Falta de diagnósticos para Alzheimer preocupa especialistas
O relatório encomendado pelo Ministério da Saúde - e coordenado pela professora Cleusa Ferrim da Universidade Federal de São Paulo - deve apontar, por exemplo, que ......
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Por CGN
Dados do 1º Relatório Nacional de Demências – a serem publicados até o fim de 2023 – devem mostrar uma situação preocupante para a saúde pública no Brasil. A quantidade de pessoas não diagnosticadas com a Doença de Alzheimer deve estar na faixa de 75% a 95%, dependendo da região brasileira, segundo adiantou à Agência Brasil a médica e pesquisadora Claudia Suemoto, da Universidade de São Paulo (USP).
O relatório encomendado pelo Ministério da Saúde – e coordenado pela professora Cleusa Ferrim da Universidade Federal de São Paulo – deve apontar, por exemplo, que o número de pessoas com a doença pode estar na faixa dos 2,4 milhões. A doença é conhecida pela perda progressiva de memória, entre outras consequências. A incidência é majoritariamente entre pessoas idosas.
Maior fator de risco
Especialistas apontam que há um consenso de que, dentre os fatores de risco para a doença, há um deles que não é propriamente da área de saúde: a baixa educação.
“Esse é um fator modificável para os quadros demenciais (como é a doença de Alzheimer). Se a gente melhorar a qualidade da educação, por exemplo, do povo brasileiro, a gente vai diminuir os risco para demência. Inclusive esse é o fator de risco mais importante no Brasil”, afirma a professora Claudia Suemoto.
O professor Einstein de Camargos, da UnB, entende que esse dado é extremamente importante porque mostra que a maior prevenção não está dentro da área da saúde em si. A escolaridade pode ser transformadora para a saúde em diferentes sentidos. E nesse caso é orgânico.
Os médicos explicam que a resistência aos efeitos do adoecimento devem estar relacionados à reserva cognitiva que uma pessoa tem. “Se a pessoa teve uma maior estimulação cognitiva durante a vida, vai ter uma ‘poupança’ maior, com grande número de neurônios”, afirma a professora
Resistência
O que se observa no cérebro de pessoas que desenvolveram a doença de Alzheimer é o acúmulo de proteína beta-amilóides. Quanto maior a “força” cerebral mais resistência haverá contra a presença da proteína. Camargos elenca que essa resistência está, além do aumento da escolaridade, na redução do tabagismo, no controle do diabetes e da pressão arterial.
É, então, boa notícia que são fatores de risco modificáveis na vida do indivíduo e da sociedade. Claudia Suemoto aponta que se estima que 48% dos casos são relacionados a fatores de início de vida (baixa escolaridade), da meia idade (hipertensão arterial, perda auditiva, traumatismo craniano, obesidade e consumo excessivo de álcool) e da terceira idade (diabetes, tabagismo, depressão, isolamento social, poluição ambiental e falta da atividade física).
“São todos fatores simples, mas bastante prevalentes. Se a gente modificasse a frequência deles na população, a gente estaria prevenindo demência, com certeza”, diz a professora. Uma boa notícia é que as melhores condições de vida diminuem os casos novos.
“Só que atualmente a gente consegue medir proteínas depositadas no cérebro e que são associadas a doença de Alzheimer”. Foi o médico Alois Alzheimer quem descreveu a doença no início do século 20, identificando lesões cerebrais.
Antes, porém, não era possível medir essas proteínas com pessoas vivas. Atualmente já é possível medir essas proteínas no liquor (o líquido que envolve o cérebro). Mas, para fazer o exame era preciso um procedimento muito invasivo. Hoje, o exame se tornou mais acessível com auxílio da medicina nuclear.
Remédios
A médica Claudia Suemoto entende que há também alguma evolução nos medicamentos. “Hoje em dia, a gente já tem três drogas que limpam essa proteína beta-amilóide com resultados promissores. Limpam essas proteínas em pessoas com a doença mais leve. Então, a gente está tentando entender quais são os efeitos a longo prazo”, avalia Claudia.
Ela contextualiza que existe efeito colateral nessas drogas que precisam ser avaliados. “É tudo muito novo, mas finalmente a gente tem uma medicação que parece mexer no mecanismo da doença”, opina.
Einstein de Camargos avalia que os medicamentos ainda saem muito caros e estão longe ainda da aplicabilidade.
Procura por ajuda
Os médicos explicam que queixas de memória são sintomas mais conhecidos relacionados à doença. Lembranças do presente, fatos importantes do passado, nomes de pessoas tornam-se desconhecidos para quem tem a doença. Mas é possível identificar como possíveis sintomas também pela perda de planejamento e confusão mental.
Sono e atividade física
Especialistas concordam ainda que existem medidas de prevenção fundamentais para evitar a doença, e passam também por necessidade de repousar. “Quem dorme menos de seis horas por noite aumenta o risco em 35% de ter demência. Pesquisas dos últimos 10 anos mostraram que dormir bem faz o cérebro limpar as toxinas do dia”, revela.
E quando se está acordado, é importante atividade física. Pesquisadores da Universidade de Brasília estão desenvolvendo um estudo detalhado para apontar a influência do exercício físico nesse sistema de limpeza cerebral. “Eu vou usar um termo simples. Precisamos encontrar os garis do cérebro que precisam trabalhar melhor e com mais condições. Assim, a gente vai ter uma redução dessa doença”, finaliza.
Fonte: Agência Brasil
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