Julgamento começa com depoimentos de familiares
Marinete foi uma das sete testemunhas de acusação ouvidas no primeiro dia de julgamento. Os ex-PMs foram denunciados como executores do crime. A vereadora e o...
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Por Agência Estado
“Chegaram a dizer: ‘Foi pouco. Podia ter sido queimada’.” Com a voz embargada, a mãe da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), Marinete Silva, relembrou nesta quarta-feira, 30, em depoimento de cerca de 40 minutos, a execução da filha e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018, aos jurados do 4.º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro. O julgamento dos ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, assassinos confessos de Marielle e Anderson, começou ontem.
Marinete foi uma das sete testemunhas de acusação ouvidas no primeiro dia de julgamento. Os ex-PMs foram denunciados como executores do crime. A vereadora e o motorista foram executados quando voltavam de carro da Tijuca, na zona norte do Rio.
Acusados de serem os mandantes e os mentores do crime, o deputado federal Chiquinho Brazão e seu irmão, Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio, devem ser julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ainda este ano (mais informações nesta página).
Em clima de comoção, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, acompanhou a família no julgamento. Usava, como os familiares, camisas brancas com o nome da vereadora.
Segunda testemunha a depor, Marinete chorou ao ouvir áudios enviados por Marielle antes do crime e cobrou justiça. “Não estou aqui para falar da minha filha como parlamentar. Estou como mãe. Ela lutou muito. Estudou e chegou aonde chegou. Aquilo foi uma barbárie”, afirmou Marinete.
Ronnie Lessa e Élcio Queiroz acompanharam os depoimentos por videoconferência diretamente das unidades onde estão presos. Lessa está na Penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo. Já Élcio está no Centro de Inclusão e Reabilitação, em Brasília.
Antes de Marinete, a assessora parlamentar Fernanda Chaves, única sobrevivente do ataque, falou sobre o dia do crime. “Eu ouvi uma rajada em nossa direção. Em um reflexo, eu me abaixei. Eu me enfiei atrás do banco do Anderson. Ele esboçou dor, falou ‘ai’, mas foi um suspiro. O corpo de Marielle caiu em cima de mim”, relatou, acrescentando que teve de deixar “tudo para trás”.
‘Crueldade’
A viúva de Marielle, Mônica Benício, também ouvida ontem, disse que a execução teve o “requinte de crueldade da surpresa, da dúvida”. A advogada Ágatha Arnaus, viúva de Anderson, declarou que ele se preparava para assumir vaga de mecânico de aviação. “Eu nunca tinha feito nada sem ele. Não consegui processar tudo.”
Anielle diz ter ouvido ‘resposta inusitada’ de PM
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, disse ontem ao podcast O Assunto, do G1, que recebeu uma resposta “inusitada” ao chegar ao local onde a irmã tinha sido assassinada. Anielle relatou ter visto Marielle “para o lado de fora do carro, com o rosto e a cabeça desconfigurados”, e relembrou a reação de um policial militar ao ser questionado se a irmã fora vítima de assalto.
“Recebi uma resposta muito inusitada que, naquele momento, foi um choque de realidade. (O policial disse) ‘Não, não está com cara de ter sido um assalto. Também, ela estava falando mal de um monte de gente no Twitter, inclusive da PM'”, contou a ministra.
Foro
Denunciados como mandantes do crime, Chiquinho Brazão, seu irmão Domingos e o ex-chefe da Polícia Civil Rivaldo Barbosa estão presos. Por causa do foro de Chiquinho, os três serão julgados pelo Supremo. A investigação apontou que a atuação de Marielle contrariava interesses do crime organizado na zona oeste do Rio, o que teria motivado o crime.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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