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Imagem referente a Oposição a direitos de domésticas tem origem em cultura escravocrata
© Fenatrad/Divulgaçāo

Oposição a direitos de domésticas tem origem em cultura escravocrata

Na avaliação dos participantes da audiência, as dificuldades para a aceitação das mudanças previstas na legislação decorrem da cultura escravocrata que ainda persiste no Brasil.......

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Por CGN

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Imagem referente a Oposição a direitos de domésticas tem origem em cultura escravocrata
© Fenatrad/Divulgaçāo

Na avaliação dos participantes da audiência, as dificuldades para a aceitação das mudanças previstas na legislação decorrem da cultura escravocrata que ainda persiste no Brasil.

Com dados da Previdência Social, Avelino disse que, em julho de 2015, cerca de 1,19 milhão de empregadores recolheram a contribuição para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) de suas empregadas com carteira assinada. “Em dezembro de 2019, esse número aumentou para 1,58 milhão de empregadores [recolhendo o eSocial]. Ou seja, foram 390 mil a mais”, disse.

Com a vacinação, já se identifica, segundo ele, uma recuperação desses números. “Hoje há déficit, comparado à pré-pandemia de 2019, de 500 mil postos de trabalho. Mas repito, não foi nem lei nem PEC os responsáveis por isso”, reafirmou o presidente do Instituto Doméstica Legal.

Avelino alertou para os casos de empregadas que temem assinar carteira por medo de perderem o direito ao Bolsa Família. “Falta uma política de esclarecimento de que isso não necessariamente procede, uma vez que o programa considera a renda per capita da família”, disse.

“Entre as mulheres, geralmente são meninas pegas para serem criadas pela família, aos 8, 10 ou 12 anos de idade. Muitas são retiradas da escola, ou seja, são vítimas de evasão escolar e sofrem prejuízo para a formação”, disse ao associar, como uma das principais causas do trabalho escravo, a vulnerabilidade das vítimas.

Essas meninas, em razão de prejuízo escolar, “são submetidas a trabalho análogo ao escravo, a subemprego ou a trabalhos informais, além de longas jornadas de trabalho, a maus tratos, violências física e psicológica, assédios moral e sexual”, acrescentou.

No caso dos homens vítimas desse tipo de exploração, ele disse que a maior parte dos casos ocorre no campo, em geral afetando idosos ou pessoas com deficiência. “Em comum, entre vítimas mulheres e homens, o fato de não recebem remuneração ou remuneração ínfima, sem a mínima condição digna de vida”.

“Há muitos casos de vítimas permanentes, ao longo de toda a vida, tendo suas vidas roubadas desde a infância. Vira a coisificação do ser humano, tratados como meros objetos daquela família, sem qualquer direito”, disse.

“Precisamos, antes de qualquer coisa, educar a sociedade a respeitar esses direitos”, disse a auditora ao lembrar também dos casos de trabalho análogo à escravidão, flagrados em vinícolas do Rio Grande do Sul. Segundo ela, em geral, o observado é que “as empresas terceirizadas são as que mais fazem uso de trabalho em condições análogas à escravidão”.

Políticas públicas

Ainda segundo a auditora-fiscal, o Brasil precisa criar políticas voltadas a resgatar empregadas domésticas após uma vida de servidão à família que a criou. “A gente não tem política para o pós-resgate. É impossível o Estado brasileiro achar que basta retirar uma trabalhadora de uma família para a qual foi entregue, desampará-la e oferecer apenas três parcelas de seguro-desemprego. Isso é cruel”, disse.

“Não podemos tentar corrigir uma violência com outra violência. Nós defendemos, e vamos enviar uma proposta de benefício de prestação continuado, para que essa trabalhadora resgatada tenha um salário”, disse a representante do Sinait. A proposta recebeu, de imediato, apoio de parlamentares.

“Precisamos também de políticas públicas de assistência integral às vítimas, com oferecimento de moradia, alimentação no pós-resgate e assistência psicológica, uma vez que essas vítimas sofrem dependência econômica e psicológica muito grande da família exploradora, e têm dificuldades para deixar aquela situação”, acrescentou.

O procurador defendeu, ainda, assistência médica e odontológica; assessoria jurídica e educacional às vítimas, “de forma a recompor o déficit educacional sofrido”, bem como assessoramento financeiro, porque muitos não têm noção de como gerir o próprio dinheiro.

“Nos tempos atuais, é necessário também assessoramento para inclusão digital”, completou.

“Se não tivéssemos persistido, ela não teria saído”, disse.

Samara lembrou ainda que integrantes do governo Jair Bolsonaro estavam entre os contrários à concessão de direitos às empregadas domésticas. “Teve inclusive a fala do ministro da Economia [Paulo Guedes], que achava absurdo a ida de empregadas domésticas à Disney. Sofremos demais porque sabíamos que havia algo ali querendo tirar nossos direitos conquistados”, disse.

Fonte: Agência Brasil

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