feira e a curva do DI também refletindo o temor fiscal ante a indefinição pendente sobre os cortes de gastos públicos, o Ibovespa seguia em correção, em terreno negativo em cinco das últimas seis sessões – a única alta do intervalo, anteontem, havia sido de 0,03%, virtual estabilidade. Novas declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, levaram o índice a avançar, ainda que discretamente, na hora final. Mas a leve recuperação foi quase neutralizada no ajuste de fechamento, hoje de novo em alta de 0,03%, aos 127.733,88, após renovar, por volta de 17h, máxima do dia a 128.099,89 pontos (+0,31%).

A melhora pontual decorreu de comentários de Haddad que deram a entender que o pacote de cortes de gastos esteja próximo a ser anunciado, tão logo o presidente Lula autorize a divulgação – nova reunião entre Lula e Haddad ocorreria ainda hoje. O ministro disse também que o valor a ser anunciado será “expressivo” – e que reforçará o conceito de que todas as rubricas devem, na medida do possível, ser incorporadas ao que prevê o arcabouço fiscal.

Na mínima desta quarta-feira, o Ibovespa havia marcado 126.869,37 pontos, saindo de abertura aos 127.698,32. O giro se manteve acima de R$ 20 bilhões, chegando hoje a R$ 52,7 bilhões, muito reforçado pelo vencimento de opções sobre o índice da B3. Na semana, o Ibovespa cai 0,08% e, no mês, cede 1,53%. No ano, recua 4,81%.

As ações de Petrobras, que nas duas sessões anteriores foram decisivas para proporcionar algum suporte ao índice, hoje ajudaram parcialmente, com a ON ainda em alta de 1,04% e a PN, em baixa de 0,14% no fechamento. A ação de maior peso no Ibovespa, Vale ON, que acumula perda de 5,72% na semana e de 7,90% no mês, encerrou um pouco mais acomodada, embora ainda em baixa (-0,28%). O dia foi de sinais divergentes para os grandes bancos, entre -0,54% (Santander Unit) e +0,67% (Bradesco PN). Na ponta ganhadora, destaque para Embraer (+4,73%), LWSA (+3,19%) e Azzas (+2,69%). No lado oposto, IRB (-6,85%), Raízen (-6,42%) e Hapvida (-6,34%).

De uma semana para cá, “o reforço do giro mostra uma diminuição de exposição à Bolsa e o aumento da atratividade da renda fixa, com NTN-B, por exemplo, pagando 6,70%. Há recursos também indo para fora. O cenário é desafiador, e o que prevalece no momento é o ceticismo. A reação da China importante mercado para as commodities do Brasil, quanto a novas medidas de estímulo, deve esperar pela posse do Donald Trump nos Estados Unidos em 20 de janeiro” – para responder no fato, não na expectativa, ao que poderá vir especialmente no terreno comercial, no início do segundo mandato do republicano na Casa Branca, observa Cesar Mikail, gestor de renda variável na Western Asset.

No cenário doméstico, destaca o gestor, é importante continuar a “torcer” pela “resiliência” do ministro da Fazenda no embate no interior do governo para assegurar um nível de cortes de gastos federais que aplaque a desconfiança do mercado com relação a uma trajetória sustentável para o endividamento público. Nesse contexto, a relativa melhora do Ibovespa, em direção à hora final da sessão, coincidiu com as novas declarações do ministro.

Nesta tarde, após reuniões com o presidente Lula e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Haddad disse que não sabe se haverá tempo hábil para o anúncio das medidas nesta semana ou se ficará para a próxima. “Hoje ainda temos uma reunião com o presidente, mas eu não sei se há tempo hábil para anúncio”, afirmou. “Se o presidente autorizar, anunciamos. Mas o mais importante, assim que ele der a autorização, estamos prontos para dar publicidade aos detalhes”, respondeu na portaria da Fazenda quando retornava da reunião com Lira.

“O mercado já tinha precificado bem que o pacote tende a ser algo pontual, não estrutural, que não resolverá uma questão de longo prazo. Para agradar, e haver recuperação dos ativos, teria que vir algo entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões em cortes. Vindo entre R$ 25 bi e R$ 30 bilhões, não vai agradar, mas já existe uma percepção muito ruim incorporada aos preços dos ativos – então a tendência é de ficar como está, sem muita piora adicional”, diz Mikail, da Western Asset.

Ele destaca que o ajuste do Ibovespa não tem sido maior porque alguns papéis da carteira correlacionados ao dólar, como os de Petrobras e os de proteína animal, têm avançado a contrapelo do aumento da aversão ao risco fiscal e externo. Por outro lado, as ações de grandes bancos, varejo, educação e construção civil, sensíveis ao ciclo doméstico, têm sido penalizadas pelos investidores.

“Hoje, em geral, foi mais um dia difícil para os ativos de risco nos emergentes, entre os quais o Brasil. A inflação ao consumidor nos Estados Unidos, divulgada pela manhã, veio em linha com o esperado, tornando-se um não evento. Mas ainda prevalece o ‘Trump trade’, com inclinação na curva de juros, a abertura da curva dos Treasuries: uma situação desafiadora para ativos no mundo como um todo”, diz Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research.

Destaque da agenda macro nesta quarta-feira, o índice de preços ao consumidor (CPI) nos Estados Unidos teve alta de 0,2% em outubro, mesma variação dos três últimos meses – no acumulado em 12 meses, voltou a subir, de 2,4% para 2,6%. “De forma geral, a inflação de outubro veio dentro do esperado, e deve manter o plano de voo da política monetária nos Estados Unidos”, diz Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.

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