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Imagem referente a Justiça suspende licenciamento ambiental de termelétrica em Caçapava

Justiça suspende licenciamento ambiental de termelétrica em Caçapava

A Justiça Federal determinou na tarde desta quarta-feira (31) a suspensão do licenciamento ambiental para construção da Usina Termelétrica São Paulo, em Caçapava (SP). A liminar......

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Por CGN

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Imagem referente a Justiça suspende licenciamento ambiental de termelétrica em Caçapava

A Justiça Federal determinou na tarde desta quarta-feira (31) a suspensão do licenciamento ambiental para construção da Usina Termelétrica São Paulo, em Caçapava (SP). A liminar também cancelou a audiência pública agendada para esta noite. 

O empreendimento é da Termoelétrica São Paulo Geração de Energia Ltda., controlada pela Natural Energia, e que deve ter uma potência de 1.743,8 MW. Como é de praxe nesses casos, o órgão responsável pelo licenciamento ambiental é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). 

A Justiça tomou como base uma ação civil pública do Ministério Público Federal contra o Ibama, em que se questiona a convocação da audiência sem que a empresa apresentasse a certidão atualizada de uso e ocupação do solo, imprescindível para a análise ambiental. Além disso, o Ibama publicou o anúncio da consulta no último dia 15, a apenas duas semanas da data do encontro.

A usina ainda não saiu do papel, mas já preocupa a população de Caçapava, pela falta de diálogo da empresa com os moradores da cidade e pelos impactos socioambientais. 

Luciana explicou que, como o município de Caçapava fica em um vale, o Vale do Paraíba, haverá dificuldade de dispersão dos gases poluentes. “As coisas ficam concentradas nesse vale e se somam. A gente já tem uma concentração muito grande no local. Tem a [Rodovia Presidente] Dutra, que é um corredor pesado, tem muito aerossol, muitos poluentes”, pontuou a pesquisadora, que integra a equipe do Laboratório de Gases de Efeito Estufa do Inpe.

Antes de decidir por Caçapava, a empresa considerou outras duas cidades, Caraguatatuba e Cubatão, famosa pela poluição proveniente das atividades da indústria. Cubatão chegou a ser conhecida mundialmente como Vale da Morte e símbolo da recuperação ambiental. 

O segundo problema, segundo a pesquisadora, são os danos à saúde da população, o que pode ser classificado de “desastre”. O terceiro seria o uso de água para fazer a usina operar, o que, conforme Luciana observou, poderia destruir a forma de subsistência de pequenos agricultores e ocasionar escassez, uma vez que a água já tem faltado na cidade. 

“Eles colocam que vão pegar água do subsolo. Nós já temos propriedades rurais em dificuldade de produção por falta de água”, disse.

Segundo a especialista, o Brasil estará na contramão do mundo ao adotar certas práticas que produzem gases. “O desafio colocado hoje para a humanidade é reduzir a emissão de gases de efeito estufa, principalmente de fósseis. Oitenta e nove por cento dos aumentos vêm do uso de combustíveis fósseis. O maior desafio é fazer a transição para a energia renovável. Só falar gás natural engana. É gás natural fóssil. O Brasil faz o movimento contrário. É inadmissível. O governo Lula foi eleito dizendo que o Brasil seria exemplo no mundo”, afirmou.

De acordo com um dos documentos tornados público pela companhia, a expectativa é que sejam criados 2 mil postos de trabalho, aspecto destacado nos relatórios como uma vantagem propiciada pela obra. A fase com maior abertura de vagas ocorreria “entre o 24º e o 28º mês”, e as oportunidades também favoreceriam “trabalhadores locais, muitos já especializados pela indústria existente na região”. 

O município de Caçapava tem, atualmente, uma população de pouco mais de 96 mil pessoas, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Moradora de São José dos Campos, município vizinho de Caçapava, a publicitária Mariane Sanefuji reclama, como outros integrantes da Frente Ambientalista do Vale do Paraíba Paulista (Famvap), da falta de transparência no processo envolvendo a usina. Ela disse que o grupo e a população souberam da definição de Caçapava somente no segundo semestre do ano passado. 

Os militantes apontam também que houve demora na liberação de informações sobre o empreendimento no site do Ibama. “A gente esperou praticamente 1 ano. Olhava com frequência a plataforma do Ibama. O estudo foi disponibilizado na metade de dezembro, muito próximo das férias. E, junto com a disponibilização do estudo, [o Ibama] iniciou uma divulgação muito nebulosa da audiência pública. Não teve divulgação institucional, foi um encaminhar de mensagens de WhatsApp”, disse, esclarecendo que esse encaminhamento dificultou a mobilização.Ele revelou que já conseguiram realizar uma audiência no Congresso Nacional. “No início de janeiro, a gente começou a se organizar”.

Mariana avalia, ainda, que o número significativo de vagas de trabalho que seriam abertas compreende apenas o período de construção e que, na realidade, seriam bem menos. “Vão ser 40 postos de trabalho para um projeto que pode ser a maior termelétrica do Brasil e com grande potencial de poluição”, alerta. 

Na região de Caçapava, há duas unidades de conservação, a Área de Proteção Ambiental da Serra do Palmital e o Refúgio da Vida Silvestre da Mata da Represa, ambas validadas no Sistema Nacional das Unidades de Conservação.

Fonte: Agência Brasil

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