Presidente do Cori diz que Corinthians ‘não é da torcida’ em defesa por impeachment de Melo

“Eu não posso falar, o voto é secreto. Eu não estou falando em transparência, quem falava em transparência era a diretoria anterior, aliás, a R&T (Renovação...

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Por Agência Estado

O adiamento da votação do impeachment do presidente do Corinthians, Augusto Melo, por preocupações com segurança, não tornou mais ameno o clima da política corintiana. Ainda que tenha dito que o voto é secreto e não iria revelá-lo, o presidente do Conselho de Orientação do clube, Miguel Marques e Silva, deixou explícito que defende a cassação do mandato de Melo.

“Eu não posso falar, o voto é secreto. Eu não estou falando em transparência, quem falava em transparência era a diretoria anterior, aliás, a R&T (Renovação & Transparência, de Duílio Monteiro Alves), né? O clube não é da torcida, o clube é dos associados. Somos representantes dos associados, não do torcedor”, argumentou Miguel Marques, em entrevista ao programa Esporte em Debate, da Rádio Bandeirantes. O conselheiro é desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo.

A fala vem depois de o CORI apresentar um relatório que defende o impeachment de Augusto Melo. A falta de transparência e a não apresentação de documentos são os principais temas que fundamentam a recomendação por, segundo o CORI, gestão temerária.

São destacados motivos para “quebra de confiança”, como “notícias de ‘aparição’ de R$ 220 milhões não provisionados no balanço, entre outras notícias inverídicas” e “mau entendimento relativo à antecipação de R$ 150 milhões em direito de arena”. Ainda conforme o CORI, a gestão não apresentou documentos necessários para a validação de contas, e os enviados constavam com “falta de assinatura, composição de saldo e até mesmo justificativas de contratação”.

Em entrevista à TNT Sports, na quinta-feira, Augusto Melo garantiu que tem toda a documentação necessária para refutar o que foi exposto pelo CORI no relatório. “Temos documento de tudo, vamos pedir uma reunião ao Cori e entender por que aconteceu isso. Pedi o relatório desde segunda-feira e foi entregue ontem (quarta-feira) à noite, porque disseram que estavam fazendo algumas correções”, disse o presidente, que lamentou que não teve acesso prévio ao relatório e foi informado pela imprensa.

DIRETOR JURÍDICO DEFENDE PRESIDENTE
Também em entrevista à Radio Bandeirantes, o diretor jurídico do Corinthians, Vinicius Cascone, argumentou por um ponto de vista diferente de Miguel Marques. Para Cascone, criou-se uma confusão intencional sobre o que o Cori avaliou e o processo de impeachment de Melo.

“Primeira coisa que tem que deixar muito claro: estão confundindo muito as coisas. A votação de segunda-feira não tem nada a ver com o relatório do Cori, todo esse turbilhão. Estão utilizando politicamente o relatório para tumultuar o ambiente da votação de segunda-feira. Essa é a grande verdade”, disparou.

Cascone ressalva que isso não quer dizer que o relatório deva ser invalidado. Ele defende que isso seja visto separadamente, já que a votação do impeachment se restringe à situação que levou o rompimento do Corinthians com a VaideBet.

Na época, a Polícia Civil descobriu que a empresa intermediária entre patrocinadora e clube repassava valores a outro CNPJ, que funcionava como laranja para lavagem de dinheiro. O inquérito continua em andamento, e Augusto Melo afirma não ter conhecimento sobre o esquema. A investigação trata o Corinthians como possível vítima no caso.

“A acusação se baseia em trechos do inquérito. O direito defesa do Augusto Melo fica restringido neste aspecto, porque, se ele não teve acesso a esse inquérito, ele não sabe se os depoimentos são verdadeiros, ele não sabe o que aconteceu do intermediário para frente, e ele sequer tinha conhecimento da situação de pagamento de comissão”, argumenta Cascone, que concluiu: “A comissão foi estabelecida no contrato, e o presidente Augusto Melo nem consegue acompanhar como são feitos os pagamentos do Corinthians.”

Ainda conforme Cascone, não há prova neste caso que possa levar à cassação do mandato. “O que deveria ser feito era acolher o parecer da Comissão de Ética, para resguardar o direito de defesa do presidente”, diz. O diretor jurídico sugeriu que, após ser concedido acesso ao inquérito, Augusto Melo possa se pronunciar sobre a situação, com pleno direito à defesa.

A votação do impeachment de Augusto Melo será na segunda-feira, no Parque São Jorge.

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