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Uma Guerra ao fundo e amizades que se rompem, na Irlanda de ‘Os Banshees’

Farrell e Gleeson estão indicados nas categorias de ator e ator coadjuvante, com Barry Keoghan sendo concorrente de Gleeson, e Kerry Condon na categoria de atriz...

Publicado em

Por Agência Estado

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Foi Martin McDonagh o responsável por tornar amigos Colin Farrell e Brendan Gleeson, na preparação de Na Mira do Chefe (2008), a estreia do dramaturgo na direção de filmes. Logo de cara, ele concorreu ao Oscar de roteiro original. McDonagh repetiu o feito com seu terceiro longa, Três Anúncios para um Crime (2017), e agora, com Os Banshees de Inisherin, que disputa um total de nove estatuetas e estreia no Brasil nesta quinta-feira, 2.

Farrell e Gleeson estão indicados nas categorias de ator e ator coadjuvante, com Barry Keoghan sendo concorrente de Gleeson, e Kerry Condon na categoria de atriz coadjuvante. Os atores costumam ir bem nos filmes de McDonagh: Frances McDormand ganhou seu terceiro Oscar como atriz e Sam Rockwell foi o melhor coadjuvante por Três Anúncios.

Mas a amizade com Gleeson foi motivo de preocupação para Farrell. “Fiquei um pouco nervoso pensando que ele teria necessidade de ficar mais distante”, disse o ator irlandês em entrevista à imprensa. Mas não foi necessário, mesmo que os dois interpretem amigos que rompem a amizade. Na verdade, é ainda mais complicado. Padráic Súilleabháin (Colin Farrell) e Colm Doherty (Brendan Gleeson) moram em uma ilha com quase nenhuma opção de lazer e relacionamentos. São inseparáveis, veem-se todos os dias no pub.

Fim de amizade

Um dia, porém, Padráic passa na casa de Colm para irem juntos, como sempre, e é ignorado. Pressionado, Colm afirma simplesmente que não quer mais ser amigo de Padráic e que deseja dedicar-se à música. “Claro que é estranho e um tanto absurdo, mas para mim o que acontece no filme é lógico”, ponderou Martin McDonagh em entrevista com a participação do Estadão, durante o Festival de Veneza, de onde Farrell saiu com a Coppa Volpi de interpretação masculina. Padráic não aceita que Colm não queira mais ser seu amigo. E as coisas vão escalando inacreditavelmente. “É lógico, porque desde o primeiro momento Colm deixa claro o que vai acontecer. Ele tenta de tudo para evitar. Mas Padráic não aceita.”

Outros tentam intervir, da irmã de Padráic, Siobhán Súilleabháin (Kerry Condon), a Dominic Kearney (Barry Keoghan), um rapaz problemático que tem momentos de lucidez.

A estrutura de Os Banshees de Inisherin – “banshees” são espíritos que trazem a notícia de morte, e Inisherin é um lugar fictício, significando “ilha da Irlanda” – não nega as origens teatrais de McDonagh. “Eu gosto de diálogo, de personagens interessantes. Mas amo cinema”, disse McDonagh, que concorre ao Oscar de direção e roteiro original, além de melhor filme. “Então tenho a chance de combinar as coisas bacanas de uma peça – diálogos, personagens, história, reviravoltas. Mas com uma paisagem cinematográfica.”

Martin McDonagh nasceu e foi criado em Londres, mas é filho de irlandeses. Suas peças e filmes costumam se passar lá – a exceção é Três Anúncios para um Crime, uma história americana que se passa em Missouri e foi rodada na Carolina do Norte. Aqui, ele foi à costa oeste da Irlanda, mais precisamente às ilhas Achill e Inishmore. Ele já tinha situado três de suas peças nas Ilhas de Aran, mas Inisherin é um lugar inventado. A casa de Colm foi construída em Achill, e a de Padráic, em Inishmore. “Não queria fazer um filme no estúdio. Queria que fosse possível ver a Irlanda dentro e fora das casas, quase como nas obras de John Ford”, contou o diretor.

Filme de época

Os Banshees de Inisherin também é seu primeiro filme de época, passa-se em 1923, na segunda metade da Guerra Civil Irlandesa. É possível ouvir os canhões ao longe, mas de alguma forma a guerra também está ali naquele lugar remoto. “Eu quis usar essa ruptura entre esses dois homens como metáfora para o que estava acontecendo”, disse McDonagh.

A Guerra Civil Irlandesa seguiu-se à Guerra da Independência Irlandesa, que criou um Estado independente do Reino Unido. “É engraçado porque muita gente vê um paralelo com a Guerra da Ucrânia, mas para mim é mais interessante que haja esse perigo maior rondando, que espelha a história principal.”

Para Farrell, o longa traz algo comovente em meio à loucura. “O material de Martin tem graça, mas algo de anárquico também”, diz o ator. “Nós nos identificamos porque não estamos contando apenas a história dessas pessoas em uma ilha. Estamos contando a história de seres humanos e fazendo indagações sobre temas de lealdade e amizade, de separação e solidão, de tristeza, morte, dor e violência.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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