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Ádana Garigsãnh Bernardo, do segundo ano de Medicina da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) - Ádana ao lado da escultura de Rudemar SchimidtFoto: Victor Hugo Tadioto/Unioeste

Com apoio de política estadual, indígena de Nova Laranjeiras cursa medicina na Unioeste

Ela foi aprovada no Vestibular dos Povos Indígenas, uma política pública implementada pelo Governo do Estado para promover acesso contínuo às sete instituições de ensino superior.......

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Por CGN

Ádana Garigsãnh Bernardo, do segundo ano de Medicina da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) - Ádana ao lado da escultura de Rudemar SchimidtFoto: Victor Hugo Tadioto/Unioeste

“Eu quero ser médica, médica para minha aldeia, médica para meu povo”. As palavras são da indígena kaingang Ádana Garigsãnh Bernardo, do segundo ano de Medicina da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). A jovem de 21 anos que nasceu na Terra Indígena Rio das Cobras, em Nova Laranjeiras, a 126 quilômetros de Cascavel, adora estar no curso mais concorrido entre as universidades brasileiras. “Quando eu era pequena lá na aldeia não imaginava estar aqui. Nem consigo expressar minha emoção com essa virada”.

Ela foi aprovada no Vestibular dos Povos Indígenas, uma política pública implementada pelo Governo do Estado para promover acesso contínuo às sete instituições de ensino superior. “Eu nasci e sempre morei na aldeia. Estudar para mim foi um meio de libertação. Quando vi meu nome na lista de aprovados, explodi de felicidade. Agora vou me dedicar para conseguir terminar o curso e atuar dentro da minha aldeia, atendendo minha gente, meu povo. Quero ser médica para cuidar das suas dificuldades”, diz ela.

Depois de formada, Ádana pretende não só atuar na aldeia, mas também viajar e dialogar com outras comunidades indígenas, promovendo políticas para os povos originários. Ela começou a se inspirar nesse caminho com um trabalho apresentado na I Semana dos Povos Indígenas da Unioeste e do Diretório Central dos Estudantes (DCE). “Ainda sofremos preconceito, mas, ao mesmo tempo, vejo um olhar acolhedor e de carinho. Mudar isso é uma meta de vida. Acredito que isso é uma missão”, complementa, ainda no sotaque da língua nativa.

Durante a semana cultural, ela inclusive trouxe do Rio das Cobras sua mãe Doracilda Korigesânh, de 58 anos, que vende artesanato, para conhecer a universidade. “Eu estudei Pedagogia e acredito que isso inspirou minha filha. Não sei nem como comemorar”, diz a mãe.

Atualmente a Unioeste conta com 35 alunos indígenas matriculados em Cascavel, Francisco Beltrão, Foz do Iguaçu e Marechal Cândido Rondon. Doze indígenas j[á se formaram na universidade, inclusive a médica cirurgiã Myrian Krexy Veloso, também de Rio das Cobras, que foi personagem de uma matéria do Fantástico em 2019. Os acadêmicos indígenas matriculados e com frequência regular recebem atualmente auxílio permanência mensal no valor de R$ 1.125,00.

VESTIBULAR – Criado em 2001, o Vestibular dos Povos Indígenas é uma política pública do Estado do Paraná amparada pela Lei nº 13.134/2001. A iniciativa é coordenada pela Comissão Interinstitucional para Acompanhamento dos Estudantes Indígenas (Cuia), designada pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), com representação das universidades e lideranças de diferentes etnias indígenas.

Em 2023, as universidades totalizavam 295 estudantes que ingressaram pelo Vestibular dos Povos Indígenas matriculados nas universidades estaduais de Londrina (UEL), Maringá (UEM), Ponta Grossa (UEPG), do Oeste do Paraná (Unioeste), do Centro-Oeste (Unicentro), do Norte do Paraná (UENP), do Paraná (Unespar) e Universidade Federal do Paraná. 

O Governo do Paraná ainda oferta bolsas auxílio para estudantes indígenas. Em março deste ano 94 estudantes que recebem o benefício. Os valores das bolsas variam para indígenas que têm filhos e os que não têm, R$1.687,00 e R$1.125,00, respectivamente. Somente nos três meses deste ano a Seti investiu mais de R$ 291 mil com essa forma de auxílio.

POPULAÇÃO INDÍGENA – O Paraná tem 30.460 indígenas autodeclarados, de acordo os dados do Censo 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em comparação com os dados do Censo anterior, de 2010, o Estado registrou um aumento de 14% na população indígena, que era de 26.559. O número representa 0,27% da população total do Paraná, que é de 11.443.208 habitantes. Em 2010, a participação da comunidade indígena na população total do Estado era um pouco menor, em 0,25%.

Dos 399 municípios paranaenses, 178 apresentaram aumento das suas populações indígenas, segundo o Censo de 2022. São 345 cidades com registro de ao menos um indígena autodeclarado – 86% do total. 

O Paraná tem a 14º maior população indígena do País e a segunda maior a região Sul, atrás de Rio Grande do Sul, com 36.096 pessoas (evolução de 6,1% em relação aos 34.001 de 2010), e à frente de Santa Catarina, que tem 21.541 indígenas (aumento de 18,2% em relação aos 18.213 de 2010).

Fonte: AEN

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