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Bloco de Notas – por Caio Gottlieb

Não há fronteiras para o espírito empreendedor. Um dos casos mais inusitados de sucesso de brasileiros no exterior atende pelos nomes de Vanessa Oliveira e Ricardo Rosa....

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Por Caio Gottlieb

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Folheando a Veja desta semana deparei-me com a realidade nua e crua dos dias em que vivemos. Em 90 páginas, nenhum anúncio. Nenhum. Sem publicidade, a mais tradicional revista semanal de informação do país mantém viva sua versão impressa por mero capricho do banqueiro que se tornou dono do título ao adquirir, poucos anos atrás, a falida editora Abril, fundadora da publicação. Com reduzida quantidade de exemplares em circulação, ela não desperta mais o interesse dos anunciantes. E a imprensa, enfim, vai se consolidando cada vez mais no meio digital, onde a própria Veja também já está presente. Não há o que lamentar. Os tempos são outros.

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As mulheres brasileiras não poderiam ter sido tão ricamente homenageadas neste mês em que são celebradas em todo o mundo. Uma delas passou a liderar o clube das pessoas mais endinheiradas do país face a uma mudança nos critérios utilizados pela revista Forbes para elaborar a lista, que agora soma o patrimônio familiar. Pela nova regra, Vicky Safra, viúva de Joseph Safra, falecido em 2020, e os quatro filhos do casal, encabeçam o ranking com a fortuna herdada do banqueiro, estimada em pouco mais de 16 bilhões. De dólares.

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Não há fronteiras para o espírito empreendedor. Um dos casos mais inusitados de sucesso de brasileiros no exterior atende pelos nomes de Vanessa Oliveira e Ricardo Rosa. A história começa em 2013, quando o casal, que estava em Nova York fazendo um intercâmbio, quis presentear uma amiga com as clássicas coxinhas de frango, que eles imaginavam encontrar em algum restaurante tupiniquim de Manhattan. Como não acharam, buscaram então uma receita no YouTube, produziram o quitute no melhor estilo caseiro, levaram pra festa e fizeram a felicidade dos convidados. Os elogios viraram sugestões de negócio, incentivando-os a vender a iguaria em larga escala. Dez anos depois, a Petisco Brazuca, empresa criada pela dupla, atende gigantes como Google, Nike e Amazon e fatura 2 milhões de dólares por ano, com portfólio que inclui também croquetes, pão de queijo, pastel, churros e brigadeiro. Mais um exemplo de que ninguém deve desistir dos seus sonhos. Ou de suas cozinhas.

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Recordar é viver: nos dois primeiros mandatos de Lula, o MST realizou mais de 200 ocupações de terra por ano. Durante o governo Bolsonaro, que cortou todo tipo de auxílio que o grupo até então recebia dos cofres públicos, não chegou a 4. Mas, como era esperado, a volta do PT ao poder encorajou a retomada das ações do movimento. No entanto, ao menos em São Paulo, daqui pra frente a coisa será diferente. Ex-integrante do MST, agora liderando uma facção criminosa concorrente, o famoso meliante José Rainha, que há décadas aterroriza a região do Pontal do Paranapanema, foi preso há poucos dias sob a acusação de extorquir agricultores para não invadir suas fazendas. E o governador Tarcísio de Freitas já mandou avisar que não hesitará em mandar a PM cumprir todos os mandados de reintegração de posse que forem determinados pela Justiça. O estado não vai tolerar qualquer afronta ao direito de propriedade. Como é bom ouvir isso.

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“Estamos diante de um ato de corrupção estatal que, como tal, atenta contra a legitimidade das instituições públicas, ameaça a sociedade, a ordem moral e a justiça, assim como o desenvolvimento integral dos povos.” O trecho faz parte da sentença, agora liberada para a imprensa pelo Tribunal Federal da Argentina, que em dezembro condenou a ex-presidente Cristina Kirchner a 6 anos de prisão por crimes cometidos quando ela e o marido, morto em 2010, revezaram-se no comando da nação. O casal foi acusado de favorecer um empresário em dezenas de licitações de obras públicas que resultaram em desvios bilionários de verbas governamentais. Em que pese o escândalo ser amplamente conhecido no país, com provas sobejas das falcatruas, os argentinos, em 2019, fizeram o C, elegendo-a vice-presidente da República na chapa peronista encabeçada por Alberto Fernández, cargo que a impede de ir para a cadeia. Mais adiante, certamente haverá de surgir uma chicana jurídica manipulada por magistrados amigos para “descondená-la.” Impunidade de políticos poderosos não é privilégio do Brasil.

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Após dois anos de suspensão devido à pandemia da Covid-19, Roberto Carlos voltou a se apresentar no cruzeiro “Emoções em Alto Mar”, turnê de shows já tradicional que ele faz a bordo de um transatlântico de luxo navegando pelo litoral brasileiro. De bem com a vida, o maior cantor do país recebeu a imprensa no navio em entrevista coletiva onde anunciou que entrará brevemente em estúdio para gravar um disco em espanhol. Roberto disse ainda que está compondo bastante, “inspirado pelo amor.” Questionado se está namorando, o rei respondeu que sim, mas que não iria revelar o nome da escolhida. Prestes a completar (em 19 de abril) 82 anos, Roberto está, como ele próprio diria nos tempos da Jovem Guarda, uma brasa, mora?

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Presidentes e seus presentes… Só para refrescar a memória de muitos por aí que estão fazendo um carnaval em torno das joias que o reino da Arábia Saudita enviou para agraciar Bolsonaro e Michele: ao fiscalizar, entre 2016 e 2019, os mimos recebidos pela Presidência da República de 2003 a 2016, o Tribunal de Contas da União descobriu que Lula se apropriou de 434 dos 568 objetos dados ao Brasil por chefes de Estado estrangeiros durante seus dois primeiros mandatos. Já a ex-presidente Dilma Rousseff, por sua vez, dos 144 itens com que foi presenteada, tomou para si 117, seis dos quais nunca foram encontrados. Do montante de presentes levado por Lula quando deixou o Palácio do Planalto, o órgão conseguiu reaver 360. Outros 74 permanecem sumidos. Consta que o petista ainda tenta reaver algumas das obras confiscadas. Quem atira a primeira pedra?

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Em editorial demolidor, o jornal O Estado de S. Paulo não deixou pedra sobre pedra ao criticar duramente uma resolução “eivada de ressentimentos e mentiras” divulgada pelo PT em mais uma tentativa de esconder seus pecados e reescrever a história com narrativas ficcionais e cínicas. “Quem lê aquele documento”, escreve o Estadão, “sai com a nítida impressão de que o Brasil tem uma dívida praticamente impagável com os petistas, sobretudo com a sra. Dilma Rousseff e com o presidente Lula da Silva.” O texto primoroso observa que o PT vive em um “universo paralelo” ao sustentar a tese segundo a qual antes do processo de destituição da petista o Brasil vivia paz social e prosperidade econômica. “O partido, nessa visão mendaz da história, teria sido vítima de ‘falsas denúncias’ de corrupção à época dos escândalos do mensalão e do petrolão”, exemplificou o jornal. “Petistas fanáticos jamais aceitariam o fato, de resto incontestável, de que o impeachment de Dilma foi conduzido estritamente segundo a Constituição — salvo quando, em seu desfecho, preservou os direitos políticos de Dilma em vez de cassá-los, numa maracutaia típica daqueles tempos esquisitos”, constatou o Estadão. “Os fiéis da seita lulopetista igualmente ofendem-se quando se demonstram os inúmeros crimes de corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro cometidos pela patota.” Por fim, o Estadão diz que os “ressentimentos de Lula da Silva e a sede de vingança que parece animar as lideranças petistas são genuínos ou nada mais que tática para manter a militância mobilizada a despeito de certas decisões impopulares que o governo logo terá de tomar. O fato é que não é assim que se governa um país.” De minha parte, digo apenas que é um editorial que merece ser colocado em um quadro e pendurado na parede como registro factual de uma tragédia anunciada.

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Morreu de morte matada a Frente Ampla espertamente criada por Lula para retomar o poder por meio da cooptação de antigos adversários seduzindo-os com a falsa promessa de fazer um governo compartilhado. Como promessas políticas foram feitas para não serem cumpridas, o PT rasgou o compromisso e praticamente governa sozinho ao abocanhar os principais postos da administração e dar aos aliados de ocasião cargos esvaziados e desimportantes. Todos, todas e “todes” caíram no conto do bilhete premiado. Pouco mais de dois meses depois de tomar posse, Lula já perdeu o apoio da maioria dos nomes de relevo da chamada terceira via, ou balaio de gatos, que apostaram nele para derrotar Bolsonaro. É grande a desilusão e maior ainda o arrependimento de quem fez o L apenas por birra do jeitão de um presidente que algumas vezes pecava por ser sincero, falando o que não devia e sendo pouco educado em suas declarações. Que não venham agora reclamar. Não foi por falta de aviso.

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Sem esconder a frustração com os rumos do Palácio do Planalto, o ex-senador Tasso Jereissati, um dos fiadores da aliança que ajudou a eleger o petista, diz estar surpreso com o tom agressivo das manifestações de Lula e a linha radical de política econômica defendida por ele e sua equipe. Político experiente, profundo conhecedor do modus operandi do PT, o tucano cearense devia estar é envergonhado por fazer papel de bobo e acreditar que o amor ia vencer. Seja como for, Tasso definiu com exatidão o homem destemperado e raivoso que está na presidência da república: “Não veio um Lula Mandela, veio um Lula anti-Bolsonaro.”

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