O homem que amava pequenas vidas

E ele era de um otimismo incorrigível, sempre sorrindo, sempre pronto a uma palavra amiga. Começou no documentário, com Favelas, Velhice. Obteve reconhecimento com Criaturas Que...

Publicado em

Por Agência Estado

Há tempos Chico Teixeira vinha lutando contra o câncer de pulmão. Seguia trabalhando – o projeto de um novo filme. A doença derrotou-o. Chico morreu na quinta, 12, aos 61 anos. Carioca, fez poucos filmes, mas bastaram para colocá-lo no rol dos melhores diretores de sua geração.

E ele era de um otimismo incorrigível, sempre sorrindo, sempre pronto a uma palavra amiga. Começou no documentário, com Favelas, Velhice. Obteve reconhecimento com Criaturas Que Nasciam em Segredo e Carrego Comigo. Como ficcionista, realizou A Casa de Alice e Ausência. O documentário traçou um caminho – comprometimento com a realidade social e humana, um gosto pelo diferente. Criaturas aborda o mundo dos anões, procurando despi-los do folclore que tece tantas fantasias a seu respeito. Carrego é sobre gêmeos, e como eles também podem ser especiais, unidos por características comuns, mesmo quando separados.

Na ficção, Chico encontrou não apenas o tema da família, mas também o seu gosto pelo trabalho com as atrizes. A Casa de Alice passou no Panorama do Festival de Berlim, em 2007. Uma manicure, mãe de três filhos. Uma família disfuncional – o marido a trai, ela sai com outros homens, os filhos levam vidas ocultas.

Em Ausência, o ângulo é o do filho, um garoto que trabalha na feira e se sente responsável pela família, após o abandono pelo pai. Serginho/Matheus Fagundes tem 14 anos e fica dividido entre a namorada e a atração por um homem mais velho, o professor vivido por Irandhir Santos. Talvez busque nele um substituto para o pai, o homem maduro percebe as implicações afetivas e sexuais, assusta-se. Se tudo isso já é complicado, mais complicada ainda é a história com a mãe, uma alcoólatra.

Chico amava as pequenas vidas, os solitários, os amorosos não correspondidos. Escrevia o roteiro, dirigia, montava. Dizia que cada etapa tinha seu encanto e suas dificuldades, mas o melhor de tudo era o trabalho com atores e atrizes. Nisso era excepcionalmente bom.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Google News

Whatsapp CGN 3015-0366 - Canal direto com nossa redação

Envie sua solicitação que uma equipe nossa irá atender você.


Participe do nosso grupo no Whatsapp

ou

Participe do nosso canal no Telegram

Veja Mais
Sair da versão mobile