Bloco de Notas – por Caio Gottlieb
Lula, Ratinho Junior, STF e muito mais......
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Por Caio Gottlieb
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Amigo do peito que Lula nomeou para o Supremo Tribunal Federal, o ministro Flavio Dino não teve dó e nem piedade de escrachar a ineficiência do governo petista no combate às queimadas que devastam principalmente a Amazônia e o Pantanal, classificando-as como uma “autêntica pandemia de incêndios florestais”. Considerando um “absurdo inaceitável” que 60% do território nacional, com o espalhamento da fumaça na atmosfera, está sentindo os efeitos das chamas, com graves riscos para a saúde da população, Dino determinou a convocação imediata de mais bombeiros militares para integrar a Força Nacional e auxiliar a debelar o fogo. Embora configure mais uma intromissão do STF em assunto que, a princípio, não lhe compete, há que se admitir que, desta vez, foi por uma boa ação, diante da paralisia do poder executivo frente à catástrofe. Assistir de camarote a mata se incendiar e jogar a culpa no Bolsonaro era bem mais fácil…
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Agora o ditador Nicolás Maduro ultrapassou todos os limites. Essa ideia de levar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra para produzir alimentos na Venezuela é uma agressão intolerável ao Brasil e uma ofensa pessoal ao presidente Lula, benfeitor histórico da turma. Não podemos abrir mão do inestimável esforço que que o valoroso grupo tem feito para promover a pacificação fundiária no nosso país e de sua notável contribuição para a pujança do agronegócio brasileiro. O pior de tudo é que o MST vai transformar a nação bolivariana em uma potência agrícola mundial, apta a roubar nossos mercados no exterior. Maduro está querendo guerra. O MST é um patrimônio nacional. Ele é nosso e o boi não lambe.
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Presa por suspeita de lavagem de dinheiro, a “influencer” Deolane Bezerra, dona de uma fortuna estimada em mais de 50 milhões de reais, viveu em 2022 o auge de sua notoriedade: além de causar furor no reality show “A Fazenda”, ela realizou o antigo e acalentado sonho de conhecer Lula, seu ídolo confesso, em um encontro promovido durante a campanha eleitoral para render dividendos políticos ao então candidato presidencial. Um ano antes, aliás, a moça já havia revelado num podcast sua admiração pelo petista: “Eu sou nordestina. Ver nordestino votando em Bolsonaro me dá dez ódios de uma vez. Eu sou fã de Lula. Ele é o pai que eu não tive”. Vê-se que ela aprendeu muita coisa com o progenitor adotivo.
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Escolhida para assumir o Ministério dos Direitos Humanos em substituição a Silvio Almeida, demitido sob múltiplas acusações de assédio sexual, a deputada estadual mineira Macaé Evaristo, do PT, ingressa no governo Lula trazendo no currículo a condição de ré na Justiça em processo por superfaturamento na compra de kits de uniformes escolares quando era secretária municipal de Educação de Belo Horizonte, em 2011. Tempos depois, ao chefiar a secretaria de Estado da Educação, entre 2015 e 2018, ela foi acionada judicialmente pela mesma prática, mas fez um acordo com o Ministério Público para encerrar o caso. São apenas dois exemplos da extensa folha corrida da madame, que inclui rolos na gestão da merenda estudantil e na aquisição de móveis escolares, entre muitos outros. Com ficha similar a diversos integrantes da atual administração federal, ela reúne as credenciais indispensáveis para ocupar o cargo.
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Em agosto fez um ano que ficou pronta a Ponte da Integração, a segunda ligação entre o Brasil e o Paraguai sobre o rio Paraná, na região fronteiriça mais movimentada dos dois países. Unindo Foz do Iguaçu à cidade de Presidente Franco, é a mais importante das obras executadas com recursos da usina de Itaipu durante o governo Bolsonaro. Projetada para absorver o tráfego de caminhões que congestiona, alguns quilômetros acima, a velha e boa Ponte da Amizade, visando dar mais celeridade ao intercâmbio comercial e maior dinamismo na economia de ambas as nações, ela segue fechada para o tráfego de veículos e pedestres por atraso na construção das instalações aduaneiras e das vias de acessos nas duas cabeceiras, que devem ser concluídas somente lá pelo final de 2025. Pela “pressa” dos governantes brasileiros e paraguaios em inaugurar a estrutura é de se perguntar se ela era mesmo tão necessária.
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Obedecendo a decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, que descartou as provas do acordo de leniência da Odebrecht firmados na Lava Jato, invalidando, por extensão, todos os procedimentos que dele se originaram, o juiz Guilherme Roman Borges, da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, anulou os acordos de delação premiada e de não persecução penal de Jorge Luiz Brusa e mandou devolver as multas pagas por ele. Apontado pelo Ministério Público como responsável por operações de lavagem de dinheiro, Brusa não chegou a ser denunciado porque confessou o crime em troca do arquivamento da investigação. Mais adiante, se tornou colaborador premiado e revelou mais um punhado de falcatruas em que esteve envolvido. Graças a Toffoli, tudo isso agora foi apagado. E o réu confesso Brusa pegou de volta a bagatela de 25 milhões de reais. É a impunidade fazendo todo dia alguém feliz no Brasil.
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Tido como um dos possíveis candidatos na próxima disputa pelo Palácio do Planalto, o governador Ratinho Junior já bate Lula em três regiões do país, conforme atestam os números da mais recente sondagem do instituto Paraná Pesquisas sobre a corrida eleitoral de 2026, realizada em meados de agosto com 2.026 entrevistas coletadas em 154 municípios. Em um eventual segundo turno entre ele e o atual presidente, o mandatário paranaense, que certamente contaria com Bolsonaro em seu palanque, teria 55,1% dos votos nos três estados do Sul, contra 30,7% do petista, e 39,6% no Norte e Centro-Oeste, contra 39,3 do oponente. No geral, Lula ainda aparece um pouco à frente, com 45,2% das intenções de voto contra 36,4% de Ratinho, mas o desempenho do governador cresceu em relação ao mesmo cenário aplicado pelo instituto em março, quando obteve 35,3%. Vale destacar, ainda no cenário de segundo turno, que, entre os postulantes da direita, Ratinho é o 4º com melhor aproveitamento contra Lula, atrás apenas de Jair Bolsonaro (por enquanto inelegível), da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e do governador Tarcísio de Freitas, que muito provavelmente buscará a reeleição em São Paulo. O fato é que Ratinho, construindo sua candidatura com humildade, serenidade e pés no chão, vai se tornando cada dia mais competitivo. O resto será consequência.
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Levantamento feito pela oposição no Congresso Nacional indica que chegou a 36 o número de senadores que se manifestam a favor do impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Até parlamentares da base governista, como os senadores Alessandro Vieira (MDB-SE), Lucas Barreto (PSD-AP), Vanderlan Cardoso (PSD-GO) e também o vice-líder do governo Lula, Jorge Kajuru (PSD-MG), estão nessa lista. O pedido de impeachment do autoritário magistrado do STF, que está sobre a mesa do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, é assinado por 153 deputados federais e por mais 1,5 milhão de brasileiros. Os senadores, no entanto, não assinam a proposição, pois, caso ela seja levada para apreciação no plenário, eles atuarão como julgadores. Vamos ver se o senador mineiro tem culhão para botar fogo no parquinho.
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Aliás, as acusações que embasam o pedido de impeachment contra o ministro poderiam compor um manual para ensinar as mais diferentes formas de afrontar a Carta Magna da nação. Algumas delas: violação de direitos e garantias constitucionais; desrespeito ao devido processo legal; abuso de poder; prevaricação; uso indevido de instrumentos como a prisão preventiva para utilizar como um mecanismo de coerção; desrespeito a pareceres da Procuradoria-Geral da República (PGR); violação das prerrogativas de advogados; negativa de prisão domiciliar para pessoas com problemas de saúde; violação do princípio da presunção de inocência e violação de direitos políticos de parlamentares. Em qualquer país democrático, regido sob o império da lei, bastaria uma só para destituir um juiz do cargo.
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Uma paróquia paulistana parece não estar mais querendo a presença dos católicos que votam em candidatos de direita. Trata-se da Igreja Nossa Senhora do Carmo, no bairro de Itaquera, que mergulhou de cabeça na campanha eleitoral ao lançar um folheto de missa recheado de sandices em favor do candidato esquerdista Guilherme Boulos. O nome dele não aparece no texto, mas tá implícito quando proclama aos fiéis que “é fundamental derrotar a extrema direita nestas eleições em São Paulo”. Diz um dos trechos mais demagógicos do panfleto: “As próximas eleições municipais nos desafiam a marcar posição entre dois projetos de civilização: privatizações, políticas de morte contra a juventude negra e periférica e aumento das desigualdades. Por outro lado, a luta por justiça, igualdade e construção de uma cidade menos hostil, com moradia e transporte para todos”. Como se vê, os padres também mentem e vendem ilusões. Só Jesus na causa.
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