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Bloco de Notas – por Caio Gottlieb

Se foi ou não um ato falho, ainda não se sabe. A verdade é que, encorajados pela abertura que o governo Lula está dando para a...

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Por Caio Gottlieb

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Se foi ou não um ato falho, ainda não se sabe. A verdade é que, encorajados pela abertura que o governo Lula está dando para a interferência estrangeira nas questões ambientais do Brasil, a pretexto de colaboração internacional para reduzir o suposto aquecimento global que estaria ameaçando o planeta, os Estados Unidos e a Europa já começam a ameaçar a soberania nacional sobre a Amazônia. A recente visita ao país do assessor especial do governo norte-americano para o clima, John Kerry, deixou isso bem claro. Em reunião com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ele declarou que “esse tesouro extraordinário pertence a todos nós.” A todos nós quem, cara-pálida?

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Trecho emblemático do discurso que Lucas Ghellere proferiu na última sexta-feira (3) na cerimônia em que foi empossado na presidência da Coordenadoria das Associações Comerciais e Empresariais do Oeste do Paraná: “É um firme desejo de nosso coração que nós e as futuras gerações possamos viver em um país onde a liberdade de expressão não seja relativizada; onde a atividade jurisdicional não seja de ocasião; onde a opinião continue sendo um direito, e não um tipo penal; onde o sagrado direito à propriedade privada seja objeto da mais intensa defesa; onde a máquina estatal seja uma estrutura enxuta e que auxilie o crescimento do país, em vez de ser um insuportável fardo sobre as costas dos cidadãos contribuintes.” Obviamente, o Brasil, neste momento, é a exata antítese da nação descrita e sonhada por ele.

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Escolhido pelo Partido Colorado, principal força política do país, para concorrer às eleições presidenciais marcadas para abril no Paraguai, o senador Santiago Peña interrompeu suas férias em Florianópolis para visitar o Show Rural, vindo e voltando no avião do empresário cascavelense Valdinei Silva, de quem é amigo pessoal. Herdeiro de tradicional família da elite de Assunção, Peña é um economista bem-sucedido na iniciativa privada e também na administração pública, onde destacou-se na direção do Banco Central e à frente do Ministério da Fazenda. Aos 44 anos de idade, ele é franco-favorito para vencer a disputa.

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Depois da seca devastadora de 2022, agora deu tudo certo. As colheitadeiras estão tirando das lavouras uma supersafra histórica que vai consolidar o Brasil na posição de maior produtor de soja do mundo. É grão que não acaba mais. Nem mesmo as chuvas intensas e intermitentes ocorridas justamente no período crítico da colheita em algumas das principais áreas de plantio do país, como é o caso de Cascavel, causaram grandes prejuízos. Para completar a alegria dos agricultores, os índices de produtividade estão formidáveis. O agrônomo Modesto Daga diz que a maioria de seus clientes vem registrando, em média, mais de 220 sacas por alqueire. “A região nunca viu tanta soja na vida”, celebra Daga, deixando a modéstia de lado – com o perdão do inevitável trocadilho.

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Uma forte candidata ao Oscar de frase mais idiota e preconceituosa do ano é a declaração de Lula culpando os gordinhos pela falta de comida no prato dos brasileiros mais pobres. Para a vergonha dos eleitores que tiveram a coragem de fazer o L, o presidente ungido pelas urnas eletrônicas afirmou que “se tem alguém passando fome no Brasil é porque tem gente comendo mais do que deveria.” Tivesse sido Bolsonaro a pronunciar tal asneira, ele seria imediatamente xingado de “gordofóbico” pela grande mídia, que, no entanto, cúmplice da trama que devolveu o Palácio do Planalto à quadrilha do Petrolão, faz ouvidos moucos para os absurdos propalados pelo petista. Sobra, de resto, a constatação de que Lula, pelas bobagens que vem dizendo e fazendo, “dilmou” de vez.

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Vão subir de quatro para seis os deputados federais com domicílio eleitoral no Oeste do Paraná. Acaba de reforçar o grupo o iguaçuense Luciano Alves, convocado para assumir a cadeira de Sandro Alex, que retorna ao comando da Secretaria de Estado da Infraestrutura e Logística. O quadro se completará assim que Enio Verri for oficializado na direção da Itaipu, quando será substituído pelo toledano Elton Welter. Os demais integrantes da bancada são Dilceu Sperafico, igualmente de Toledo, Fernando Giacobo e Vermelho, também de Foz do Iguaçu, e o cascavelense Nelsinho Padovani. É o mesmo número, por sinal, de deputados estaduais vinculados à região. São eles: Marcio Pacheco, Gugu Bueno, Batatinha e Professor Lemos, de Cascavel; Marcelo Micheletto, de Assis Chateaubriand; e Matheus Vermelho, de Foz. Aliás, Pacheco e Gugu terão liderança destacada na Assembleia Legislativa por terem sido escolhidos, respectivamente, para presidir a Comissão de Finanças e Tributação e a Comissão de Obras, Transporte e Comunicação.

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As recentes movimentações ocorridas nos principais postos de comando do Exército em todo o país não trouxeram mudanças na 15ª Brigada de Infantaria Mecanizada. O general Marcos Américo Vieira Pessôa, que está à frente da corporação desde agosto de 2021, já foi informado que permanecerá mais um tempo em Cascavel, notícia que o deixou imensamente feliz pelo grande rol de amigos que fez na cidade. Além disso, é uma distinção na carreira comandar uma unidade de elite como a 15ª BIMz, encarregada de desenvolver a doutrina operacional do blindado Guarani, primeiro carro de combate anfíbio com tecnologia genuinamente nacional.

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Ele destinou dinheiro público para asfaltar uma estrada bem na frente de uma de suas fazendas. Ele usou um jato da Força Aérea para comparecer a um leilão de cavalos de raça em São Paulo, durante um fim de semana. Ele ocultou mais de 2 milhões de reais do seu patrimônio na declaração apresentada à Justiça Eleitoral para concorrer ao pleito de 2022. Apenas uma dessas denúncias, todas comprovadas, bastaria para que qualquer governo minimamente sério demitisse o tal Juscelino Filho do Ministério das Comunicações, o que não é, obviamente, o caso do governo do PT. Refém de acordos nada republicanos para tentar construir uma base de apoio no Congresso Nacional, Lula teve que engolir a seco o sapo maranhense. Além do mais, sejamos francos: que autoridade moral tem o atual presidente para exigir conduta ilibada e ficha limpa de seus auxiliares ou de quem quer que seja?

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E a Itaipu acaba de quitar o carnê. Teve direito a cerimônia oficial, com pompa e circunstância, o ato de pagamento da última parcela, no valor de 115 milhões de dólares, do empréstimo que a empresa formada pelos governos brasileiro e paraguaio contraiu principalmente junto a bancos internacionais para construir a hidrelétrica, que hoje ocupa a posição de segunda maior do mundo. A dívida total para conclusão da obra, paga no decorrer de quase quatro décadas, foi de US$ 63,3 bilhões. O término do compromisso, que acontece exatos 50 anos após a assinatura do tratado que permitiu o aproveitamento energético do Rio Paraná, propiciará uma sobra anual de 2 bilhões de dólares no caixa da binacional, a serem divididos meio a meio entre os dois sócios. Nos últimos quatro anos, por determinação expressa do presidente Bolsonaro, os recursos livres que cabiam ao Brasil financiaram grandes obras de infraestrutura no Paraná, o que nem de longe se viu ao longo das gestões petistas, que agora voltam ao comando da usina. Espera-se que façam bom uso da dinheirama que terão disponível. Em benefício do interesse público, bem entendido.

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Sábado, 25 de fevereiro. Participando de um evento do MST no norte do Paraná, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, grande produtor rural no Mato Grosso, rasgou elogios aos anfitriões, dizendo em alto e bom som que o “movimento é legítimo, que sonha com a terra e por isso é vítima de preconceito no país.” Dois dias depois, milhares de militantes da facção do grupo criminoso na Bahia invadiram três fazendas de cultivo de eucalipto da empresa de papel e celulose Suzano, das quais já se retiraram por ordem judicial. Nesta segunda-feira, em discurso na abertura de uma exposição agropecuária no Rio Grande do Sul, o ministro, finalmente, se redimiu de sua ingênua avaliação sobre o MST, criticando duramente a ocupação de propriedades privadas, afirmando que os invasores serão punidos de acordo com a lei e que o governo federal não vai compactuar com a invasão de terras produtivas. Era o mínimo que precisávamos ouvir dele. Esperamos que os fatos futuros não o desmintam.

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Celebrou-se no dia 1º de março o centenário da morte de Ruy Barbosa, reconhecido, unanimemente, como o maior brasileiro de todos os tempos por suas insofismáveis qualidades de jurista, advogado, político, diplomata, escritor, filólogo, jornalista, tradutor e orador. Tributo-lhe minhas homenagens relembrando duas de suas mais célebres citações, que dizem muito sobre o Brasil de hoje:

“A pior ditadura é a ditadura do Poder Judiciário. Contra ela, não há a quem recorrer.”

“De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”

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